O perfil das candidaturas a vereador em 2024
Confira a análise feita pelo colunista Cláudio André
O conceito de ambição política funciona como uma dimensão analítica que contribui para entender a carreira na perspectiva de interesse dos políticos, ou seja, quais são as estratégias eleitorais mediadas pelos partidos com o intuito de conquistar votos, mas também de se preparar para conquistar um cargo de maior relevância na eleição seguinte.
A base da carreira política no Brasil são os vereadores. Cada parlamentar é eleito pelo voto popular para um mandato de quatro anos e tem a função de legislar, fiscalizar e representar a sociedade. Como se fosse no futebol, a carreira política municipal é a “divisão de base”, já que os políticos ascendem do cargo de vereador para ocuparem secretarias, prefeituras ou mesmo a disputa de cargos em nível estadual e nacional, em especial, quando se trata do Poder Legislativo nas capitais e grandes cidades brasileiras.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tivemos nas eleições de 2020 na Bahia 41.599 pedidos de registro de candidatura, sendo que 38.839 (93,37%) foram para o cargo de vereador, uma média de 8,39 candidaturas por vaga. A desigualdade de gênero ainda é marcante, pois, as mulheres foram somente 33,98% das candidaturas a vereador na Bahia. A situação foi ainda mais alarmante na disputa eleitoral para ocupar prefeituras: somente 14,71% das candidaturas a prefeito foram de mulheres.
Em relação aos 4.630 vereadores eleitos na Bahia em 2020, 87% eram homens e 13% mulheres, ou seja, quanto menos candidaturas há ainda menos chance de as mulheres serem eleitas para os legislativos municipais. Tivemos 31% dos vereadores eleitos com a faixa etária entre 18 e 39 anos, um momento de socialização e início da carreira política para estes jovens, o que não deixa de ser uma renovação de lideranças. Em 2020, 27% dos vereadores eleitos possuía ensino superior completo ou incompleto e 46% ensino médio completo ou incompleto. Uma hipótese inicial a se considerar é que a melhoria na formação educacional dos nossos parlamentares pode elevar a qualidade da produção legislativa e da representação política, mas algo que depende de pesquisas futuras.
O fim das coligações proporcionais a partir de 2020 foi fundamental para reduzir a fragmentação partidária, além do que, induz a preferência do voto a uma escolha eminentemente partidária, pois, cada voto passou a ser totalizado para candidatos do mesmo partido ou federação.
Esta nova regra eleva a necessidade de os partidos projetarem com cuidado o máximo de votos a receber e qual o perfil de candidaturas apresentarão à sociedade. Uma tendência das próximas eleições é o aumento de protagonismo de candidaturas femininas e, em especial na Bahia, candidatos e candidatas que se mobilizarão contra o racismo estrutural.
*Cláudio André de Souza é Professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB). E-mail: [email protected].