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O conflito entre Israel e Palestina

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Publicado segunda-feira, 09 de outubro de 2023 às 05:10 h | Atualizado em 09/10/2023, 19:46 | Autor: Claudio André de Souza*
Imagem ilustrativa da imagem O conflito entre Israel e Palestina
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O conflito entre Israel e Palestina representa um cenário complexo projetado em décadas de tensão e disputas. A escalada do conflito remonta ao início do século XX, quando a Palestina era parte do Império Otomano (Albânia, Chipre, Iêmen, Iraque, Qatar, Sérvia, também foram parcial ou totalmente incorporados aos otomanos). Incentivado pela conjuntura de antissemitismo sofrido pelos judeus na Europa, no início do século XX ganhou força o movimento sionista de defesa de um Estado para os judeus.

Após a Primeira Guerra Mundial e a queda do Império Otomano, o Mandato Britânico foi estabelecido na Palestina. A partir daí, as tensões entre a população árabe local e os imigrantes judeus cresceram. No entanto, a catástrofe do Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial consolidou a tese da necessidade de um estado judeu, culminando na partilha da Palestina pela ONU em 1947. A criação do Estado de Israel em 1948 levou a uma guerra com estados árabes vizinhos, resultando em um processo sócio-histórico de resistência palestina.

De lá para cá, a resistência palestina assumiu várias formas, incluindo protestos pacíficos, greves, ações armadas e articulações no âmbito da diplomacia internacional. Grupos como o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina têm adotado táticas de resistência armada, enquanto outros palestinos e organizações buscam ações não violentas e exigem mudanças no status quo.

Os palestinos possuem divisões internas, em especial, entre o Fatah, que controla a Autoridade Palestina, e o Hamas, que governa a Faixa de Gaza. A questão do status de Jerusalém, o direito ao retorno dos refugiados palestinos e a segurança continuam sendo questões centrais para estes grupos, algo que justificou a contraofensiva à repressão israelense, que se intensificou desde a última eleição do atual primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, sustentada por uma coalizão de extrema-direita.

Como um trunfo, o líder político israelense enxerga em uma guerra a oportunidade de aumento do seu poder através de uma resposta ainda mais violenta aos ataques do Hamas realizados nos últimos dias, tudo isso diante de mudanças geopolíticas em torno do “novo oriente médio” (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos, Sudão) e um pragmatismo político e econômico que, segundo o Hamas e outros grupos islâmicos, aproxima estes países de Israel e põe em segundo plano a criação de um Estado palestino.

Com o Brasil presidindo momentaneamente o Conselho de Segurança da ONU, temos a chance histórica de liderar nos próximos dias a comunidade internacional em torno do reconhecimento da legitimidade do povo palestino e da existência atual do Estado de Israel. São princípios inevitáveis do debate se quisermos a paz como valor universal.

*Cláudio André de Souza é Professor Adjunto de Ciência Política da Unilab e um dos organizadores do “Dicionário das Eleições”. E-mail: [email protected].

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