Confundida com erva daninha, a beldroega é uma Panc
A hortaliça é orgânica e tem alto valor nutritivo, como a ômega 3
Andando pelas ruas sequer imaginamos que alguns “matinhos” que encontramos pelo caminho sejam plantas comestíveis e não apenas uma erva daninha como costumamos julgar à primeira vista. É bem possível que muita gente já tenha tido a oportunidade de se deparar com essas hortaliças no quintal da própria casa, mas as chances de dobrar a primeira esquina de alguma rua e encontrar uma Panc – ou planta alimentícia não convencional – é altíssima.
A beldroega é um desses “matinhos” da família Portulaca oleracea que têm grande potencial nutritivo. Orgânica e de fácil acesso, ela e outras Pacns crescem praticamente em qualquer lugar, mas, por desconhecermos, não nos damos conta da importância que elas representam e do baixo custo para o consumo.
O gastrônomo, pesquisador e biólogo da Ufba Thiago Serravale de Sá conta que uma das maiores curiosidades sobre a beldroega foi perceber que uma planta que nasce em todas as regiões do planeta tem percepções tão distintas. “Ela é usada na alimentação há milênios, com registros de consumo nas américas há mais de dez mil anos. Na China, ela é considerada medicinal. No Brasil os usos mais comuns são para ornamentar ou como alimentação para animais. Na literatura de agronomia, ela é considerada uma praga de hortas e pomares”, conta.
Durante sua pesquisa, Thiago comprovou que a beldroega é a fonte vegetal mais rica em ômega-3 que se conhece. “Isso é muito interessante quando pensamos em introduzi-la na alimentação. A variação da quantidade de proteínas e carboidratos também foi muito grande entre as variedades”, explica.
O biólogo e gastrônomo também diz que a percepção da beldroega como comida ainda é bem pouco difundida por aqui. “Contudo em países do Oriente Médio faz parte de uma salada chamada fatuche e em Portugal aparece na sopa de beldroegas”, revela.
A beldroega é da mesma espécie da popular onze-horas, cujas flores têm coloração atrativa e servem para decorar muitos jardins. Mal sabem os moradores da casa que as flores e as folhas são comestíveis.
Geraldo Aquino, professor do Instituto de Biologia da Ufba e coordenador da Rede Panc Bahia, esclarece que existem duas espécies muito parecidas e uma terceira com características diferentes, mas todas do mesmo gênero.
“As duas variam em cores de flores e outras características. As duas espécies em questão são a Portulaca oleracea e a Portulaca umbraticola. Ambas podem ser chamadas de beldroega ou de onze-horas. Mas tem outra espécie, a Portulaca grandiflora, que é também chamada de onze-horas e tem diferenças morfológicas mais claras. A folha tem forma de alfinete e não é achatada como as outras duas. E as floras – também de cores variadas – apresentam muitas camadas de pétalas e por isso são muito usadas como ornamentais”, afirma.
Para os especialistas, ainda há muito preconceito com relação ao alimento. Embora tenha vários benefícios e seja um tema que vem ganhando importância entre acadêmicos e gastrônomos, o consumo é pouco estimulado em nossa cultura. É o que reforça o professor Geraldo Aquino. “Falta divulgação para quebrar preconceitos que recaem em plantas como a beldroega, que é uma planta rústica, invasora e usada muito em alimentação animal. Falta informação ao público, mas faltam, sobretudo, políticas de estímulo à produção e consumo de Pancs”, afirma.
Para quem adora uma beldroega e sabe o poder que a planta tem, duro mesmo é ter que colher a iguaria nas ruas sob os olhares curiosos e petrificados de quem presencia a cena.
“Como a beldroega não é encontrada facilmente em feiras, muito menos em mercados, o jeito é coletar na rua sob os olhares curiosos de quem não faz a menor ideia do porquê de estarmos ali catando um ‘mato’”, conta Thiago, que colheu a planta inúmeras vezes nas calçadas.
De acordo com Larissa Ramos, pesquisadora em cultura alimentar e professora de gastronomia da Universidade Católica de Salvador, o baixo consumo de qualquer Panc se deve principalmente a três fatores.
“A gente tem uma indústria que vai determinar o que você come; existe a questão da política pública, que também é relacionada ao mercado da alimentação; e existe a questão da cultura da alimentação. Se você não vir sua mãe fazendo, se você não comeu ainda pequeno, que importância você vai dar para o alimento? Então você não vai comer”, explica.
Larrisa alerta para a necessidade de experimentarmos outras possibilidades e ressalta que a cota diária de vegetais que precisamos ingerir pode vir de nossas plantas nativas. “Não precisam ser de vegetais nativos de outros locais e que são inseridos aqui a um alto custo, que você compra no supermercado e, muitas vezes, passam por um processo que não é natural, que trazem toxinas”, argumenta.
Quem quiser experimentar a beldroega, não perca tempo. Aproveite o clima, dê uma chegada nas calçadas e colha uma beldroega para fazer uma receita bem simples indicada pela por Larissa Ramos. No vídeo, produzido na cozinha industrial do curso de gastronomia da Ucsal, em Pituaçu, ela nos ensina como fazer uma crepioca.
Crepioca de beldroega
2 colheres de sopa (um punhado) de folhas de beldroegas higienizadas
2 colheres de goma de tapioca
1 colher (sobremesa) de azeite de oliva extravirgem (ou qualquer outro óleo vegetal)
1 dente de alho picado
1 pitada de cúrcuma (opcional)
1 pitada de cominho (opcional)
2 ovos grandes
Sal
Gotas de limão
Gratine as beldroegas na frigideira com o azeite de oliva, a cebola e o alho, deixe cozinhar até as beldroegas perderem o volume. Adicione os ovos, o gengibre, o sal e a pimenta. Mexa até o cozimento. Enrole com a ajuda de uma espátula ou colher.
* Atendendo a pedidos, a coluna está publicando, mais uma vez, a reportagem sobre a Panc Beldroega, aproveitando que a matéria não se encontra fixa no sistema, gerando uma nova oportunidade de leitura para quem perdeu o texto publicado em novembro de 2021.
Notas com Histórias & Sabores
Com entrada gratuita, Festival Carnivoria reúne o
melhor do churrasco, rock e folk internacional no Parque Shopping Bahia
A Bahia será o próximo destino do Festival Carnivoria, o maior evento churrasqueiro do Brasil, que vai reunir atrações para toda a família, nos dias 21, 22, 28 e 29 de maio, das 12h às 22h, no estacionamento do Parque Shopping Bahia, em Lauro de Freitas, com entrada gratuita. Assadores famosos vão comandar as grelhas com cortes premium e acompanhamentos para todos os paladares. Serão mais de 10 estações, com destaque para costela de chão, Texas brisket e bife ancho, além de cervejas artesanais, drinks e sobremesas especiais. Inspirado na gastronomia internacional, o Carnivoria oferece uma experiência gastronômica e cultural aos visitantes, espaço para crianças e pets, e shows com bandas premiadas nos dois dias de atrações.
Mais informações no Instagram: @carnivoria
Mistura Itapuã participa do Salvador Restaurant
Week com menu especial
Carinhosamente chamado no Mistura Itapuã como "Menu Week”, o festival de sabores do Salvador Restaurant Week já chegou ao restaurante animando antigos e novos clientes em busca das criações da Chef Andréa Ribeiro. Com direito a entrada, prato principal e sobremesa, o “Menu Week” segue as mesmas regras e valores indicados pelo festival, no almoço e jantar - R$ 69 + R$ 1 contribuição filantrópica e R$ 99 + R$ 1 contribuição filantrópica, respectivamente. Vale ressaltar que para participar da promoção no Mistura Itapuã, válida até 04/06, é preciso fazer reserva antecipada pelo telefone (71) 3375-2623.
Vila gastronômica e temática da capitá será reinaugurada no Clube Espanhol
A vila temática e gastronômica, que manteve viva a chama da tradição nordestina em 2021, volta a funcionar na sexta-feira, 20/05, às 17h, no heliponto do Clube Espanhol, em Ondina. A NOSSA VILA foi pensada para proporcionar ao visitante uma experiência única e surpreendente dentro de uma temática e ambientação que remetem à tradição do povo nordestino, com ambientação que simula uma típica cidadezinha do interior. Opções das culinárias nordestina e mexicana estão presentes no cardápio elaborado por Mirella Ferreira. O menu oferece pratos com nomes que homenageiam a nossa cultura. Dentre eles, o MARIA BONITA com tiras de cupim fritas na manteiga, batata rústica com pimenta caiena e catchup artesanal, dentre outras iguarias de dar água na boca! O espaço funciona nas quartas e quintas a partir das 17h e nas sextas, sábados e domingos a partir do meio dia.
Coffeetown do Corredor da Vitória participa da 19ª
edição do Restaurant Week
A Coffeetown criou um menu especial para a sua
unidade do Corredor da Vitória participar da 19ª edição do Salvador Restaurant
Week, até 11 de junho. No caso do café-bistrô, o cardápio assinado pela chef
Karine Poggio será servido apenas à noite por R$ 74,90. Como opções de Entradas, estão o Queijo
Coalho Grelhado com Chutney de Caqui e Manjericão e a Croqueta de Polvo com Molho
Lambão. Para Prato Principal, as sugestões são o Spaghetti de Pupunha com
Camarão e Molho de Moqueca ou o Risoto Caipirinha, com Fumeiro de Maragogipe,
Limão e Cachaça. Fechando a refeição, as opções de Sobremesa são a Banana Real
com Farofa. Crocante ou o Pudim de
Tapioca com Geleia de Frutas Amarelas e Crumble de Parmesão.
Dia Mundial do Whisky
Dia 21 de maio é celebrado do Dia Mundial do Whisky
e, para brindar com os amantes da bebida, o Pão de Açúcar promove o Festival de
Whiskies, com seleção especial de rótulos com preços especiais. As ofertas vão
até dia 18 de maio e são válidas para compras feitas pelo e-commerce
(www.paodeacucar.com) e aplicativo Pão de Açúcar Mais (apenas para produtos
vendidos e entregues pela rede) e nas lojas físicas de todo Brasil. O Pão de
Açúcar é reconhecido pelo sortimento diferenciado em bebidas alcoólicas, com
rótulos selecionados por meio da curadoria de especialistas. Com isso, o
Festival de Whiskies é mais uma forma de estimular que mais clientes conheçam a
apreciem as opções de whiskies, oferecendo garrafas a preços especiais.