Caldeirão de Aço - Sonho e realidade
Números gerais do Bahia na Série B seguem bons, mas momento atual traz preocupações
O torcedor do Bahia, desde que surgiram as primeiras especulações a respeito da negociação com o Grupo City, vem se dividindo entre o sonho com a possibilidade real de uma subida de patamar imensa na história do clube e a realidade da dura disputa de uma Série B, superando diversas limitações, pois é bom que se lembre que, após o péssimo primeiro trimestre do ano, as expectativas para a participação na competição não eram das mais altas. E essa impressionante dicotomia de sentimentos ficou ainda mais evidenciada na semana passada, quando na sexta-feira a euforia chegou ao seu ponto alto até o momento, com a apresentação da proposta para a constituição da SAF do clube, e sofreu um choque com o empate da equipe, em casa, com o Operário, desperdiçando a chance de abrir nove pontos para o quinto colocado e seis para o quarto, Vasco.
Os números gerais do Bahia na Série B seguem bons, validando uma campanha em que o time está desde a primeira rodada entre os quatro melhores. Tem a terceira melhor defesa, com 21 gols sofridos, e o quarto melhor ataque, com 35 marcados, resultando em um saldo positivo de 16 gols, o terceiro melhor da competição, atrás justamente do líder Cruzeiro e do segundo colocado, Grêmio. O que mais preocupa com relação ao objetivo do clube, que é o acesso, é o momento atual, em que o time vem de três partidas sem triunfo, vencendo apenas uma das cinco partidas mais recentes, fazendo cinco gols e sofrendo seis.
Os dois números são proporcionalmente piores do que aqueles apresentados nas 26 rodadas anteriores. O ataque diminuiu o poder de fogo. Se fazia 1,42 por partida nas 26 primeiras, fez apenas um a cada 90 minutos nesse período. Na defesa, a diferença foi ainda maior. Sofria 0,57 por jogo e levou média de 1,2 nesses cinco jogos, mais que o dobro, portanto. Nessas cinco partidas, o time não pôde contar com duas importantes peças da linha defensiva, os lesionados Luiz Otávio e Matheus Bahia. O primeiro pode voltar à equipe justamente contra o ex-clube amanhã, enquanto o lateral, que já parecia descartado para esta Série B, tem tido uma boa recuperação e dá esperanças de que possa ainda ajudar na reta final.
Nos dois próximos compromissos, amanhã, contra a Chapecoense, e terça, contra o Novorizontino, o Bahia precisa melhorar esse retrospecto recente. E, para isso, terá que superar o grande calcanhar de Aquiles dessa campanha, que são os jogos longe de Salvador. Para piorar, os dois próximos adversários são os únicos que conseguiram bater o Tricolor na Fonte Nova, local em que o Esquadrão leva ampla vantagem contra os adversários, nesta Série B, vencendo 11 das 16 partidas, com mais três empates.
Essa dificuldade fora de casa fez com que o Bahia só tenha conseguido, até o momento, conquistar os seis pontos contra um único adversário na competição, o Náutico, que foi derrotado na segunda rodada, em Recife, e na 21ª rodada, em Salvador. Ainda pode igualar o feito contra Brusque e Guarani, únicos dos sete adversários finais que o Esquadrão conseguiu vencer no primeiro turno. Desde a partida contra o Guarani, que encerrou a participação tricolor como visitante no primeiro turno, o time não conseguiu vencer fora de casa. Já foram seis jogos no segundo turno, com dois empates e quatro derrotas.
A esperança é de que o Esquadrão retome a boa fase, consiga voltar a vencer fora de casa já amanhã e possa garantir o acesso o mais rápido possível para que a torcida possa logo, tranquilamente, sonhar com o futuro, sem os percalços da realidade atual.