Simples e poderosos, sopas e caldos são uma boa pedida para o inverno
Os acepipes têm como base o caldo, mas a criatividade para elaborar antigos e novos sabores não têm limites
É no inverno que começa uma necessidade maior de ingerir os alimentos mais quentinhos e “acolhedores “ para os estômagos ávidos por uma refeição com a cara da estação mais fria do ano. E a sopas, os caldos, são uma dessas refeições simples, que se perpetuam há milênios, e até hoje estão presentes nas mais simples casas às mais sofisticadas.
No dicionário Aurélio a sopa é definida como uma especialidade gastronômica à base de carnes e legumes, massa ou alguma outra substância sólida, um espessante, na verdade, substância que dá corpo, densidade aos alimentos.
A invenção da sopa, como muitos alimentos ao longo da evolução da humanidade, não tem uma história com informações precisas. Mas muitos contam que provavelmente a forma de fazer vem de uma era em que o cozimento tem a ver com os vulcões, muito antes do aparecimento do fogo. Assim, para o surgimento do acepipe aproveitou-se esse elemento da natureza. Mas também há quem questione e diga que essa história é apenas uma lenda.
O professor do curso de pós graduação em Cozinha Brasileira da Unifacs, Isac Rabelo, conta que a origem dos caldos e sopas surgiram quando o homem passou a comer alimentos cozidos.
“A sopa e o caldo têm a mesma raiz dos ensopados. Daí o nome ensopado. Mas se pegamos o livro do professor Ariovaldo Franco ele fala que a sopa como a gente conhece, feita para ser um caldo que se toma, foi divulgada na França mais ou menos entre os séculos XVII para XVIII onde um dono de uma estalagem teria deixado pregado na porta a seguinte frase: “ Aqui se servem sopas e caldos, restauradores divinos”. Conta a lenda que o nome restaurante teria vindo dessa propaganda. "Restaurante de caldo restaurador, de sopa restauradora, vendida para os viajantes pelas estradas europeias”.
É a sopa restauradora da Dona Isaura Nunes da Silva que mobiliza dezenas de pessoas atraídas pela “sustança” e acolhimento que o prato sempre desperta nos moradores das redondezas do bar e restaurante, o Pingo da Sopa, localizado na Mangueira, em Massaranduba. Dona Isaura diz que a necessidade levou-a a comercializar sopas.
O alimento era feito com algumas variações, mas os clientes gostam mesmo é de ver uma composição mais forte, como conta Dona Isaura.
‘Hoje a minha sopa é feita à base de verduras, cenoura, chuchu, batata, feijão passado no liquidificador e o osso de boi, que não pode faltar. Na hora de servir, coloco na mesa alguns molhos que o cliente finaliza, como o molho de salsa, de alho e o azeite extra virgem. E acrescento à refeição um pão e o café com leite. O povo não dispensa”, diz, rindo.
Há 18 anos no mercado, a sopa é uma das mais requisitadas da região, e foi ela quem deu condições para dona Isaura sustentar a família. A comida é vendida sempre de segunda a quinta-feira, das 17h até às 20h e sai a R$6.
Dona Isaura é o exemplo vivo do comércio de sopas no país. Simples, dizem que é comida de pobre, ela realmente revela o quanto a sopa no Brasil é muito popular e vista em quase qualquer lugar do país, mesmo nas regiões mais quentes, como no Nordeste brasileiro. Feita com um espessante, ela é um clássico, mas as cozidas com verduras são as clássicas das clássicas.
“ A sopa é um caldo ensopado, que teve adição de um espessante. Além disso, pode ou não ter pedaços de alimentos dentro. Ele pode levar o puré, pode levar sangue, fígado, molho branco, aipim, batata, inhame, gema de ovo, farinha de trigo, todos esses são espessantes. Ela tem que ficar grossinha e aí pode levar pedaços de legumes e carnes vermelhas, frango ou só legumes. O prato mais clássico, atualmente, é sopa de legumes”, esclarece o professor Isac.
O gastrônomo, especializado em culinária francesa, além de pesquisador na área de história da alimentação, também explica que há algumas diferenças entre sopas, caldos e consommés, esta última, uma especialidade francesa. É que muita gente acaba confundindo as características entre esses alimentos, aparentemente parecidos. Mas todos deliciosos, que servem muito bem para os dias frios.
“ Existe uma diferença de caldos e sopas. Temos três nomenclaturas: o caldo, consommé e a sopa. O caldo é um cozido com líquido e sedimentos, alimentos sedimentares. Pode ser ossos, pode ser pedaço de carne, com camarão, o peixe ou ave. Mas a característica do caldo, é que ele não é engrossado com nenhum espessante, como acontece com a sopa. Já o consommé, da alta gastronomia, é um caldo filtrado e purificado, servido puro, sem nada, para que a pessoa tenha uma sensação de limpeza do paladar. Normalmente, são muito suaves e agradáveis e tem uma cor linda”, diz.
Mas, é preciso levar em consideração que a regionalização dos pratos clássicos acaba por considerar uma espécie de licença poética e os conceitos se misturam às técnicas na aculturação do feitio do alimento em determinadas regiões. Assim, o caldo de sururu, por exemplo, não seria bem um caldo, mas uma sopa.
“Existe uma diferença entre a conceituação teórica e a habilidade do chefe de cozinha. A diferença que fazemos de caldo, consommmé e sopa é uma diferença conceitual, técnica, mas na prática ele pode sofrer novas nomeações para determinada região. Um caldo, por exemplo, que não costuma ser espesso, aqui na Bahia temos o hábito de espessar. Nós temos como exemplo o caldo de sururu. É sururu, castanha, amendoim e camarão batido. O sururu é posto junto com aquele caldo que foi batido espessando. Seria na verdade uma sopa, mas a gente chama de caldo porque é uma característica regional”, explica.
É uma base de consommé, que depois leva alguns ingredientes diferentes, com receita própria, que tem feito muito sucesso no restaurante Vini Figueira Mar, no Rio Vermelho, de Vinícius Figueira. Consommé de pinaúna, o conhecido ouriço- do- mar.
“Cada mudança de cardápio fazemos mudança de sabores. Hoje, por exemplo, fixo no restaurante Vini Figueira Mar é o consommé de pinaúna e o caldo de sururu. O consommé de pinaúna nasceu porque o nosso restaurante é de frutos do mar. Nós pegamos a ova de pinaúna fresca e servimos algo inusitado, que você não vê em qualquer restaurante. Ela fica com um sabor do mar superespecial”, enfatiza.
Vine também comenta sobre a sopa de sucesso em um dos seus restaurantes, a sopa da tradicional culinária francesa vichyssoise, à base de alho-porro, cebola, batata, dentre outros ingredientes.
“ É a que faz mais sucesso. Usamos creme de mandioquinha com cogumelo, alho-porro, e sai bastante”, conta, nos deixando com água na boca.
A receita de hoje nos inspira para o inverno. Aproveite esses ventos frios que vem atravessando as várias regiões do país, como a nossa Ela é quentinha, com um sabor bem especial, sofisticado pela criatividade, ao mesmo tempo que tem a cara da Bahia. Vamos tentar conversar com os pescadores, adquirir algumas unidades e curtir mais uma comidinha gostosa na coluna Historias & Sabores. Vem consommé de pinaúna!
Consommé de pinaúna
Ingredientes
250 de polpa de pinaúna
120g de castanha
120g de amendoim
150g de camarão seco
20g de alho picado
400g de cebola
100g de tomate
150g de pimentão verde
100g de pimenta de cheiro
150 ml de azeite de dendê
200ml leite de coco
100g de coentro picado
2kg de aipim descascado
50ml azeite de oliva
1 limão Taiti
Sal a gosto
Modo de fazer
Em uma panela, cozinhe o aipim com água e sal e bata no liquidificador com ajuda do próprio líquido do cozimento até formar um creme e reserve. Bata no liquidificador o amendoim, castanha, cebola, camarão seco, pimenta de cheiro, e o leite de coco. Aqueça uma panela e ponha o azeite de dendê, em seguida acrescente o alho e deixe dourar. Após o alho dourado, acrescente a mistura que foi batida no liquidificador e deixe cozinhar. Adicione a polpa da pinaúna e o creme de aipim batido. Para finalizar, após o caldo pronto, ponha o coentro picado e suco de um limão Taiti. Sirva ainda bem quentinho.
*Texto publicado em junho/2022
@isabel _qoliveira
Isabel Oliveira ( facebook)
NOTA COM HISTÓRIAS & SABORES
Nutricionista Carolina Dias lança salgados proteicos para ganho de massa muscular
A nutricionista e fisioterapeuta dermatofuncional Carolina Dias, referência em emagrecimento saudável em Salvador e fundadora da CD Clinique – Saúde & Bem-estar por Carolina Dias, acaba de lançar quatro salgados proteicos, ideais para ganho de massa muscular e para quem está fazendo uso de medicações para perda de peso. Entre as novidades, estão a coxinha de alta proteína e baixo carboidrato; a saltenha low carb com massa de oleaginosas e recheio de proteínas, legumes e temperos especiais; a pizza low carb feita com farinha de amêndoas e castanha; e os quiches com massa low carb recheados com carne seca com banana ou espinafre com ricota.
Endereço: Rua das Hortências, 398, Pituba
Horário de funcionamento: de segunda a sexta das 8h às 18h e aos sábados das 8h às 12h / Telefone: 71 99204-7498/ @cdclinique
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Redes da Cencosud Brasil participam da Semana Nacional da Carne Suína
Até o dia 19 de junho, a Cencosud Brasil, uma das maiores supermercadistas do país, participa da Semana Nacional da Carne Suína, envolvendo as bandeiras GBarbosa, Bretas e Prezunic. Lançada pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), a iniciativa está em sua 12ª edição e tem como principal objetivo promover a diversidade da carne suína nas principais redes varejistas do Brasil.Além de ser uma escolha econômica, a carne suína oferece uma fonte nutritiva e saborosa, adequada para um estilo de vida saudável no dia a dia e para ocasiões especiais.