Caldeirão de Aço - Prontos para a mudança?
Nosso exercício diário consiste em nos lembrar que o clube passa por um momento de transição
Esta é a primeira coluna depois da mudança de divisão e principalmente de realidade, após aprovação da criação e negociação da SAF tricolor com o Grupo City. Dois motivos para comemorar. E ainda estou me acostumando com a ideia. Cheio de esperança, mas com os pés no chão. A preocupação no momento é entender como agirá o torcedor que colocou a expectativa em níveis altíssimos e já começa a reclamar pela falta de uma contratação do nível Gabigol.
É preciso paciência. O nosso exercício diário como tricolores consiste em nos lembrar que o clube passa por um momento de transição. Quando a montagem do elenco para a temporada 2023 findar, o que nós devemos nos perguntar é: temos condições de fazer um ano melhor do que poderíamos ter antes da chegada do conglomerado? O elenco pode se desenvolver a ponto de dar mais frutos a médio prazo? Além de lutar para não criar um sentimento de tristeza potencializado por parâmetros mal dimensionados pela torcida.
Tenho sérios problemas em criar uma divisão rígida entre seres humanos e profissionais do futebol. Por isso é complicado ver comentários públicos bem pesados sobre jogadores que foram importantes, cada um ao seu nível, para que estejamos na expectativa de uma Série A em 2023, ao invés de seguir em busca de um acesso. É óbvio que a mudança de divisão e de visão forçam modificações no elenco, mas essa substituição pode ser gradual. Começar do zero costuma cobrar um preço.
É muito importante resgatar a autoestima de uma torcida que sonhava em ter as condições que estão se apresentando no horizonte neste momento. Mas é ainda mais imprescindível manter a serenidade e a humildade. A soberba precede a queda. Quando Ferrán Soriano, CEO do Grupo City, afirmou que o Bahia iria ser odiado, a ideia é que o Esquadrão incomode por ganhar em campo, por vencer disputas por jogadores, mas não que seja odiado pela postura da torcida. Seria abrir mão da essência da massa tricolor, algo muito mais caro do que qualquer cifra que possa ser relacionada ao clube.
O chaveiro
E é importante repetir mentalmente: estamos em um período de transição. O zagueiro belga Vincent Kompany, um dos maiores ídolos da história do Manchester City, com direito até a estátua no estádio do clube, falou sobre esse tipo de transformação. Ele chegou ao Manchester um mês antes da venda do clube ao conglomerado. E disse que o que mais se via no início eram mudanças de comissão técnica e de jogadores. A mentalidade era clara: eles precisavam de boa performance. Caso contrário, alguém melhor chegaria para o lugar. Ele destacou a importância da chegada de Robinho, primeiro nome de altíssimo nível a aceitar ir ao City. Ele, que estava bem no Real Madrid e poderia escolher o time que quisesse, abriu portas para outros nomes desse porte. Quem será o ‘chaveiro’ dessa nova era tricolor?
Além do zagueiro Marcos Victor e do volante Acevedo, anunciados, o que não falta é especulação. Vejo muita reclamação sobre a falta de nomes de peso. E penso que já é dado como certa a vinda de um jogador que se enquadra na minha classificação pessoal para nome de impacto: o atacante Kayky, do Manchester City.
Apesar de ter apenas 19 anos, Kayky mostrou muito talento no Fluminense no ano passado, e é o primeiro entre os nomes especulados que só teria condições de chegar ao Bahia, sem a participação do Grupo City, perto da aposentadoria ou se a carreira tivesse desandado totalmente. Duas hipóteses descartadas. Que ele possa comprovar a expectativa.