O doce predileto que inebria o paladar e nos banha de afeto
Da invenção do açúcar, passando por aquela sobremesa da vovó, as guloseimas nos levam a lugares inimagináveis
Não há como dissociar o açúcar da afetividade, de algo bom, construído no nosso íntimo desde que nascemos. A começar pelo leite materno, naturalmente adocicado, com associação imediata às emoções afetivas. Depois somos apresentados ao viciante açúcar e suas incríveis iguarias. Então conhecemos parte da nossa alegria, suscitando sentimentos que são jogados imediatamente para a ala do prazer do nosso cérebro.
“Determinar historicamente a origem da produção dos doces é bem difícil. Mas, se falarmos isoladamente sobre a história do açúcar, conseguimos determinar na linha do tempo um início, até mesmo alguns séculos antes de Cristo. Porém, somente por volta do Século V os indianos desenvolveram metodologias para transformar o caldo de cana em cristais de açúcar”, conta o chef e professor do curso de Gastronomia da Estácio, Bruno Tupinambá.

Este feixe de coisa boa chegou até nós através dos portugueses, exímios doceiros, que logo trataram de usar os ingredientes daqui, misturar com os de lá, quando possível, e inventaram umas iguarias irresistíveis, iniciando o Brasil na arte dos doces. Mais tarde chegaríamos à arte da confeitaria.
“No Brasil, a história da confeitaria está diretamente ligada à história dos engenhos de cana e à influência portuguesa na produção de doces. Os primeiros doces brasileiros remontam ao início dos processos de produção do açúcar pelos engenhos, como pé-de-moleque, cocadas e rapadura. E posteriormente com técnicas trazidas pelos portugueses”, conta Tupinambá.

A confeitaria é uma evolução do açúcar ao longo dos tempos. Atravessando séculos e histórias com muitas curiosidades. Entre elas, a de Maria Antonieta. Mais conhecida por ter sido a rainha guilhotinada, ela também fez história por amar doces, além de se embrenhar na cozinha e inventar saborosos pratos.
O filme de Sofia Coppola “Marie Antoinette”, de 2006, explora exatamente este "naco" da história da personagem austríaca que se casou jovem com o Delfim francês, Luís XVI. Com um cenário “candy color”, ou cores doces, em português, a confeitaria é uma forte marca da película com seus deliciosos açucarados, como bolos, tortas, chantilly às pencas, e os famosos macarons, o doce preferido de Maria Antonieta, dizem.
“Algumas pessoas fazem uma relação de importância na confeitaria entre ela [Maria Antonieta] e Catarina de Médici. Catarina trouxe da Itália para a França o refino da mesa, técnicas de cozinha, confeitaria e serviço à mesa. Catarina levou seus confeiteiros e sorveteiros para a França e era conhecida pelos banquetes suntuosos que influenciaram toda a burguesia do século XIV. Antonieta também ficou bastante conhecida nesse sentido, pelas grandes produções em seus banquetes.No fim, tudo isso foi a base para, após a queda da bastilha, os chefs de cozinha, chefs confeiteiros, começarem a popularizar a gastronomia”, esclarece o chef Tupinambá.
E se há uma história para chamar de candy color, ela pode ser contada pelo Lilás Cozinha. A casa, que mudou recentemente de nome, conservou iguarias igualmente deliciosas que marcam os 27 anos de história do espaço.

O Lilás Cozinha é também reconhecido pelo cardápio variado de sobremesas, mas uma delas é a preferida do público e figura entre as mais vendidas.
Criada pela matriarca da família na cidade de Santa Bárbara, tem uma história por trás docemente "candy color", que deu origem à sobremesa mais pedida do restaurante.
“Minha mãe conta que apesar de o Leite Moça já existir (lançado no Brasil em 1921), ela só o conheceu em 1970 e ficou encantada! Ela viu uma lata linda [em um supermercado] e perto tinha uma receita da então Torta Maria. Ela comprou o leite condensado e o creme de leite e, desde então, sempre que tinha uma data importante, dava um jeito de fazer esta sobremesa, que na verdade não era uma torta, e sim o que chamamos de pavê. Mas mainha disse que ela lembra bem e que na época a receita se chamava Torta Maria”, conta Ivana Cunha, sócia do restaurante Lilás Cozinha, ao lado de Pier Paolo Pepe.



A sobremesa era feita nos eventos da mãe de Ivana. O doce fazia tanto sucesso que as pessoas costumavam ligar e perguntar se na festa seria oferecida a conhecida torta. Uma vez confirmado, os convidados levavam as inúmeras vasilhas para garantir a iguaria do dia seguinte. Por conta de tanto sucesso, Ivana teve a ideia de colocar a sobremesa como opção no restaurante, acreditando que o fenômeno seria repetido por lá .E não deu outra!
A tradição foi perpetuada no restaurante, que facilita a vida daqueles clientes que desejam levar a torta para a casa, como sempre acontece, revela Ivana. Com o passar do tempo a sobremesa foi rebatizada de Torta Alemã e recebeu novo ingrediente: foi coberta com uma calda de chocolate. E o doce mais amado do restaurante guarda uma curiosidade: ele é muito consumido pelo público masculino.

“Eu nunca consegui entender por quê. Às vezes acho que é porque as mulheres se arriscam mais, param mais para pensar, para experimentar outras. Eles comeram essa aí, gostaram, não querem mais provar outras e já chegam pedindo sempre a mesma”, revela Ivana.
Quem ficou bem curioso vai ter a oportunidade de fazer esse sucesso do Lilás Cozinha agorinha!

Torta Alemã
Ingredientes:
250g de margarina Qualy
500g de glaçúcar (ou açúcar refinado batido no liquidificador, para ficar bem fininho)
2 latas de creme de leite de lata, sem soro
1 pacote de biscoito Maria
1 xícara de leite para molhar o biscoito
2 latas de leite condensado
2 latas (medir na lata do leite condensado) de Nescau
2 colheres de sopa de creme de leite de caixinha
Modo de fazer:
Bater na batedeira a manteiga com o glaçúcar, na velocidade baixa, até a mistura ficar bem branquinha (cerca de 5 minutos), depois acrescentar o creme de leite sem soro e só misturar. Rservar na geladeira.
Misturar o Nescau, o leite condensado e as 2 colheres de creme de leite. Cozinhar como se fosse um brigadeiro, mas sem deixar dar o ponto de brigadeiro. Quando começar a ferver, retirar e deixar esfriar.
Montagem:
Em um pirex, espalhar um pouco do creme branco, depois colocar o biscoito Maria molhado no leite rapidamente (dica fundamental: molhar pouco para que o biscoito não desmanche). Colocar uma camada de creme branco e vai repetindo esta montagem e finaliza com o biscoito Maria.
Espalhar o creme de chocolate.
Está pronto!
NOTA COM HISTÓRIAS & SABORES
Che Figo abre suas portas no Rio Vermelho

A osteria e drinkeria Che Figo é o mais novo ponto de encontro para amantes de boa comida e bebida na capital baiana. Localizada no charmoso bairro do Rio Vermelho, a osteria funciona de terça a domingo, oferecendo uma experiência gastronômica única, com as delícias da comida italiana e um elegante toque baiano. O menu da casa é assinado pela chef Carolina Urbanetto. Na Che Figo o público vai ter acesso a um cardápio diversificado, com pizzas, antepastos, bocaditos, charcutaria e queijos brasileiros selecionados. A osteria e drinkeria fica na R. da Paciência, 223 - Rio Vermelho. Instagram: @chefigoosteria
CienFuegos completa 28 anos e confirma novo restaurante em Salvador

Em comemoração aos 28 anos do CienFuegos - tradicional casa de entretenimento e gastronomia mexicana no bairro do Rio Vermelho - o empresário André Garin celebra agora a expansão de seus negócios inaugurando uma nova unidade do CienFuegos, ainda neste semestre, na Pituba. Em fase final de obras, o novo empreendimento será a primeira filial do restaurante a funcionar em Salvador.
Palato Especiarias inaugura megastore na Ferreira Costa

A rede Palato Especiarias, comandada pelos sócios Pedro Lisboa e Taciana Lisboa, inaugurou uma megastore na Ferreira Costa, na Paralela. A terceira loja da marca, que é referência em produtos naturais e essências na Bahia, possui uma proposta inovadora e estrutura construída totalmente em vidro. Além de mil produtos nacionais e importados, entre especiarias, oleaginosas, suplementos alimentares, temperos, itens sem glúten e sem lactose, a loja aquário possui em seu interior uma operação da Flora Essências, marca da dupla de empresários focada em fragrâncias, óleos essenciais e itens de perfumaria. Mais informações: @palatoespeciarias.
Grupo Famiglia Valduga promove nova edição do Vin Première em Salvador

O Grupo Famiglia Valduga promoverá no dia 18 de maio, em Salvador, um novo encontro do Vin Première. O evento contará com a presença do sócio fundador e enólogo do Grupo, João Valduga, e do diretor da Ponto Nero e Domno Wines, Jones Valduga, que apresentarão diferentes rótulos premiados das marcas Casa Valduga, Ponto Nero e Brewine Leopoldina. Na ocasião, a Casa Madeira ainda vai apresentar seus produtos premium e a Domno Wines. Durante o Vin Première, o Grupo Famiglia Valduga vai oferecer aos participantes um circuito de degustação com a exposição de todas as marcas presentes.