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Direito e Tributos

Por Robson Sant´Ana, advogado tributarista

ACERVO DA COLUNA
Publicado sexta-feira, 05 de julho de 2024 às 5:00 h • Atualizada em 12/07/2024 às 11:57 | Autor: Robson Sant´Ana, advogado tributarista

A reforma tributária de 2023: Vai reduzir a carga tributária no Brasil?

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Imagem ilustrativa da imagem A reforma tributária de 2023: Vai reduzir a carga tributária no Brasil?
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A reforma tributária aprovada em dezembro de 2023 tem gerado muita expectativa e dúvidas entre empresários e contribuintes brasileiros. A grande questão é se essa reforma vai realmente reduzir a carga tributária no país. Para compreendermos melhor, é essencial analisar o contexto internacional e as especificidades do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual aprovado.

Os países que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) possuem um IVA cuja incidência média é de 19%. Entretanto, no Brasil, já se discute que a alíquota do novo IVA pode variar entre 27% e 30%. Se essas previsões se confirmarem, o Brasil poderá ter uma das maiores alíquotas de IVA do mundo. Essa diferença substancial levanta preocupações sobre a competitividade das empresas brasileiras no mercado global e o impacto sobre o consumidor final.

O IVA dual aprovado na reforma tributária consiste na implementação de dois tributos principais: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). A ideia é simplificar o sistema tributário, consolidando diversos tributos em um modelo mais uniforme. No entanto, a efetiva execução desse modelo dependerá da regulamentação pela Lei Complementar, que ainda precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional. Somente após a instituição dessa lei teremos uma visão mais clara sobre como o IVA dual incidirá no sistema tributário brasileiro e seu impacto real sobre a carga tributária.

Enquanto aguardamos essa regulamentação, é importante destacar que a proposta da reforma inclui alíquotas diferenciadas para diferentes atividades econômicas. Profissionais liberais regulamentados, como advogados e médicos, terão uma redução de 30% do IVA. Serviços de educação, saúde, insumos agropecuários, produção artística e cultural terão uma redução de 60%. Já a cesta básica, produtos hortícolas e serviços prestados por Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs) sem fins lucrativos poderão usufruir de uma redução de 100% do IVA. Dispositivos médicos e equipamentos de acessibilidade também poderão ter uma incidência reduzida em até 100%, promovendo inclusão e bem-estar.

No entanto, essas reduções e isenções fiscais para determinados setores econômicos podem impactar significativamente a carga tributária global no Brasil. Quando há uma redução de tributos para um setor específico, a carga tributária sobre outros setores deve aumentar para compensar essa perda de receita. A quantidade de isenções e reduções previstas para o IVA dual no Brasil pode, portanto, gerar distorções e levar a uma alta incidência de IVA em outros setores econômicos.

Em termos de competitividade internacional, a alta alíquota do IVA no Brasil pode representar um desafio significativo. Países com alíquotas menores podem ter um ambiente mais atrativo para investimentos, o que torna crucial a avaliação cuidadosa das novas regras.

Dessa forma, a reforma tributária de 2023 é um passo importante para a modernização do sistema fiscal brasileiro. No entanto, a real redução da carga tributária ainda é incerta e dependerá da regulamentação detalhada do IVA dual. Empresas e contribuintes devem acompanhar de perto o desenvolvimento dessa regulamentação e estar preparados para ajustar suas estratégias fiscais e financeiras conforme as novas regras forem implementadas.

A análise cuidadosa dessas mudanças será crucial para entender seu impacto no desempenho e na saúde financeira das empresas brasileiras. Somente assim será possível tomar decisões informadas e aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas pela nova legislação tributária.

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