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Esporte A TARDE

Por Ângelo Paz

ACERVO DA COLUNA
Publicado sexta-feira, 19 de agosto de 2022 às 7:00 h | Autor:

Resenha Rubro-Negra - Que torcida é essa...

No último domingo, com muito mais de 29 mil pessoas, o santuário rubro-negro virou Carnaval

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Por que o torcedor que colou quando o time não merecia, agora, na fase final, terá que pagar mais?
Por que o torcedor que colou quando o time não merecia, agora, na fase final, terá que pagar mais? -

Quem conhece o Barradão sabe que, sem dúvidas, tinha muito mais do que 29 mil pessoas no último domingo no santuário rubro-negro. Virou Carnaval. Do lado de fora era gente pra tudo quanto é lado. Lá dentro, arquibancada e cadeiras lotadas, gente pendurada no alambrado, nos barrancos... Enfim, uma verdadeira loucura. Foi nesse caldeirão que o Vitória voltou a ser quem se tornou na Toca. Na necessidade da vitória, jogou bem, venceu de forma merecida e, de última hora, carimbou seu passaporte para a segunda e decisiva fase da Série C.

Difícil esquecer um domingo memorável como esse, com direito a presença até do suspenso Léo Gomes no meio da torcida organizada, puxando os gritos de “Negôôô...”. Eu nunca tinha visto algo assim. A sinergia entre torcida e time não poderia estar melhor. O resultado foi um desafio à própria matemática. A equipe, que terminou a 12ª rodada com apenas 2,6% de chances de classificação e 51,6% de rebaixamento, entrou no G-8 na hora certa, quando, de fato, valia.

Por esse breve preâmbulo, eu escrevo, com toda certeza, que é graças ao casamento do time com a torcida que o Vitória conseguiu o improvável. O torcedor rubro-negro não se permitiu deixar desistir nem quando parecia impossível. A torcida do Vitória é dona da melhor média e dos quatro maiores públicos da Série C, todos acima de 25 mil pagantes, apenas motivada pelo amor ao clube. Em nenhuma das oportunidades, é bom frisar, teve promoção de ingressos. Futebol em campo, pelo sofrimento que aconteceu essa classificação, jamais foi um ponto convidativo para o torcedor encher o Barradão.

E é por tudo isso que reprovo o aumento do valor dos ingressos para a fase final. Eu penso naquele rubro-negro que vive no limite e mesmo assim reservou, por vezes, R$ 20 reais para apoiar o time do coração. Por que o torcedor que colou quando o time não merecia, agora, na fase final, terá que pagar mais? Busquei essa explicação nos canais de comunicação oficiais do clube e não encontrei. Nada no site, nem nas páginas do clube das redes sociais. Se é para incentivar o torcedor a se associar, pois vale mais a pena, a diretoria também falhou nessa comunicação. Não vi nenhuma campanha essa semana a respeito.

Que o Vitória vive um desastre financeiro e necessita mais do que nunca de receita todo mundo que minimamente acompanha, sabe. Mas, se é para aumentar o valor do ingresso, que seja com a máxima transparência, explicando os motivos que levaram à decisão e como esse acréscimo de renda poderá ajudar a agremiação. Mesmo sem saber, o torcedor vai lotar o Barradão mais uma vez no domingo, quando o Vitória recebe o Paysandu pela primeira das seis finais da segunda fase. Antes mesmo do início das vendas físicas, 10 mil ingressos já tinham sido adquiridos.

O caldeirão vai ferver mais uma vez para o Vitória seguir reescrevendo a caminhada nessa Série C. O Leão, invicto há 8 jogos e ainda sem perder sob o comando de João Burse, que venceu cinco e empatou três, vai cair pra dentro do Paysandu, equipe que venceu há pouco mais de um mês, por 1 a 0, no próprio Barradão. O Leão, inclusive, não perdeu para nenhum dos três adversários que vai enfrentar na segunda fase. Além do Papão, também venceu o Figueirense, e empatou com o ABC, todos no Barradão, onde o Vitória tem um aproveitamento de 53%, o sétimo pior entre os oito classificados. Como já diria o dito popular, são águas do passado. Domingo começa um novo campeonato, de tiro curto. Que o Vitória seja esse que, no embalo da torcida, arrancou classificação. Que venha mais uma, agora a do acesso, tão esperado por um torcedor que tem sofrido muito nos últimos anos. Pela atmosfera atual, presumo que o momento de voltar a sorrir se aproxima.

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