Carne seca e 2 de Julho: homenagem à tradição, história e resistência
A iguaria faz parte da identidade dos sertanejos, dos nossos caboclos, que precisavam de alimentos que fossem duráveis, nutritivos e de fácil preparo
Culturalmente nas entranhas dos Nordestinos, a carne de charque, também conhecida como carn seca ou carne de sol, tem seu protagonismo no Nordeste por vários motivos, inclusive o histórico. As condições climáticas, as altas temperaturas e baixa umidade, dificultaram a conservação da carne fresca, resultando no investimento em técnicas para salgar e preservar o alimento querido entre os nordestinos. .
Registrada em muitos livros que retrataram o sertão e seu implacável sol, ficamos imaginando a cena dos boiadeiros, os caboclos que se esgueiravam mata adentro com sua água em um cantil e a charque devidamente conservada para matar a fome em meio às adversidades.
Fácil fazer esta relação com o histórico 2 de Julho e seus voluntários de guerra que, em determinados momentos, precisavam adentrar as matas como estratégia para enfrentar os inimigos.
Segundo cita Luís Henrique Tavares Dias no seu livro Independência do Brasil na Bahia - Google Books, a luta pelo 2 de Julho formou “batalhões de voluntários comandados por oficiais de milícias ou proprietários de terras, engenhos, escravos, e compostos por brancos pobres, lavradores e plantadores de fumo, mandioca, crioulos livres (filhos de escravos africanos, mas nascidos no Brasil), escravos crioulos e escravos africanos cedidos por alguns senhores”.
Em meio aos vários episódios da data magna da Bahia, a preciosa carne foi citada em pelo menos um momento quando se falou da fome que abatia a capital baiana pelas devidas circunstâncias.
“Não demorou para a Cidade do Salvador sentir a alta do custo de vida. A quarta da farinha de mandioca passou a custar 120 patacas (moeda de prata com valor de 320 réis). O charque do Rio Grande subiu para 120 patacas a arroba (unidade de medida de peso equivalente a 14 quilos e 600 gramas, ensina o Novo Aurélio)”, relata Tavares Dias.
O fato é que a carne seca faz parte da identidade cultural do sertão nordestino. Sua produção e consumo estão enraizados nas tradições e nos costumes locais, simbolizando a resistência e a adaptação dos sertanejos. Para sustentar-se nessas viagens, eles precisavam de alimentos que fossem duráveis, nutritivos e de fácil preparo. A carne seca e a farofa surgiram como soluções ideais para essas necessidades.
O chef de gastronomia e historiador Isac Rabelo conta como é feita a conservação da carne, símbolo da luta e da resiliência do povo nordestino.
“A charque foi um método de conservação da carne. A carne era salgada e secada para que ela pudesse ter um prazo de validade maior e aguentasse as longas viagens. Como os boiadeiros faziam longas viagens no lombo do cavalo, eles carregavam carne seca salgada para que ela pudesse ser consumida no decorrer da viagem e não estragasse. A carne seca salgada chega a durar muitos dias, às vezes semanas, sem precisar de refrigeração e aguentava essa viagem de longa duração pelos interiores”.
O chef Rabelo nos dá a grande dica sobre esta iguaria deliciosa, símbolo do nosso sertão. “Nós temos a charque frita com farofa, temos a charque frita com aipim cozido, o arroz de carreteiro e o feijão tropeiro.” E emenda: “As formas de usar a carne seca se mantêm da mesma forma como era no passado. Quando a gente chega na feira, ainda é muito comum ver pessoas que pegam um pedaço de carne seca da barraca e mordem para ver se ela está fresca, se ela está com bom sabor, se ela está gostosa. Ainda é muito comum encontrar isso nas feiras.”
Rabelo faz questão de nos lembrar que a carne seca é mais do que um alimento; é um elemento simbólico e cultural que representa a história, a tradição e a identidade do sertão nordestino com suas histórias dos caboclos e indígenas. Ele menciona a força do caboclo, “considerados os verdadeiros donos desta terra e figuras exaltadas durante os festejos ao 2 de Julho”.
“Os caboclos são os primeiros ancestrais que a gente pode chamar de verdadeiramente brasileiros. É a mistura da interação entre pretos, brancos e indígenas. Os primeiros donos dessa terra, nascidos brasileiros, foram os caboclos. E deles nós herdamos diversas formas culturais que se transformaram no que a gente chama hoje da forma de viver dos sertanejos no Brasil”, explica.
“Os sertanejos herdaram essa cultura que a gente chama de cultura dos caboclos, que tem um pouco da cultura indígena, da cultura dos pretos africanos que foram escravizados e trazidos para o Brasil e dos portugueses”, observa.
E para celebrarmos o 2 de Julho e a história dos nossos caboclos neste contexto histórico, a coordenadora e chef de cozinha do Senac Pelourinho, Jacqueline Bomfim, vai nos brindar com uma receita de carne seca com farofa d’água, muito fácil de fazer e iguaria mais que apropriada para lembrar e homenagear os nossos heróis da batalha do 2 de Julho.
Carne seca
Ingredientes
· 500g de carne seca
· 50ml de óleo de soja
Modo de Preparo
1. Em uma panela, adicione a carne já cortada e deixe escorrer até que esteja sequinha.
2. Em seguida, adicione o óleo e frite a carne até que ela esteja no ponto desejado.
3. Pode finalizar com 10g de cebola, mas é opcional. Reserve.
Farofa d'Água
Ingredientes
· 300g de farinha de copioba
· 80g de cebola, picada
· 3 dentes de alho, picados
· 80g de tomate, picado
· 50ml de azeite de oliva
· 150ml de água
· 30g de coentro e cebolinha, picados
· 10g de sal
Modo de Preparo
1. Em uma panela, coloque o azeite e refogue o alho e a cebola
2. Em seguida, adicione todos os demais ingredientes e desligue o fogo.
3. Coloque a água e adicione a farinha, mexendo com as pontas dos dedos para envolver todos os ingredientes e formar grumos, característica da farofa d'água.
Os dois ingredientes ficam deliciosos saboreados juntos
NOTA COM HISTÓRIAS & SABORES
A família “Baconzudos do Bob’s” aumentou: Agora tem bacon em dobro no sanduíche de frango
A família “Baconzudos do Bob’s” agora está completa. A primeira rede de fast food e franquia do setor no Brasil, anuncia o lançamento do “Baconzudo Chicken Crispy”, que traz a combinação de frango com o dobro de fatias de bacon. Recentemente, a marca lançou os sanduíches “Baconzudo Cheddar” e o “Baconzudo Salad”, ambos com proteína 100% bovina. O novo sanduíche já está disponível nas lojas espalhadas pelo Brasil, por tempo limitado. Além das lojas físicas, os clientes podem experimentar os “Baconzudos do Bob’s” com pedidos pelo aplicativo da marca, o “App do Bob’s” e pelas principais plataformas de delivery.
Com novo blend exclusivo, Bravo Burger lança novidades com foco no artesanal
Bravo Burger apresenta seis novidades em seu cardápio, duas delas retornos a pedidos dos clientes. O chef Rafa Zacarias, mente criativa por trás da marca baiana, aposta desta vez em um novo blend exclusivo, à base de Wagyu, Angus e Nelore, reforçando o conceito da hamburgueria de elevar cada vez mais a qualidade da experiência com o sanduíche.Os seis sanduíches apostam em outras qualidades ainda, como pães de fabricação própria e recheios que conferem a cada um uma personalidade única. Bravo Burger conta com 4 unidades em Salvador – Pituba, Barra, Alphaville e Shopping da Bahia. Mais informações: @eusoubravo.
Purgatório Bar ministra palestra e promove encontro de bartenders nordestinos em São Paulo
Pelo segundo ano consecutivo, o Purgatório Bar reúne, em São Paulo, bartenders do Nordeste, durante o Bar Convent Brasil (BCB), maior evento de coquetelaria da América Latina, em julho.Eleito, em 2023, o dono da Melhor Carta de Drinks do Brasil, pela Prazeres da Mesa, o speakeasy baiano, junto com a Campari, promove a 2ª edição do Guest Bartender Nordeste, no dia 3 de julho, no Art Bar Speakeasy, no bairro de Moema.Quem quiser acompanhar, basta entrar em contato.
Investimentos em comunidade rural de Muritiba transformam a mandiocultura da região
Focada na mandioca, uma cultura de grande importância para a região, a CAR forneceu insumos essenciais para a comunidade de Gravatá de Baixo, município de Muritiba, como adubo e calcário, além de ferramentas e equipamentos como trator, carro de mão, balança e barracas de feira para a comercialização. Esse apoio beneficiou diretamente 122 famílias de agricultores da região. Os investimentos do Governo do Estado ocorreram por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
@isabel _qoliveira
Isabel Oliveira ( facebook)