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Esporte A TARDE

Por Leandro Silva | Jornalista | [email protected]

ACERVO DA COLUNA
Publicado quinta-feira, 05 de janeiro de 2023 às 5:15 h | Autor:

Caldeirão de Aço - O nome que me fez ser tricolor

Ex-atacante do Kashima Antlers é xará de meu pai, responsável por transmitir todo o amor por esse clube

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Torço para que Everaldo faça muitos gols e consiga honrar um número que já me deu muitas alegrias
Torço para que Everaldo faça muitos gols e consiga honrar um número que já me deu muitas alegrias -

O Bahia terá em 2023 um camisa 9 que carregará às costas o nome que me fez ser tricolor. Torço para que Everaldo faça muitos gols e consiga honrar um número que já me deu muitas alegrias, com Charles, Marcelo, Nonato, Robgol, Jael, Gilberto e tantos outros. Mas não é de nenhum jogador que estou falando. É que o ex-atacante do Kashima Antlers é xará de meu pai, grande responsável por transmitir todo o amor por esse clube, que completou 92 anos nesta semana, com a minha presença como adepto há 41 deles. O Bahia faz parte da minha vida de maneira tão intensa que é impossível identificar um momento, que não seja o nascimento, em que tenha me tornado torcedor.

Sou assumidamente privilegiado por ter tomado essa consciência e começado a ter algum entendimento em um período em que via nomes como Bobô, Cláudio Adão, Zé Carlos, Charles, Ronaldo, Gil, Paulo Rodrigues e outros heróis da minha infância. Facilitou, fortaleceu. Confesso, entretanto, que mesmo se naquele momento específico o clube contasse com uma seleção de nomes que viriam a irritar e dar dor de cabeça nas décadas seguintes, não teria como não me encantar por esse clube, que diz muito sobre a nossa identidade, sobre o estado de espírito de nós, baianos.

E também não dava para contrariar os exemplos de meu pai, que nunca vi vaiar o Esquadrão nas quase quatro décadas em que já compartilhamos as arquibancadas da velha ou da nova Fonte, ou de Pituaço. Ele até reclama mais que eu, é mais pés no chão, mais exigente, mas, pudera, é apontado por muitos como o “melhor entre os que não foram profissionais”. Verdadeiro craque. Foi ele que desde a década de 1980 me ensinou a não deixar o estádio antes do apito final, não importando o placar. Pois devemos sempre acreditar no Bahia.

É também quem sempre me conta os feitos de heróis de outras épocas, como Beijoca, Douglas, Osni, Roberto Rebouças, Baiaco, Sapatão, Jorge Campos e tantos mais.

Com ele também aprendi a me chatear com resultados, mas sempre me colocar como parte das glórias e das derrotas do Esquadrão. Impossível manter distância. Que nessa nova era a arrogância jamais tome conta e que a torcida tricolor nunca perca essa essência, que me orgulha mais até do que as nossas duas estrelas, que espero que se multipliquem exponencialmente nos próximos anos.

E que as estrelas jamais sejam retiradas do manto tricolor. Elas contam momentos inesquecíveis da história de um clube que nasceu para vencer, que ganhou a primeira competição disputada e também foi pioneiro nos títulos nacionais no Brasil, com o Brasileiro de 1959, além de ter inaugurado a participação brasileira na Libertadores. E que, quase três décadas depois de superar o Santos de Pelé, voltou a chegar ao topo do futebol nacional, representando a força do Nordeste, da qual é incontestavelmente o maior, e calou o Beira-Rio, superando o Inter, de Taffarel.

Essa segunda conquista eu pude testemunhar e está sempre guardada na minha memória afetiva, junto com os quatro acessos, quatro títulos do Nordeste, várias dos 49 baianos, triunfos nos clássicos, fugas de rebaixamento e até partidas isoladas em que, como todo bom tricolor, senti que o grito de incentivo ou o respeito às tradicionais superstições foram fundamentais para o resultado.

A história tricolor é marcada por glórias, mas também por muita resiliência para superar e sustentar o clube em momentos tensos e tristes. E sempre mantendo o tradicional bom humor tricolor, porque, afinal, essa felicidade é motivada por ser Bahia e não pelos resultados. E é por isso que, sempre que posso, agradeço a meu pai, além de todas as outras coisas, por ter me feito Bahia.

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