Resenha Rubro-Negra - O tempo ainda pode clarear

Na última semana, cá eu estava parafraseando, inspirado na música de Ivete Sangalo, que todo mundo iria ao Barradão. Todo mundo, neste caso, correspondeu a um maravilhoso público na Toca, fervendo em vermelho e preto através de 28,5 mil vozes. A decepção veio na mesma intensidade da expectativa. Uma derrota difícil de digerir para o Volta Redonda, com direito a pênalti perdido por Rafinha, que na mesma tarde chegou à marca de três gols em três jogos como titular da equipe. Uma tremenda ducha de água fria.

O domingo, que poderia ter sido de glória, já foi. Ficou lá atrás, pra se aprender, algo que me lembrou de outra música, dessa vez o samba ‘Clareou’, interpretado por Diogo Nogueira. “Levante a cabeça, amigo, a vida não é tão ruim assim/ Um dia a gente perde, mas nem sempre a vida é assim/ Pra tudo tem um jeito, e se não teve jeito/ Ainda não chegou ao fim”. E não chegou mesmo. Por mais decepcionante que tenha sido o último domingo, quando o Leão perdeu a oportunidade de chegar ao G-8 e ainda se aproximar mais do Z-4, ainda há muita água para rolar nesta Série C: mais precisamente, 10 jogos.

Por isso, mesmo diante das limitações apresentadas pela equipe, não só na sofrida derrota para o Volta Redonda, mas nos demais oito jogos do campeonato, é ainda possível subir. E a partida de amanhã tem um caráter decisivo. Isso porque vencer o Atlético-CE, que é o 18º na tabela com oito pontos, significa voltar a estar no bolo que briga fortemente pelo G-8 e se afastar dos que buscam não cair.

A equipe, que para o próprio treinador Fabiano Soares, “sentiu o golpe” no último sábado, precisará se recuperar de imediato caso queira viver mais momentos de Barradão como na tarde do último domingo. Para isso, Fabiano sabe que precisa de mais recursos em campo. Não só na parte defensiva, que mostrou fragilidade quando incomodada, como na ofensiva, também ainda longe da efetividade exigida para um time que quer subir. Mas para esse jogo de amanhã, Soares não terá nada além do que teve contra o Volta Redonda.

Na verdade, terá a menos, já que Rodrigão, que chegou como esperança de gols, vai cumprir suspensão em função da expulsão infantil no banco de reservas. Assim, a estreia do centroavante ficará para o duelo com o Botafogo de Ribeirão Preto, no outro domingo, no Barradão. Mesma situação do volante Alan Santos, que agradou como zagueiro, e do lateral Lazaroni – ambos estão em fase final de recuperação de lesão. Independentemente dos jogadores que vão entrar em campo, o Vitória já sabe o que precisa para avançar de fase. Sem meias palavras (ou contas, no caso), o Rubro-negro tem de vencer seis dos 10 jogos que restam para se credenciar entre os oito melhores da competição, que vão seguir em busca do acesso.

São cinco partidas fora e outras cinco em casa para definir o destino rubro-negro em mais um ano de grandes dificuldades para o clube, que já contratou um caminhão de jogadores, está no terceiro treinador da temporada, destituiu em definitivo um presidente e teve o novo presidente do Conselho Deliberativo eleito na última quarta: Nilton Almeida assume a função que era de Fábio Mota, na presidência do Conselho Diretor desde o primeiro afastamento de Paulo Carneiro, no ano passado.

De positivo na semana, teve a notícia do repasse de R$ 400 mil a ser feito pela CBF para cada clube da Série C – até então os participantes só haviam embolsado R$ 250 mil para ajudar com os custos. Boa injeção financeira. Mas o que o Vitória precisa mesmo no momento é uma injeção de futebol, para superar todas as dificuldades anteriormente listadas e fazer o tempo ‘clarear’ na Toca do Leão. No samba a que me refiro, Diogo Nogueira canta que “já é um vencedor quem sabe a dor de uma derrota enfrentar”. Veremos se o Vitória de 2023 se encaixa no perfil.