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Abertura de novos cursos de Medicina preocupa a classe

Hoje exige-se mais do que talento para ensino, uma formação sólida em mestrado e doutorado

Publicado sábado, 11 de novembro de 2023 às 05:30 h | Atualizado em 11/11/2023, 07:24 | Autor: Elane Varjão | Jornalista | [email protected]
Raymundo Paraná, professor Titular de Gastro-Hepatologia da UFBA e médico hepatologista
Raymundo Paraná, professor Titular de Gastro-Hepatologia da UFBA e médico hepatologista -

O crescimento vertiginoso de instituições de ensino médicas no país tem preocupado setores da classe. Recentemente, a Associação Bahiana de Medicina - ABM divulgou uma nota de repúdio sobre os riscos da abertura indiscriminada de cursos de Medicina no Brasil. Em teoria, pacientes podem ser expostos a profissionais com formação profissional insuficiente, sendo necessária uma análise incisiva sobre o caso. Para falar sobre este tema, o professor Titular de Gastro-Hepatologia da UFBA, médico hepatologista Raymundo Paraná, que recebeu recentemente a Comenda 02 de Julho, traz reflexões importantes sobre o contexto.

O Ministério da Saúde chancelou a abertura de novos cursos. Qual a sua opinião?

A chancela de novos cursos médicos está a cargo do Ministério da Educação. O Brasil tem cursos médicos em demasiado sem estrutura para avaliar a qualidade dos egressos. É possível que algumas dessas escolas sejam boas, mas é possível que novas propostas tragam opções melhores. Devemos ter escolas que não têm condição de funcionamento, mas escolas de má qualidade não podem impedir novos projetos que tenham qualidade. Por isso, precisamos de avaliação das escolas e dos alunos egressos.

O que falta na formação médica de Instituições não confiáveis?

Falta um diagnóstico claro da qualidade dos cursos. A situação no Brasil é tão grave que se nós fizéssemos um teste para os médicos brasileiros egressos, seria possível prever grande reprovação. Nenhum país seria capaz de formar tantos professores, tantos campos de prática, para tantas escolas, em tão pouco tempo. É óbvio que o número de Escolas Médicas não se acompanhou de infraestrutura, nem de formação de professores, tampouco em campos de prática adequados.

A abertura desenfreada desqualificou o Ensino Médico?

Difícil é formar professores tão rapidamente para uma demanda tão grande de Escolas Médicas. A maioria nem Hospital Escola tem. Utilizam equipamentos públicos terceirizados e compartilhados com outras instituições. Não sabemos se a Preceptoria dos alunos está adequada, se o acolhimento e a orientação expressam tutoria de fato.

Qual a sua avaliação em relação à formação de professores?

Professores devem ter uma formação. Há aqueles que têm talento para o ensino, mas hoje exige-se muito mais, pois há necessidade de formação pedagógica. É necessário que ele tenha uma formação sólida e que, preferencialmente, tenha Mestrado e Doutorado, porque aí se consolida a sua capacidade Acadêmica. Os cursos de mestrado e doutorado no Brasil não cresceram em oferta de vagas para atender a esta demanda. A conta não fecha, o que permite supor o garimpo de profissionais no mercado para serem professores sem avaliação e habilidades acadêmicas adequadas.

Destaques

Curso de Imersão em Cardiologia

A 2ª edição do Curso de Imersão em Cardiologia, sob coordenação e curadoria do Prof. Dr. Gilson Feitosa, acontecerá nos dias 24 e 25 de novembro, no Centro de Convenções de Salvador. O encontro permitirá um aprofundamento nos estudos de temas de maior relevância clínica e científica com palestrantes de grande expressão nacional. “Nós somos extremamente privilegiados em termos a possibilidade de conviver com essa lenda da cardiologia, o professor Feitosa, que é o responsável pela formação da maioria dos cardiologistas da Bahia, ressalta o presidente da SBC-BA, Joberto Sena.

Novembro Azul

46% dos homens acima dos 40 anos só vão ao médico quando apresentam algum sintoma ou problema de saúde notável, evidencia uma nova pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). De acordo com a pesquisa, o câncer de próstata é apontado como a principal preocupação em relação às doenças urológicas, com 58% das respostas. Logo em seguida, a impotência sexual é mencionada por 37% dos entrevistados. O câncer de próstata figura como o segundo mais comum entre os homens no Brasil, ficando atrás somente do câncer de pele não melanoma.

Técnica inovadora

O hospital Portugês foi escolhido pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) para apresentar técnica de Enucleação de Próstata a Laser, no dia 17 de novembro. A nova técnica para tratamento de hiperplasia prostática benigna (HPB) será apresentada com o moderno equipamento Thulium Fiber Dust. O curso será coordenado pelo médico urologista do HP, Paulo Furtado, em parceria com Luís Henrique Araújo (Pernambuco) e os médicos pioneiros nesta técnica no Brasil, Edson Slongo (Paraná) e Thiago Hota (Paraná).

Condecoração

O Deputado Federal Léo Prates (PDT) foi condecorado com a Medalha Thomé de Souza, na última quinta-feira (9). A mais alta honraria da Casa Legislativa foi proposta pelo vereador Cláudio Tinoco, através de um projeto aprovado no ano passado. Além do destaque no combate à pandemia, o projeto também justificou merecimento por toda contribuição de Prates à cidade ao longo dos seus mais de 20 anos de vida pública.

Mortes por Pneumonia

Dados da Secretaria de Saúde do Estado Bahia (Sesab) mostram que 2.309 baianos morreram em decorrência da pneumonia até julho deste ano. A doença é a principal causa de morte em crianças de até 5 anos de idade. De acordo com a pneumologista Larissa Voss, “a pneumonia pode ser provocada tanto pela bactéria, como por vírus, fungos ou pela inalação de produtos tóxicos. A tosse é um dos sinais mais comuns da doença. A pneumonia costuma evoluir rapidamente, pois é uma condição aguda. Em poucas horas da infecção, os sintomas começam a atingir o paciente”, explica.

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