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Caldeirão de aço - Deserto de alegria

Publicado quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022 às 06:00 h | Autor: Leandro Silva | Jornalista | [email protected]
Rodallega, jogo após jogo, tem se destacado com gols, quase sempre lindos, e com uma postura que honra
Rodallega, jogo após jogo, tem se destacado com gols, quase sempre lindos, e com uma postura que honra -

O confronto de hoje contra o Sampaio Corrêa, pela Copa do Nordeste, será apenas o segundo do Bahia na temporada contra um futuro adversário na Série B. Outro teste muito importante para a competição mais importante do ano para o Tricolor. No primeiro, contra o CSA, um empate. Mas seja contra equipes de divisões inferiores ou de série superior, no caso exclusivo do Fortaleza, no jogo passado, o time não vem dando muitos motivos para otimismo. Na Copa do Nordeste, o Bahia segue na zona de classificação, mas o desempenho, com menos de 50% de aproveitamento, é desanimador e preocupante. E no domingo, o time precisa vencer o Juazeirense, de qualquer jeito, para tentar diminuir um pouco os riscos de ficar fora ainda na primeira fase no Baiano.   

Em meio a esse deserto de alegria para a torcida tricolor, tem alguém que inegavelmente anda destoando e dando motivos de felicidade. Hugo Rodallega, jogo após jogo, tem se destacado com gols, quase sempre lindos, e com uma postura que honra a história do clube que ele está defendendo. Curioso que um colombiano, que provavelmente tinha muito pouco conhecimento do Bahia, consiga transparecer um comportamento digno de elogio por parte da torcida, mais até do que muitos brasileiros do elenco. 

Gilberto tem uma grande história no clube, com muitos gols, e muito torcedor deve sentir a maior saudade do antigo camisa 9. Mas hoje é até difícil tentar relacionar a saída do centroavante com o mau momento na temporada, porque o substituto dele está voando. E já estava no clube. A pressão certamente seria maior caso alguém chegasse nessa temporada com essa dura missão de substituir o atacante. 

A maior parte das contratações feitas pela atual gestão nos últimos tempos é digna de críticas, mas de vez em quando há alguns acertos, que até fogem da obviedade, como a contratação do colombiano ainda na temporada passada. O medo disso, dado o histórico recente com alguns outros acertos pontuais de contratações, como Ramírez e Conti, é que o Bahia não consiga, ou entenda que não é necessário, mantê-lo. Logo em breve o contrato do atacante se encerra e uma saída dele representaria um baque muito pesado para o Tricolor. O anúncio da renovação com ele, se não resolveria os problemas do Esquadrão, ajudaria aliviar um pouco a bronca.  

Voltando a falar sobre raça, não gosto de bater na tecla de falta de entrega, porque não duvido da vontade ou do profissionalismo dos atletas. Seria até leviano. E, inclusive, vejo diversas atitudes individuais que levariam a contrariar essa ideia. O problema é que parece haver algo generalizado, meio que institucionalizado no clube há algumas temporadas. A apatia, que poderia até ser exaltada como tranquilidade, caso os resultados fossem positivos, traz somente irritação e desgosto quando o desempenho do time vai mal. 

Elogiei na semana passada a entrega vista no empate contra o CSA, quando com um a menos durante quase todo o segundo tempo, e atrás do placar, o time conseguiu arrancar o empate. Considerei até como prova de evolução. Mas será que foi alarme falso? A atuação da equipe na primeira etapa do jogo seguinte, contra o Fortaleza, voltou a irritar. Depois do intervalo, o time melhorou, diminuiu e achei até que estava perto de um empate, mas pagou caro pelos primeiros 45 minutos e ainda levou o terceiro perto do final. Se quiser defender o título da Copa do Nordeste, chegando ao penta, o Esquadrão precisará fazer frente a equipes que estão em uma condição inequivocamente melhor, como Fortaleza e Ceará. E voltar a se impor contra os outros times de divisão, momento ou história inferiores ao Tricolor.  

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