Com origem na cidade de Nápoles, San Gennaro é celebrado em Salvador

Setembro também é mês de festejar San Gennaro. A origem do santo do catolicismo vem da cidade italiana de Nápoles, de onde San Gennaro é padroeiro.

Conta a história católica que São Januário foi preso, decapitado e, depois do martírio, o sangue foi coagulado, colhido e colocado em duas ampolas. Junto com a relíquia, essas ampolas foram transferidas para a Catedral de Nápoles, onde, três vezes ao ano, ocorre o milagre da liquefação do sangue. O fenômeno levou a uma tradição católica de veneração religiosa. A festa que ocorre em setembro diz respeito ao martírio; no mês de maio, ela é dedicada à Virgem Maria; em dezembro, a celebração ocorre por conta de uma erupção do Vesúvio, em 1631. A população acredita que San Gennaro tenha contido o vulcão.

O adido cultural do Consulado Italiano na Bahia Paolo Loi conta que do ponto de vista científico é possível esclarecer por que o sangue se liquefaz. “O que se expõe é uma ampulheta na qual tem um presumível sangue em forma de estrutura química sólida que se chama quelato. Com a agitação e a temperatura das mãos, o sangue pode facilmente tornar-se líquido”, explica.

O fenômeno da coagulação do sangue foi o começo de tudo e a festa do santo católico leva, até hoje, milhares de pessoas às ruas da cidade italiana, num ritual estritamente católico, como diz Paolo.

“A festa de San Gennaro, em Nápoles, é três vezes ao ano. Eu diria, unicamente, religiosa. É uma procissão com desfile”, conta.

E esta parece ser a principal diferença do tradicional festejo que atravessou fronteiras, se estabelecendo em cidades como Nova York e São Paulo, em que a população celebra San Gennaro e transforma a festa num evento popular com comida, bebida e outras atrações

Agora, a tradicional festa começa a ser consolidada em Salvador. Em sua terceira edição, ela ganha contornos de festa de largo, bem típica do espírito baiano, regada a alegria, música e, como não poderia deixar de ser, muita comida italiana.

A ideia nasceu de uma viagem realizada por Celso Vieira, curador gastronômico do evento e proprietário do Pasta em Casa. Ele saiu com o amigo Leandro em um roteiro de visita a produtores na Itália. Foram de norte a sul do país, de Milão até Nápoles. Em Nápoles foram impactados pela cidade.

“Fiquei absolutamente encantado! Em Nápoles há uma igreja onde estão os restos mortais de San Gennaro. Me enfronhei nesta história de San Gennaro. Essa festa é poderosíssima na região. Ela acontece todo o dia 19 de setembro, o dia do santo. Tem procissão, é uma festa de rua que se espalhou por grandes metrópoles do mundo onde tem colônia italiana significativa”, detalhou.

Animado, ele conta que quando chegou a Salvador percebeu que não havia cabimento fazer uma festa Italiana sozinho. Então, convidou outras casas italianas para festejar San Gennaro em plena Salvador.

“A gente resolveu fazer um convite a todos os nossos colegas e concorrentes que fazem gastronomia italiana e houve uma adesão bastante significativa. É uma festa que tem um cunho cultural e muito afetivo. Para mim, no meu caso específico, por causa das minhas tradições italianas. Minha avó era de origem napolitana”, conta.

A festa se concretizou e vem se transformando, aos poucos, numa referência para o Rio Vermelho, o bairro mais boêmio, criativo e cheio de inventividade da cidade.

Hoje, quem for ao Rio Vermelho vai encontrar muita gente curtindo a festa que celebra a gastronomia italiana e reunirá 13 restaurantes de Salvador, além de diversas atrações culturais em 12 horas de programação.

San Gennaro certamente aprovaria a boa comida e o anfitrião de cerimônias, que durante os festejos se veste de São Januário para receber o povo soteropolitano. Mas, digam, no sincretismo religioso quem é mesmo São Januário? Alguém sabe dizer?

Para festejar San Gennaro e a comida italiana, vamos preparar um gnocchi com orientação de Celso Vieira, o chef e proprietário do Pasta em Casa e que teve a bela ideia de festejar o santo católico em terras baianas.

GNOCCHI TRADICIONAL

Rendimento: 6 porções

Ingredientes:

1,5kg de batata farinosa (Bintje, Asterix)

2 gemas

1 xícara (chá) de farinha de trigo

sal a gosto

noz-moscada ralada a gosto

farinha de trigo para polvilhar a bancada

Modo de preparo:

Cozinhar as batatas com casca, escorra e deixe amornar. Descasque e fazer um purê. Coloque o purê sobre a bancada, junte farinha, gemas, sal e noz-moscada. Misture até homogeneizar, com delicadeza, mas com cuidado para não sovar demais a massa. Faça um rolo grosso com a massa. Corte em porções de cerca de 200g e faça, com as mãos, cilindros finos sobre a bancada enfarinhada. Com o auxílio de uma faca, corte em pedaços de cerca de 2cm e reserve numa forma enfarinhada.

Numa panela grande, ferva água abundante e jogue os gnocchis . À medida que eles forem boiando (sinal de que estão cozidos), retire da panela com uma escumadeira e colocar numa travessa.

Servir bem quente, coberto com o molho da predileção e queijo parmesão ralado.

MOLHO POMODORO COM STRACCIATELLA

Rende: 6 porções

Ingredientes:

1 colher de sopa de azeite

2 dentes de alho picados

1 cebola pequena picada

1kg de tomate sem pele e sem sementes

1 xícara (chá) de polpa de tomate

2 ramos de manjericão e mais 2 para decorar

sal e pimenta-do-reino moída a gosto

2 burratas de búfala

Modo de preparo:

Em uma panela coloque o azeite e doure a cebola e o alho. Adicione os tomates picados e refogue por dez minutos. Junte a polpa de tomates e baixar o fogo. Deixe reduzir por cerca de uma hora, adicionando água caso necessário.

Ajuste o sal e a pimenta.

Cozinhe a massa, colocar na travessa e cubra com o molho. Desfaça as burratas em pedaços com as mãos e espalhar sobre o molho.

Servir imediatamente, decorando com o manjericão fresco.

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