O Senado vale ouro
Entenda a corrida para a Casa Alta

A eleição de 2026, testará consequentemente o “efeito emenda”. A partir de 2020, os parlamentares nunca tiveram tanto dinheiro em mãos, algo próximo de R$ 117 bilhões. As cifras que estão sob poder dos parlamentares saltaram de R$ 25 bilhões em 2022 para R$ 44 bilhões em emendas no orçamento de 2024.
No projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026, prevê-se R$ 40 milhões em emendas individuais, o que torna os parlamentares “governadores” na relação com os municípios e na gestão de recursos para os macroterritórios, redesenhando o planejamento das políticas públicas a curto e médio prazo.
Obviamente, que a carreira de deputado federal passou a ser mais cobiçada entre os partidos e lideranças, mas isso também ocorre no tocante às vagas em disputa ao Senado Federal. Trata-se de uma casa legislativa estratégica na decisão de vários temas, assim como atribui uma grande estabilidade com a conquista de oito anos de mandato, o que permite concorrer a outros cargos sem perder o vínculo.
Há outro aspecto importante: a eleição de 2026 testará a sobrevivência de lideranças que renovaram e polarizaram a disputa na eleição de 2018, quando foram disputadas 2/3 das vagas ao Senado.
O teste de como ficam os bolsonaristas será impactado diretamente pela chegada de ao menos sete governadores que desejam concorrer a uma das vagas: Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro; Gladson Cameli (PP), do Acre; Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do Sul; Helder Barbalho (MDB), do Pará; Mauro Mendes (União), de Mato Grosso; e Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo.
O governador do Paraná Ratinho Júnior (PSD) é pré-candidato à presidente, mas se especula que diante de uma desistência ele fique mesmo na chapa ao Senado.
O desenho de competição política do Senado ainda seguirá sob a lógica da polarização e por ser vista como a “casa dos governadores”, aliás, é o que sustenta a indicação do ministro da Casa Civil Rui Costa (PT) em compor a chapa petista na Bahia, o que contemplaria a orientação do presidente Lula (PT) em reforçar o Senado com lideranças mais alinhadas aos petistas e o ex-governador se reposicionaria com mandato de olho no seu futuro político.
No caso da Bahia, o conflito com o atual senador Ângelo Coronel (PSD) que deseja se candidatar à reeleição está longe do fim, mas a resolução será tomada em nível nacional, ou seja, o presidente Lula vai negociar diretamente a maioria dos palanques nos estados. A Bahia caminha para ser o primeiro da lista de prioridades.
Em linhas gerais, os mandatos de deputado e senador valem ouro e estão em disputa em todos os grupos políticos. São novos tempos onde o Legislativo ganha fôlego institucional em uma espécie de “semipresidencialismo de coalizão”.
*Professor adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRB. E-mail: [email protected].
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
