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Histórias & Sabores

Por Isabel Oliveira

ACERVO DA COLUNA
Publicado sábado, 02 de abril de 2022 às 1:34 h • Atualizada em 02/04/2022 às 11:26 | Autor:

Tartar de carne de sol e sua mistura de culturas e técnicas

O procedimento de salgar a carne para fins de preservação tornou o método parte de uma cultura viva

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O tartar faz referência aos tártaros, grupo étnico turcomano
O tartar faz referência aos tártaros, grupo étnico turcomano -

É bem provável que a técnica de salgar a carne para fins de preservação, de modo que seja consumida por mais tempo, tenha mais de 400 anos. A carne de sol é uma delas. Mas até hoje não se comprova nem mesmo a história de quando tudo começou. O fato é que descobrir que o sal conservava o alimento, desidratava e preservava para que a iguaria fosse consumida até dias depois, sem prejuízo para o homem, tornou o método parte de uma cultura viva até os dias atuais.

Há correntes que chegaram a pensar que talvez o método fora descoberto pelos índios no Brasil, mas não há vestígios desse modo de conservação dos alimentos dessa cultura.

A carne de sol é desidratada com sal, no vento e no sereno
A carne de sol é desidratada com sal, no vento e no sereno | Foto: Divulgação| Fábio Vidal

Considerada como uma forma de salvaguardar os alimentos de origem animal salgando e secando ao vento e no sereno, a carne de sol, geralmente feita de carne de boi, é uma iguaria tentadora para quem pode se refestelar com o alimento. Ela é salgada, exposta durante toda a noite em local ventilado e no sereno. Logo nos primeiros raios de sol, é retirada, pois não pode ficar exposta ao astro-rei, ao contrário da carne de sertão, essa, sim, salgada e estendida ao sol.

O mestre charcuteiro Fábio Vidal diz que “a carne de sol não vai para o sol! Quem vai é a carne de sertão”, conta, rindo da ideia, que muitos têm de forma equivocada, sobre como é feita a carne de sol. Pelo nome, a maioria acredita que é de sol porque fica estendida pegando aquele bronze do astro-rei. Mas ledo é o engano”.

A carne de  sol não seca no sol, mas no sal, no vento e no sereno
A carne de sol não seca no sol, mas no sal, no vento e no sereno | Foto: Divulgação| Fábio Vidal

“Empiricamente falando, aquela senhorinha do interior que abria a carne em manta, no olho, porque não havia balança nem geladeira, pendurava a carne no varal, e deixava no sereno. Nos primeiros raios de sol, ela gritava: menino, corre ali e tira a carne do sol! Porque a carne não podia ficar no sol. Ela tinha que ficar no sereno para desidratar pelo vento e pelo sal”, explica o mestre charcuteiro.

Ele também conta que naqueles tempos, por não haver balança, as pessoas salgavam a carne de outro modo. “Hoje já não se faz dessa forma. Com a técnica da charcutaria, a gente põe a quantidade de sal específica, de açúcar, para dar um equilíbrio, e aí leva para uma cura, seja refrigerada ou não. Ela passa no mínimo 12 horas nessa cura. Após isso, a carne é lavada com água corrente, seca e está pronta para ser usada”, ensina.

Ele também esclarece que a técnica de fazer a carne de sol desta forma dá a ela característica de meia cura. “A carne de sol tem uma meia cura, portanto, ela tem atividade de água por dentro e a carne de sertão não tem, pois esta é salgada e exposta ao sol para desidratar 100%”, revela.

Hoje é bem comum a utilização da carne de sol, que faz parte de uma cultura provavelmente de centenas de anos, com descobertas que nasceram por uma necessidade de conservar a comida por mais tempo. Imagina matar um boi e ter que comer tudo o mais rápido possível por não haver como salvaguardar a delícia! Era preciso preservar o próximo almoço, principalmente para quem iria fazer longas viagens.

Na atualidade, a técnica encontrou novas formas de produção e consumo
Na atualidade, a técnica encontrou novas formas de produção e consumo | Foto: Divulgação/Mirante

Na atualidade, aliás, a técnica muito apreciada encontrou novas formas de produção e consumo, aproveitando o que há de mais regional, preservando, inclusive, a sua história, que permanece até hoje em vários tipos de estabelecimentos. São receitas de dar água na boca, como mostra o chef Léo Grimaldi, comandando a cozinha no Mirante, localizado no Farol da Barra, onde o sol e o vento são ingredientes pra lá de interessantes e que temperam o dia de qualquer um.

O chef Leo Grimaldi gosta de dar uma cara internacional aos pratos
O chef Leo Grimaldi gosta de dar uma cara internacional aos pratos | Foto: Divulgação/Mirante

Para Leo, “nada é mais regional do que a carne de sol, a manteiga de garrafa, o maxixe, o melaço e a pimenta para compor o prato. Quero mostrar que a Bahia vai muito mais além do que o dendê, produto que eu adoro, aliás. Eu acho que nós, baianos, temos que passar para o mundo inteiro o que é que a Bahia tem e que a nossa gastronomia é muito farta, muito ampla.”

É por isso que Leo confessa que dá “uma cara internacional em todos os pratos”. Foi assim com o Tartar de Carne de Sol, que leva picles de maxixe, batata-doce e melaço de dedo-de-moça. Quer ingredientes mais regionais, além de muito criativos, do que estes? Agora imagina o requinte de misturar duas culturas em uma só?

O tartar faz referência aos tártaros, grupo étnico turcomano
O tartar faz referência aos tártaros, grupo étnico turcomano | Foto: Divulgação/Mirante

O tartar, também conhecido como tartare ou bife tártaro, conquistou muitos paladares no Brasil. Mas sua origem, dizem, faz referência aos tártaros, grupo étnico turcomano que atualmente vive principalmente na Crimeia e em algumas regiões da Rússia e da Turquia.

“Esse é um dos pratos mais vendidos aqui no Mirante, que está bem empatado com o Ceviche Tropical, servido no maracujá”, afirma.

“Quando as pessoas veem o prato passando, ele é um dos mais lindos que tem, porque a estética conta demais, as pessoas ficam curiosas. Os tipos de batatas-doces têm cores lindas, o maxixe dá um contraste, a gente usa alguns brotos e isso chama muito a atenção, desperta a curiosidade”, diz, deixando a gente com água na boca.

o Tartar de Carne de Sol leva picles de maxixe, batata-doce e melaço de dedo-de-moça.
o Tartar de Carne de Sol leva picles de maxixe, batata-doce e melaço de dedo-de-moça. | Foto: Divulgação/Leo Grimaldi


Da carne salgada de outrora, com um toque internacional para o Mirante do Farol da Barra, apresentamos o Tartar de Carne de Sol do chef Leo Grimaldi!

Tartar de carne do sol

Ingredientes

120g de carne de sol

1 colher de sopa de azeite

1 pimenta doce pequena picada

1 colher de sopa de cebola roxa

1 colher de sopa de coentro

1 colher de chá de de molho de manteiga de garrafa

Pimenta tabasco a gosto

Flor de sal (opcional)

Para a finalização

Manteiga de garrafa

Chips de batata doce

Picles de maxixe( ou picles de sua preferência)

Melaço de pimenta

Modo de preparo

Com a carne bem limpa, pique toda ela com uma faca em pedaços finos e bem pequenos.

Em um bowl misture o molho de manteiga de garrafa e a pimenta tabasco.

Acrescente a carne, junte todos os temperos já picados e misture novamente.

Se desejar finalize com flor de sal.

Finalização

Em um prato coloque o tartar em linha, coloque o melaço em zig zag por toda a carne, coloque alguns chips de batata doce. Entre estes espaços coloque o picles, que pode ser de outro legume, e finalize com uma gotinha do molho de manteiga de garrafa.

Obs. Você pode substituir o molho de manteiga de garrafa por um comum, bem como o melaço

NOTAS COM HISTÓRIAS & SABORES

A marca é encontrada no Shopping Bela Vista
A marca é encontrada no Shopping Bela Vista | Foto: Divulgação

The Waffle King desembarca no Shopping Bela Vista

Para os apaixonados por Waffles e doces especiais, acaba de desembarcar no Shopping Bela Vista a primeira unidade baiana da franquia The Waffle King, primeira rede de fast food de waffle da América Latina. O restaurante está localizado na Praça de Alimentação (Piso L1) do empreendimento e oferece, além dos waffles de Liège e de Bruxelas, inspirados em receitas tradicionais da Bélgica, opção salgada, Waffle Kids, milkshakes e cafés. O cardápio também conta com pizza própria da marca, em seis opções de sabores.

Na temporada da páscoa, redes apostam na variedade

A menos de um mês da Páscoa, os chocolates já começam enfeitar as prateleiras das lojas. As redes Perini e GBarbosa apostam na tradição e variedade com produtos de fabricação própria, além de marcas premium, nacionais e importadas. A Perini vai produzir mais de 10 mil ovos de Páscoa nos sabores ao leite, branco, cacau 50% e 70% e diet (250g), a partir de R$ 19,90. No GBarbosa, entre as novidades da linha infantil estão o Batman, com um porta-celular que ativa o bat-sinal Mulher Maravilha, com um bracelete da super heroína. Os preços são a partir de R$47,90.

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