Resenha Rubro-Negra - Ferido, mas não abatido
Leão, que vinha de oito partidas sem perder, tomou cinco em um só jogo
Uma pancada para doer, machucar, mas não para derrubar. Assim o Vitória voltou de Florianópolis após levar uma porrada de mão cheia do Figueirense, fato que nunca havia acontecido nos 18 jogos disputados entre as equipes ao longo da história. Não só por isso o termo ‘atípico’ acabou sendo bastante usado ao longo da semana. O Leão, que vinha de oito jogos sem perder e até então só havia levado cinco gols desde a chegada de João Burse, tomou cinco em um só jogo.
Na capital catarinense, o Rubro-negro não só perdeu de forma vergonhosa, como deu um azar que não vinha sendo habitual. Muito azar, o que também faz parte dos encantos do futebol. Alemão fez um gol contra logo no início. Iury, seu reserva, foi expulso com dois amarelos em sequência. O improvável seguiu com um gol do goleiro Wilson, que até pouco tempo atrás estava em negociação para retornar ao Leão. Enfim, absolutamente tudo que era para acontecer de errado para o Vitória aconteceu.
Mas é bom reforçar: rolou em um momento que não estragou a incrível arrancada da equipe nos últimos meses. O Leão, que poderia assumir a ponta do grupo em caso de três pontos em Santa Catarina, voltou pra casa em terceiro, com um saldo de menos três gols, porém ainda com chances de recuperação para seguir firme na busca do acesso. O bom do futebol é que a oportunidade de dar a volta por cima não demora a chegar. No caso do Vitória, ela será no domingo, quando a equipe vai encarar o líder ABC, no Barradão.
Pelo que vimos durante a semana, o time não chega abatido, mas mordido para recuperar a confiança da torcida. Nas entrevistas coletivas, sempre um ar de elenco cheio de vontade em resgatar o brio que criou uma conexão incrível entre time e torcedor após um início pífio na competição. É esse Vitória que entrará em campo contra a equipe potiguar, que vem fazendo um campeonato muito bom ao longo da Série C e já mostrou seu potencial no próprio Barradão na primeira fase, quando arrancou um 2 a 2.
Partida em que Tréllez marcou duas vezes, bem no início do seu reencontro com as redes neste retorno à Toca. Autor do gol de honra rubro-negro no Orlando Scarpeli, o ‘Capivara’ se disse surpreso com a parte mental da equipe na reapresentação dos jogadores esta semana. Veremos se esse bom ambiente vai se traduzir em um time novamente equilibrado dentro de campo em mais um jogo decisivo, como têm sido todas as partidas para o Leão desde a chegada de Burse.
Jogar com a corda no pescoço, pode-se dizer assim, não é novidade para uma equipe que terminou a 12ª rodada da primeira fase com apenas 2,6% de chances de classificação à segunda fase. Por isso, o capitão Alan Santos, outro entrevistado da semana, bem utilizou a frase: “Já vivemos isso”.
É também por isso que a torcida está num clube de apoio incondicional à equipe apesar do sofrimento do último final de semana. As vendas de ingressos não estão fervendo como nos últimos jogos no Barradão, mas certamente haverá um bom público para empurrar esse Vitória que tanto precisa finalizar um ano feliz após tantas temporadas recentes de sofrimento. Esse desfecho depende muito desse jogo com o ABC. Vencer significa recuperar o moral e possivelmente chegar às três partidas de volta da segunda fase entre os dois primeiros do grupo que garantem o acesso. Que assim seja.