Os jovens na política baiana
Confira a coluna Conjuntura Política desta segunda
De maneira geral, uma boa parte do início das carreiras políticas perpassa a atuação dos jovens na mobilização de candidaturas a vereador, como uma espécie de “divisão de base” voltada a testar a ascensão de novas lideranças no âmbito da representação eleitoral.
Isso explica a diversificação social buscada pelos partidos no recrutamento de novas lideranças que buscam se candidatar a uma vaga no Legislativo municipal como porta de entrada em uma carreira “híbrida”, isto é, aquela que está na política, mas também disponível nos municípios para atuar de uma forma mais ampliada na vida pública.
Durante décadas de pesquisas sobre o tema, o cientista político André Marenco (UFRGS) confirmou que o fenômeno da profissionalização da atividade política resulta da previsibilidade nas oportunidades para a carreira política, permitindo que os aspirantes possam se dedicar precocemente às instituições, consagrando desde cedo sua vida aos afazeres públicos. Vale destacar que a baixa representação jovem pode indicar desafios significativos, como a dificuldade de acessar recursos para campanhas eleitorais, menor visibilidade em comparação com candidatos mais experientes, e a necessidade de conciliar campanhas políticas com estudos ou início de carreiras profissionais.
Um caminho importante de socialização dos jovens ocorre por meio das instituições ambientadas na sociedade civil como igrejas, movimentos sociais, entidades estudantis e demais espaços políticos, os quais submetem os jovens a algum tipo de organização, algo característico na política brasileira. Outro caminho que se põe como um “atalho” no sucesso da carreira política é o capital familiar – quando os pais e familiares transferem capital político em busca do sucesso eleitoral – algo que tem sido relevante na projeção das carreiras em nível local e nacional.
Em 2020, 3,03% das candidaturas a vereador foram de jovens de 18 a 24 anos e 15,30% de jovens de 25 a 34 anos. No total, foram 18,33% de candidaturas oriundas de carreiras políticas jovens. Em 2024, foram registradas ao total 13,73% de candidaturas de jovens dos 18 aos 34 anos. Os dados de candidaturas a prefeito em 2020 mostra que 5,63% foram de jovens de 21 a 34 anos. Já em 2024, são 12,77%.
A diminuição geral de candidatos segue uma tendência nacional, sendo que na Bahia a queda foi de 17,72% na quantidade de candidatos para todos os cargos, refletindo uma adaptação dos partidos a regra que pôs fim às coligações proporcionais, além do impacto de criação das federações partidárias.
Além do desafio de aumentar a quantidade de jovens lançando candidaturas, será fundamental que possamos intensificar o debate de propostas e novas políticas públicas que impactem a juventude em cada município brasileiro.
*Professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB) – [email protected]