Caldeirão de aço - Jejum incômodo
O resultado do Ba-Vi incomoda. Nem tanto pela projeção de futuro da temporada, já que o trabalho ainda está no começo e foi apenas o terceiro jogo do ano com a equipe principal. Pela classificação do Baiano, teve a vantagem de manter o Vitória fora do grupo de classificados para a segunda fase e se manter dentro, agora com seis pontos.
O problema é que o clube já deixou seis pontos pelo caminho em quatro rodadas, já que teve dois empates com o time alternativo nas duas primeiras rodadas, contando agora com apenas 50% de aproveitamento. Mas o que incomoda mesmo é o fato de que desde 2019, o Vitória está sempre uma divisão abaixo do Bahia e, mesmo com superioridade técnica e orçamentária, o Esquadrão segue com dificuldade para vencer os clássicos. Já são sete nesse período com apenas um triunfo, com o time de transição de 2020, também pelo estadual.
O pior é que antes disso, com os dois clubes na mesma divisão, com suposta igualdade de condições, entre 2017 e 2018, o Bahia vinha de 10 Ba-vis consecutivos sem perder, com seis triunfos e quatro empates. A invencibilidade tricolor chegou a 12 clássicos, somando com os dois de 2019, que terminaram empatados.
Felizmente, não identifiquei qualquer tipo de soberba ou descaso com o clássico de ontem. O resultado positivo não veio por outros motivos, mas em vários momentos desde 2019 o Tricolor parece ter pecado justamente por não entrar no conhecido clima de Ba-vi. Esse era o único confronto contra o rival garantido no ano. Se tiver novos clássicos em partidas eliminatórias, que o Bahia consiga acabar com esse jejum incômodo, fazendo valer a superioridade em campo, sem soberba.
Sobre o jogo, foi aquele tipo de empate que faz com que as duas torcidas acabem se lamentando e achando que poderiam ter comemorado um resultado positivo. Mas ainda há espaço para o pensamento de que poderia ter sido pior. Não acho que o Bahia merecia perder, mas poderia ter perdido não fosse o pênalti desperdiçado pelo rival. Por outro lado, o gol incrível que Marco Antônio perdeu ficou martelando a nossa mente desde o início.
Pelo menos Rodallega, a principal novidade na escalação, já que as outras duas eram apenas os retornos de Jonathan e Gustavo Henrique, fez a sua parte e conseguiu igualar o marcador, ao empurrar para o gol no rebote da finalização de Ronaldo, que acertou a trave. O colombiano ainda protagonizou alguns lances fora da curva, animando para o restante da temporada. Que se confirme a declaração dada por Bellintani de que tudo caminha bem para que ele renove até o final do ano.
Ele já fez o segundo gol em dois jogos no ano. O primeiro, contra o Campinense, no triunfo de 3 a 1, pela Copa do Nordeste, também foi muito importante, pois depois de muito tempo o torcedor do Bahia pôde voltar a comemorar um gol de falta. O Esquadrão já teve grandes cobradores em sua história, como Uéslei, Lima, Marcelo Ramos, Pereira, Talisca, Jean Elias e tantos outros, mas desde a saída de Arthur Caíke, o time vivia uma carência nessa especialidade. .
Um raro acerto nas contratações do ano passado e que pode ajudar na volta para a Série A. Infelizmente, a diretoria tricolor, que é bastante criticada, de maneira justa, pelos erros nas contratações passadas, não tem conseguido, ou tem escolhido não fazer, aproveitar algumas apostas em que a observação foi bem feita, como nas chegadas de Juan Ramírez, e do garoto Raí Soares, que terminou indo embora, mesmo deixando boa impressão por aqui. Que aconteça diferente com Raí Nascimento, também uma valorosa descoberta, e com Rodallega, que têm contrato até o meio do ano. Que fiquem e contribuam com o acesso para a Série A.