Resenha Rubro-Negra - Largada promissora
Na primeira semana deste ano o Leão já mostrou capacidade para lidar com as adversidades
Fiz uma rápida busca aqui na memória para recordar a última vez que uma temporada começou de forma tão promissora para o Vitória. Como os últimos anos não foram nada saudosos, não tive dificuldades em identificar o início de 2014 como o último momento de grande expectativa para os rubro-negros na largada de uma temporada. Quinto colocado da Série A de 2013, até hoje a melhor campanha de uma equipe nordestina na era dos pontos corridos, o Leão, que por pouco não cravou uma vaga na Libertadores, tinha tudo para fazer um ano seguinte maravilhoso. Grandes nomes da equipe permaneceram, como Escudero, Cáceres e Juan, assim como o técnico Ney Franco.
Mas o encaixe da temporada passada não veio e o ano de 2014 acabou sendo horrível, com o rebaixamento à Série B no final do ano. Mas voltemos a esses primeiros dias de 2023, que considero muito especial nesta fase recente do clube. Assim como há quase 10 anos, o Vitória segurou os principais nomes da temporada passada e manteve a comissão técnica. Se em teoria a situação parece semelhante, na prática tudo indica que não. Na primeira semana desse ano novo o Leão já mostrou capacidade para lidar com as adversidades e conseguiu o primeiro objetivo da temporada: após dois anos ausente, está de volta à fase de grupos da Copa do Nordeste, competição da qual é o maior campeão, ao lado do Bahia, com quatro títulos.
Agora podemos dizer. A fase eliminatória, que era vista com preocupação, até por ser logo no início do ano, acabou sendo muito proveitosa para o clube, que testou à vera a montagem inicial de um time que tem como objetivo final buscar o retorno à elite do futebol brasileiro a partir de abril. Foi além. Estreitou ainda mais a conexão entre jogadores e torcida, que está numa empolgação contagiante. Presentes em bom número nas vitórias contra o Cordino (11.713 torcedores) e Jacuipense (12.706), os rubro-negros agora somam 14 mil associados, marca batida nos últimos dias. A meta estabelecida pela diretoria de 20 mil sócios se torna mais alcançável a cada dia.
É nessa atmosfera que o Vitória estreou ontem no campeonato Baiano, onde busca voltar a brilhar após cinco anos sem levar o título e quatro sem sequer chegar à fase semifinal. Essa, sem dúvidas, é uma situação que está engasgada na garganta do Leão, em busca de quebrar mais esta escrita neste momento de reconstrução do clube. Em situação desconfortável no estadual, o Vitória está na mesma considerando a Copa do Nordeste. A última vez que o Rubro-Negro decidiu o torneio foi em 2010, quando também venceu seu quarto título regional. Nas últimas temporadas, o melhor que conseguiu foi chegar à semifinal em 2021, quando acabou eliminado pelo Ceará. Pouco para um clube com tanta tradição como o Vitória.
Para quebrar essas marcas que incomodam, nada melhor que o embalo que a equipe vem desde a Série C do ano passado, quando saiu da luta contra o rebaixamento para um improvável acesso. Sim, agora é outra história, mas já passa uma confiança ver que jogadores como Tréllez, decisivo na temporada passada, começaram o ano da mesma forma. Assim como é interessante observar o desempenho inicial de atletas como Rodrigo Andrade, que voltou ao clube por força de contrato. Marcado por um extracampo, digamos, nada calmo em temporadas anteriores, o volante mostrou muita bola nos dois primeiros jogos da temporada e se diz mais maduro nesse retorno à Toca do Leão. Veremos.
Outra boa surpresa é o lateral direito Railan, contratado sem muito alarde após disputar a Série B pelo Vila Nova, e que já mostrou boa capacidade na parte ofensiva. Com atletas ainda a estrear, o novo Vitória de João Burse vai mostrando a cara. Que siga com essa faceta vitoriosa que vimos nas duas primeiras decisões do ano pelo Nordestão. Assim a apaixonada e presente torcida rubro-negra espera que seja este 2023, repleto de expectativa positiva.