2026 ainda está em aberto, mas Lula quer Bolsonaro e vice-versa
Confira a coluna de Levi Vasconcelos

Na história da Bahia a influência federal sempre foi decisiva na política. ACM imperou por 40 anos sempre com forte conexão por cima. Perdeu quando desconectou. Lula presidente, Jaques Wagner desbancou Paulo Souto, governador bem avaliado.
Claro que há as exceções e Rui Costa é uma. Em 2018 se reelegeu mesmo tendo o governo de Michel Temer contra. Na eleição que Bolsonaro venceu (no embalo da facada), o cenário federal era conturbado. Mas são exceções, já dissemos.
É assim que entendemos porque assim tem sido. Isso responde ao leitor Jonathan Ferreira, morador da Barra, que quer saber se ACM Neto teria alternativa de apoio competitivo, já que o tanto faz apregoado em 2022 era uma ópera bufa.
Polarização – Eis a questão: Lula já disse que é candidato, vai disputar a reeleição, e quem vai enfrentá-lo? ACM Neto lançou em Salvador o governador de Goiás Ronaldo Caiado, mas a grande expectativa dos opositores do PT é Tarcísio Freitas (Republicanos), governador de São Paulo.
É direita, mas com uma estampa arejada, ao contrário de Bolsonaro que está mais para troglodita. O problema de Tarcísio é que no caminho dele está o próprio Bolsonaro, que já disse, na vista dele: ‘Sou candidato’.
A questão é que se Bolsonaro ficar fora, acaba. Dizem que ele ficará até o último suspiro, mesmo condenado e inelegível, até tirar alguém do bolso do colete e botar. Criou-se uma anomalia política: Lula quer Bolsonaro e Bolsonaro quer Lula. Como diz o deputado federal Zé Rocha (UB), ‘os dois se retroalimentam’.
E em Nilo, ‘Jacque de ACM Neto’ acabou virando ‘Jacque de Jero’
Nilo Peçanha, no Baixo Sul, entre Taperoá e Ituberá, completou 152 anos anteontem e a prefeita Jaqueline Oliveira (Pode), a Jacque, virou sensação ao declarar publicamente, após listar as obras do governo lá.
– Antes era Jacque. Agora é Jacque de Jero. Agora é Jero e Jacque!
A questão é que Jacque em 2022 integrava o time dos 114 prefeitos que apoiaram ACM Neto, que venceu a eleição no município. Ou seja, ela passa a integrar o elenco de prefeitos antes na oposição, agora com Jerônimo.
No time dos que mudaram também está Girley Nazareth (PDT), de Santa Cruz Cabrália. Em 2022 ele não era prefeito, mas militou na oposição (Jerônimo venceu lá com folga).
Isso influi no jogo? Claro que sim. A depender de como as peças se mexam noutros tabuleiros, tais alianças podem ser decisivas.
Olívia Santana em Brasília
Após ter sido vereadora em Salvador, a deputada Olívia Santana, já no segundo mandato, está se arrumando para em 2026 voar mais alto, eleger-se deputada federal.
Ela é do PCdoB, partido que já tem em Brasília, ambos com seis mandatos, desde 2003, Alice Portugal e Daniel Almeida. Ela diz buscar a honra de ser a primeira negra a chegar lá.
– No partido, não vejo problemas. Já tivemos três deputados federais. E eu estou aqui para garantir que a gente possa, sim, num estado como a Bahia ter uma mulher preta eleita federal. É muito ruim olhar para a nossa bancada e não ver nenhuma mulher preta lá. Chega a ser uma contradição.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Olhar para dentro
Políticos do sertão se queixam que virou rotina cães atacando bois e cabras, um cenário novo, mas animais soltos nas ruas (bois, cavalos, jumentos e cabras) sempre foram um problema na história de Glória, cidade próxima à barragem do Moxotó, a 9 km de Paulo Afonso, sertão pleno, tido como o lugar mais seco do Brasil.
O problema vem desde os tempos de império, quando o então lugarejo chamava-se Vila de Nossa Senhora da Glória do Curral dos Bois e, jocosamente, Porto dos Cachorros.
A prefeita Vilma Negromonte, antes e agora, já desencadeou campanhas de combate à criação de animais soltos.
João Ferreira, primeiro prefeito da cidade, sabia que o problema era difícil, mas jurou: “Pelo menos no meu local de trabalho eu resolvo”. Botou na porta da prefeitura, praça principal, a placa com aviso em letras garrafais: “Colabore com a administração. Não amarre jumento na porta da prefeitura para não prejudicar os que estão dentro”.