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Resenha rubro-negra - Fim de uma das novelas

Publicado sexta-feira, 04 de março de 2022 às 06:00 h | Autor: Angelo Paz | Jornalista [email protected]
Agora o clube aguarda questões burocráticas para voltar a ser liberado a inscrever novos atletas
Agora o clube aguarda questões burocráticas para voltar a ser liberado a inscrever novos atletas -

Demorou, mas enfim chegou ao fim. Nunca um jogador com uma passagem tão ruim pelo Vitória ganhou tanto espaço no noticiário. Contratado junto ao Boca Juniors em julho de 2018 para reforçar o Leão na Série A do Brasileiro, o atacante argentino Walter Bou não fez sequer um gol em oito partidas pelo clube e teve o seu contrato rescindido sete meses depois, com o Vitória rebaixado para a Série B.  

Distrato acertado, mas não pago. Aí começou a dor de cabeça. A dívida de 180 mil dólares (cerca de R$ 1 milhão) fez com que o Leão fosse impedido pela Fifa, em outubro do ano passado, de registrar novos atletas nas seguintes janelas de transferência até 2023. Na época envolto na luta contra o rebaixamento, o clube priorizou suas forças na salvação, que não veio, e deixou para resolver esse problema com o desfecho da temporada. 

Vale lembrar que essa não foi a primeira vez que o Vitória ficou impedido de registrar novos jogadores por conta de dívidas. Em dezembro de 2020 o Rubro-Negro foi punido pela Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que na época atendeu a reclamações de outras equipes brasileiras. A situação só foi resolvida em fevereiro do ano passado.  

Mas voltemos para o fim de 2021. Rebaixado para a Série C e em uma profunda crise financeira, o Rubro-negro teve que correr contra o tempo para montar a base do elenco da atual temporada. Tendo dezembro como período limite para registrar novos atletas, o Leão fez um total de 14 contratações num período de duas semanas. A correria foi tanta que o acerto com o técnico Dado Cavalcanti só aconteceu quando praticamente todos já haviam sido contratados. 

Um vislumbre de final para essa história veio logo nos primeiros dias do ano, com o acerto da venda de 50% do atacante Samuel para o Oita Trinita, do Japão. Mas os 500 mil dólares (R$ 2,5 milhões) referentes ao negócio só caíram na conta do Vitória essa semana, praticamente dois meses após o acerto ser sacramentado. Conforme anunciado, a diretoria cumpriu a palavra e de imediato utilizou uma parte do dinheiro para quitar a dívida com Bou. Uma outra se direcionou ao pagamento dos salários de fevereiro dos jogadores e demais funcionários.

Agora o clube aguarda questões burocráticas para voltar a ser liberado a inscrever novos atletas. O primeiro a ser registrado será o atacante Santiago Tréllez, que já treina na Toca do Leão há duas semanas, mas ainda não está inscrito nas competições. Outro passo importantíssimo que o clube almeja dar é a contratação de mais quatro a cinco jogadores com foco na Série C do Brasileiro, que começa dia 9 de abril.  

E para ter a garantia financeira e honrar os compromissos para a sequência da temporada, a diretoria aguarda a resolução da novela de outro atacante: David, vendido por R$ 6 milhões para o Metalist, da Ucrânia, que vem sendo devastada na guerra promovida pela Rússia. Apesar de já ter sido apresentado pelo clube ucraniano, David está na Turquia em pré-temporada, sem a menor noção de quando o clube voltará ao país.  

Na última semana, o Vitória enviou o último documento referente à venda do jogador ao Metalist, que, a partir do recebimento, teria até sete dias para realizar o pagamento. Enquanto não recebe, o Vitória se respalda juridicamente para afirmar que David ainda é atleta do clube. Logo, se Rubro-Negro não receber o dinheiro, o atleta é esperado de volta na Toca do Leão.

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