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Resenha Rubro-Negra - Surto Coletivo

Rubro-negros vão abarrotar o Barradão, quando o Vitória tem, literalmente, um jogo de vida ou morte

Publicado sexta-feira, 12 de agosto de 2022 às 07:00 h | Autor: Ângelo Paz
Torcedores esgotaram ingressos das arquibancadas nesta quinta-feira, 11
Torcedores esgotaram ingressos das arquibancadas nesta quinta-feira, 11 -

Embora muito associada a epidemiologias, a palavra surto também pode indicar aumento brusco e significativo de um fenômeno, um processo, ou ainda uma manifestação intensa de algo. Pois bem, essa é uma palavra que se encaixa bem para descrever o atual momento da torcida do Vitória. Dona da maior média e dos três maiores públicos da Série C mesmo com o time fora do G-8 em todas as 18 rodadas até aqui, os rubro-negros vão abarrotar o Barradão mais uma vez amanhã, quando o Vitória tem, literalmente, um jogo de vida ou morte.  

Me refiro ao surto não apenas pela presença maciça no estádio, mas pela manifestação também fora dele. Após se fazer presente em bom número no aeroporto antes do embarque da delegação para a decisão do último domingo, quando o Leão precisava vencer o líder Mirassol, invicto dentro de casa, para manter as chances de classificação à segunda fase, os rubro-negros tomaram o aeroporto no retorno da equipe, que bateu os paulistas para desembarcar nos braços do povo. Foi tanta gente que os passageiros dos outros voos tiveram que sair por outra parte do saguão de desembarque.  

Não parou por aí. Na terça, dia seguinte ao ‘Aeronegô’, se espalhou uma resenha em que a torcida queria levar um leão de verdade para dentro do Barradão. Teve torcedor até que enviou mensagem para o zoológico solicitando o empréstimo do rei da selva. Os rubro-negros começaram, inclusive, a fazer postagens nas redes sociais marcando a defensora da causa animal mais famosa do Brasil, Luisa Mell. O clube entrou na onda, e fez o mesmo através de uma publicação em suas redes sociais, solicitando ajuda a Luisa para viabilizar o desejo da torcida.  Olhe que viagem... 

A verdade é que não há leão no zoológico de Salvador e não terá animal nenhum no Barradão amanhã, mas o surto, sim, é coletivo, e se espalhou pelos corações rubro-negros. O ambiente que antecede a partida é surreal para um time que chega à última rodada da primeira fase na 10ª colocação necessitando vencer por mais gols de diferença que ao menos um adversário direto para, enfim, entrar no G-8 de última hora. É amanhã que o Vitória sairá de campo sabendo se permanece na disputa pelo acesso ou se despede da temporada em agosto.  

Os jogadores que vão decidir essa parada chegarão ao Barradão com o ônibus balançando, pois os rubro-negros prometem, mais uma vez, um corredor com aquela energia característica dos soteropolitanos. Quando a bola rolar, vai ser empurrar no gogó um time que, de fato, tem se superado nas últimas rodadas. Invicto há sete jogos, o Vitória saiu da briga contra o rebaixamento para aspirar um acesso que sempre pareceu distante desde o início do campeonato, que, não custa relembrar,  começou com três derrotas seguidas do rubro-negro.  

Uma fase que ficou lá atrás, é bem verdade. A equipe que, das sete vitórias, só em duas vezes venceu por dois ou mais gols de diferença, chega em sua melhor fase para decidir o futuro de um clube tão tradicional como o Vitória. Se precisa de saldo de gols, a fé fica na dupla Rafinha e Tréllez. Juntos, eles fizeram 11 dos 18 gols da equipe na competição. O colombiano, inclusive, marcou todos os seus quatro gols nas últimas cinco partidas.  

Time com pé no chão

Não tem como não acreditar. O surto tomou conta da torcida, mas não dos jogadores, como vem frisando o técnico João Burse. Futebol não se ganha no gogó, bem sabe ele. São 11 contra 11 e do outro lado tem um Brasil de Pelotas que precisa da vitória para ter chances de não ser rebaixado. É euforia e tensão, tudo misturado. É o futebol e sua magia de tirar o torcedor da realidade.  Amanhã, todos os caminhos levam ao Barradão. Que o destino final seja o acesso.

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