Resenha Rubro-Negra - A festa tem que continuar
A verdade é que o Vitória não se preparou como deveria para receber tanta gente
Não é novidade para nenhum frequentador do Barradão que o estacionamento do estádio se tornou, há tempos, um local de confraternização entre os rubro-negros, antes e após os jogos. A galera marca para chegar mais cedo, fazer o churrasco até perto do jogo e, em caso de vitória, estender a festa por mais algumas horas. Mas ultimamente esse ponto de encontro que deveria ser apenas de alegria tem causado transtorno. Ao torcedor, bom que se diga. A verdade é que o Vitória não se preparou como deveria para receber tanta gente, como tem sido frequente nos jogos desta Série C.
Falta banheiro, conforto e, ultimamente, segurança aos torcedores, que presenciaram uma confusão generalizada envolvendo alguns torcedores e um grupo de seguranças contratados pelo clube. A questão é que os profissionais do Grupo Especializado em Eventos Privados, empresa de segurança contratada pelo Vitória, mais parecem que estão numa guerra, encapuzados, armados com cassetete e taser (arma de choque).
No dia seguinte à confusão, vazou um áudio do Diretor de Patrimônio do Vitória, Djalma Abreu, cogitando a possibilidade de dar fim ao churrasco no estacionamento do Barradão. Djalma, que é candidato a vice-presidente na chapa de Fábio Mota, voltou atrás após a repercussão negativa. Fazer festa, confraternizar com os amigos antes e após aos jogos, que deveria ser a essência do futebol, agora é visto como problema para a gestão de um clube popular como o Vitória, que precisa mesmo é se preocupar em garantir mais segurança a esse sofrido torcedor rubro-negro que tem colado de forma incondicional nos jogos, mesmo em plena Série C.
Esse mesmo torcedor que teve que pagar mais caro no último domingo para vibrar com a excelente largada do Leão na segunda fase da competição, com um gude-preso graças ao gol salvador de Rodrigão já no final do jogo. A festa dentro do estádio mais uma vez foi linda, mas poderia ser ainda maior caso a diretoria não adotasse a impopular e, ao meu ver, inapropriada decisão de aumentar o valor dos ingressos.
Algo que não deu certo, pelo menos na ótica da arrecadação, que foi menor do que na partida do domingo anterior, contra o Brasil de Pelotas, quando o Vitória levou 28.006 pagantes para uma renda de R$ 596.168,50, ante um público de 21.661 pagantes e R$ 541.489,50 registrados diante do Papão. Esse, inclusive, foi o menor público entre os jogos de Barradão com bom público nesta Série C. Certamente o torcedor sentiu no bolso e o Vitória poderia ter feito diferente, mantendo o Barradão abarrotado como visto em jogos anteriores.
Seria até melhor para o clube, com a possibilidade de fazer uma ampla campanha de associação corpo a corpo com o torcedor. Mas, enfim, o valor mínimo de R$ 30 será mantido pela diretoria, que já iniciou as vendas dos ingressos para a partida diante do ABC no outro domingo, 4, às 17h. A antecipação, segundo o presidente Fábio Mota, tem o objetivo de pagar os salários dos jogadores. O certo é que as vendas só vão aquecer mesmo na próxima semana, já que neste domingo o Vitória, invicto há quatro meses fora de casa, vai buscar três pontos importantíssimos contra o Figueirense, em Florianópolis.
Segundo melhor visitante da Série C, com 48% de aproveitamento, o Leão não perde fora de casa desde 24 de abril, quando sofreu um revés por 1 a 0 para o Ypiranga-RS, ainda na terceira rodada do campeonato. Tempo de sofrência que ficou para trás. Para trás também ficou a vitória sobre o Paysandu. É manter a pegada para alcançar o objetivo do acesso o quanto antes.