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Esporte A TARDE

Por Daniel Dórea | [email protected] | Fotos: Felipe Oliveira | EC Bahia e Maurícia da Matta | EC Vitória | Arte: Ag. A TARDE

ACERVO DA COLUNA
Publicado quarta-feira, 14 de novembro de 2018 às 10:53 h • Atualizada em 21/01/2021 às 0:00 | Autor:

Que mude a cultura

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E aí, quem serão nossas revelações em 2019?
E aí, quem serão nossas revelações em 2019? -

Está chegando o fim do ano. É uma época chata por alguns motivos. Um deles é que, por eu trabalhar como jornalista esportivo, começam a me encher com aquelas velhas perguntas: “E aí, tal time tá contratando quem?”, “Tem que reforçar pra não cair, viu?”.

O maior fetiche dos torcedores é saber, de preferência primeiro do que a maioria dos coleguinhas, notícias quentes dos clubes no mercado. Entendo, claro. Mas acho que os times poderiam lutar mais contra essa cultura. Principalmente aqui, no Brasil, onde vale muito mais o surgimento de novos jogadores do que o eterno troca-troca de atletas já formados – sem potencial de crescimento – entre times médios.

Na NBA, por exemplo, há o Draft, um grande evento em que jovens jogadores das universidades são selecionados para defender times da principal liga de basquete do mundo. Eu não ousaria sugerir que se transportasse essa ideia para cá, visto todos os problemas sociais e de organização enfrentados no esporte e nos demais setores do país. Entretanto, seria bem interessante ver os clubes apresentarem um plano de carreira mais claro para os garotos. Se já é para eles, internamente, poderia ser também para todos. Imagino a cada início de temporada os meninos selecionados por uma comissão especializada do clube sendo apresentados oficialmente à imprensa, já com o número da camisa que vão usar.

É claro que não há como ser tudo exato. Aconteceriam erros, retornos à base, mas o acompanhamento da evolução dos meninos ficaria mais nítido para o torcedor, e as expectativas não pesariam tanto em cima das contratações de sempre, que raramente dão certo.

Também considero que, assim, as ascensões dos jovens seriam mais bem definidas, dependendo menos de uma ideia repentina do treinador, como parece ter sido o caso de Ramires, alçado a titular por Enderson Moreira como uma enorme surpresa, logo após a negociação do meia Régis.

Simplicidade

E que surpresa é Ramires! Pode até ser uma visão burra, mas enxergo o meia-campista como um jogador de talento aparentemente comum. É competente em todos os fundamentos, mas não se destaca de maneira especial em nenhum. Também não é muito habilidoso nem veloz. Pelo contrário, sua maior limitação é a falta de velocidade. Parece ter uma mecânica ruim para a corrida.

Mas o mais importante é que sua inteligência e serenidade fazem ser desnecessários os dotes de um craque. Tudo para Ramires é simples. Ele dribla porque o marcador sempre oferece uma brecha. Dá bons passes porque sempre há uma boa opção. Finaliza porque só assim se chega ao gol. E marca porque quer a bola, tem sede de jogar futebol.

Imagem ilustrativa da imagem Que mude a cultura
| Foto: Ag. A TARDE
Círculos brancos para as participações decisivas e azuis para as ‘normais’, sem contar lances de bola parada

É impressionante sua movimentação nas partidas. Preenche quase todo o campo. Assim foi no Ba-Vi de domingo, como mostra o campo à direita no infográfico (com círculos brancos para as participações decisivas e azuis para as ‘normais’, sem contar lances de bola parada). Teve entrada na área de ataque, contribuição defensiva e, principalmente, criação de jogadas perigosas. Ele liderou o número de assistências para finalização (4) e cruzamentos certos (6) na partida.

Na estatística de conclusões a gol (chutou duas vezes e anotou um tento), só ficou atrás de Júnior Brumado e do rubro-negro Léo Ceará (3), o outro destaque do clássico.

Além dos dois gols, o atacante, que estava esquecido no Rubro-Negro e vinha de temporadas de empréstimo para clubes menores, seguiu o exemplo de Ramires. É claro que o talento de Léo é menor. Ele tem 23 anos, contra 18 do meia tricolor, e um futuro bem menos brilhante se apresenta. Porém, a ideia é a mesma: dedicação, execução de jogadas simples e escolhas certas.

Ao contrário de Brumado, por exemplo, Léo Ceará fez o jogo fluir quando saiu da área (confira suas participações à esquerda no infográfico, sendo as decisivas representadas por círculos pretos), quase sempre com toques de primeira. E se posicionou bem na área ofensiva, tendo tocado na bola quatro vezes dentro dela.

E aí, quem serão nossas revelações em 2019? Acompanharemos o crescimento deles, com ganho gradativo de chances, ou surgirão do nada, como apostas ousadas dos treinadores? Ficarei de olho.

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