Chez Bernard celebra 60 anos com histórias e gastronomia inesquecíveis

Rua Gamboa de Cima, número 11. Foi neste local que começou uma história de grande sucesso gastronômico em Salvador. Um francês em busca de aventura chegou à capital baiana para trabalhar e iniciar um sonho: dar a volta ao mundo! No entanto, acabou se deparando com um cenário de tirar o fôlego e decidiu fincar raízes na capital baiana.

Bernard Goethals chegou a Salvador nos anos 1960, onde iniciou sua jornada como maître d'hôtel e, pouco depois, se aventurou na cozinha. Durante esse período, ele conheceu uma baiana que falava francês fluentemente, apaixonou-se e casou-se. Juntos, alugaram uma casa na Gamboa e criaram o Chez Bernard, um autêntico minibistrô francês.

A autenticidade do restaurante, no entanto, não se limitava apenas às receitas culinárias francesas. Ele trouxe para Salvador uma cultura provavelmente pouco conhecida dos soteropolitanos à época: os "restaurantes à domicile" ou restaurantes em casa, como são conhecidos na França. Essa tendência vem se espalhando pelo mundo nos últimos anos, com mais evidência, e está relacionada à busca por experiências gastronômicas mais personalizadas. O minibistrô funcionava exatamente na casa de Bernard e sua esposa Zenaide.

Segundo relatos de Verônica Lemos, a atual proprietária do Chez Bernard, nos anos 1960, o francês e sua esposa estavam em busca de uma casa para morar e ficaram encantados com a vista espetacular da Baía de Todos-os-Santos.

"Ele decidiu abrir um minibistrô na casa em que moravam, utilizando os móveis da própria casa e adicionando algumas mesas improvisadas. Inclusive, onde hoje estão nossos janelões, havia uma varanda. Ali ele recebia as pessoas de forma simples, com apenas três mesas. Na sala, também aproveitavam os móveis existentes. E assim começou uma história de sucesso", conta Verônica.

Após uma longa jornada, o restaurante se tornou uma referência afetiva para os baianos e um dos estabelecimentos mais respeitados no cenário gastronômico de Salvador. Por isso, diante do anúncio de encerramento definitivo das atividades, o casal Verônica e Ademar decidiu adquirir o empreendimento.

Verônica e Ademar viveram momentos especiais no restaurante Chez Bernard, e a possibilidade de encerrar uma história gastronômica na cidade os impulsionou a assumir e manter a tradição francesa no cenário baiano, adquirindo o restaurante em 2018.

O casal fez de tudo para preservar o legado de Bernard, mantendo o respeito e a valorização da história ao longo dos 60 anos, e isso também se reflete nos cuidados com os objetos encontrados durante o processo de reforma.

"Pelo fato do restaurante ter uma história toda, fiz questão de criar um memorial no salão principal, logo na entrada. Quando cheguei aqui, encontrei alguns objetos que considerei históricos do restaurante, que poderiam ser utilizados e fazem parte desse acervo. Encontrei o letreiro de madeira original que fez parte da fachada desde a inauguração em 1963, um letreiro entalhado que agora está na adega do restaurante", conta Verônica.

Um dos principais legados é a tradição da gastronomia francesa, que os novos proprietários não abriram mão, preservando o menu original. "Estamos sempre inovando com outros pratos, mas mantemos o foco nos clássicos que ainda fazem muito sucesso. As pessoas têm uma forte memória afetiva e muitas desejam vir ao restaurante para saborear os pratos clássicos."

Fizemos uma reforma com o objetivo de dar continuidade a esse legado, a tradição da gastronomia francesa, ao serviço francês de qualidade

"Sempre introduzimos novos pratos, mas os clássicos permanecem inalterados. As receitas são as mesmas, os mesmos ingredientes. As técnicas utilizadas na gastronomia francesa são originais da França. Fizemos uma reforma com o objetivo de dar continuidade a esse legado, a tradição da gastronomia francesa, ao serviço francês de qualidade, mas principalmente para manter o menu original, com os clássicos", diz Verônica.

"O carro-chefe da culinária do Chez Bernard são os pratos de filé com seus molhos clássicos, destacando-se o molho Béarnaise, que até hoje é um dos prediletos do público, sendo servido no almoço, jantar e também em eventos", conta Verônica.

Tradicional na gastronomia francesa, o molho Béarnaise tem origem na região de Béarn, no sudoeste da França. Segundo o chef Lorran, do Chez Bernard, "Essa região é rica em plantas e ervas, incluindo o estragão, que é muito utilizado. O molho é feito a partir da emulsão de gemas cruas com manteiga e perfumado com o estragão", explica.

Para celebrar os 60 anos de tradição e glamour do Chez Bernard, entregamos um dos seus maravilhosos molhos, o Béarnaise, servido com um filé especial. @chezbernard

Receita do sauce (molho) Béarnaise

Ingredientes para o molho

12 gemas

1 kg de manteiga

400 ml de vinagre de álcool

200 g de cebola roxa 20 g de pimenta do reino em grão 4 colheres de sopa de estragon 4 colheres de sopa, de salsa picada

Sal

Modo de preparo

Machucar a pimenta do reino

Juntar a cebola picada, metade do estragão, a pimenta do reino e o vinagre

Colocar no fogo e deixar reduzir até ficar quase seco

Fora do fogo, juntar as gemas à redução, uma a uma, e bater energicamente

Voltar ao fogo, em banho maria, temperatura em torno de 65° Continuar batendo até a consistência de um creme

Retirar do banho maria e adicionar a manteiga previamente derretida

Coar na peneira, temperar com sal e adicionar o restante do estragão e a salsinha

NOTA COM HISTÓRIAS & SABORES

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