A chegada dos portugueses foi boa ou ruim? O racismo é a pior sequela | A TARDE
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A chegada dos portugueses foi boa ou ruim? O racismo é a pior sequela

Confira a coluna Levi Vasconcelos deste domingo

Publicado domingo, 21 de abril de 2024 às 07:00 h | Autor: Levi Vasconcelos
Construída entre 1549 e 1551 pelos Jesuítas a igreja de Nossa Senhora d’Ajuda, que dá nome ao distrito, é uma das referências históricas da Costa do Descobrimento
Construída entre 1549 e 1551 pelos Jesuítas a igreja de Nossa Senhora d’Ajuda, que dá nome ao distrito, é uma das referências históricas da Costa do Descobrimento -

Nossos velhos e prezados mestres lá na nossa Facom da UFBA já ensinavam: ponto de vista é a vista de um ponto. A Baía de Todos-os-Santos vista do Elevador Lacerda é uma coisa, da Ilha dos Frades é outra e da Ilha de Itaparica é outra, e é a mesma baía.

E por aí o dia 22 de abril de 1500 tem dois pontos de vista. O dos portugueses, que celebra a data como o Descobrimento do Brasil, e o dos antropólogos, a ciência que estuda a origem dos povos e suas características, como a chegada dos portugueses.

E também por aí na festa dos 500 anos em Porto Seguro, no dia 22 de abril de 2000, Fernando Henrique Cardoso, o presidente, puxou todas as comemorações celebrando o Descobrimento do Brasil.

Na passarela —Tinha jornalistas de todo canto. Na véspera da festa, pausa para confraternização, com um encontro na Passarela do Álcool. Geraldão, jornalista da terra (hoje no céu), já embalado por algumas cervejas, subiu na mesa:

— Queridos colegas do Brasil, vocês veem um espetáculo da natureza nessa maravilhosa Terra Máter. Saibam também que ela espelha a primeira grande lição dos portugueses: ladrão tem bom gosto.

E daí o papo correu. O português chegou enxergando o índio como sub-gente, tentou escravizá-lo, não colou. Foi na África, pegou os negros para tratá-los como bichos. E após séculos de muitos maus tratos e assassinatos com o tempero da perversidade, as sequelas estão aí firmes e fortes. O jogo dos sensatos é corrigir os pecados.

Em Jequié, nova pendenga familiar no jogo da política

Na política de Jequié o hoje deputado Hassan Ioussef (PP), rompeu com o cunhado, o deputado federal Antonio Brito (PSD), e fechou com o prefeito Zé Cocá (PP), com apoio de quem se elegeu.

A versão 2024 do mesmo imbróglio tem novos ingredientes. Brito, que hoje é o principal líder da oposição a Cocá, lançou como candidato a prefeito outro cunhado, Alexandre Hassan (PSD), também irmão do deputado Hassan.

Até 2020 Hassan era o vice do prefeito Sérgio da Gameleira (PSB), indicado por Antonio Brito, com quem rompeu para ficar com Cocá.

Comedido, Hassan não é de fazer discursos histriônicos, mas sempre fala que está muito satisfeito com a aliança com Cocá. Mas ainda nada falou sobre a nova situação. Na bolsa de apostas, 99% cravam que ele fica com Cocá. Falta ver com que discurso.

Valença vai ganhar hospital

O governador Jerônimo Rodrigues diz que está em vias de ir a Valença para dar início ao projeto do Hospital Regional e Maternidade da Costa do Dendê, que pretende contemplar os 14 municípios do Baixo Sul.

— Só está faltando ajustarmos alguma coisa na questão do terreno.

Ele pretende instalar uma rede cobrindo os 27 territórios de identidade. No da Costa das Baleias, R$ 200 milhões, no de Alagoinhas, R$ 161 milhões.

Os bons preços turbinam o frisson na turma do cacau

Produtor de cacau em Jitaúna, onde foi prefeito dois mandatos, o deputado Patrick Lopes (Avante) admite: a região cacaueira vive um raro momento de bom astral, o melhor desde que a vassoura de bruxa espalhou terror. Motivo: o preço do produto chegou a R$ 1 mil a arroba (15 quilos). Ponderando que em 2015 era R$ 109 a arroba e a coisa se arrastou até 2023 com no máximo R$ 113, é um boom.

— Não tenha dúvida que é um bom momento. Muita gente cultiva cacau irrigado, o que dá duas safras por ano.

Juvenal Maynard, ex-superintendente da Ceplac, diz que o otimismo é justificável.

— A projeção é que isso vai durar pelo menos 4 anos. Dá para cada um arrumar a vida.

POLÍTICA COM VATAPÁ - Na Capital do Bode

E já que a Assembleia resolveu instituir capitais pela Bahia conforme as vocações de cada lugar, como Capital do Couro em Ipirá, da Cerveja em Alagoinhas, do Vinho em Morro do Chapéu e do Biscoito em Conquista, convém lembrar: Uauá já é conhecida nacionalmente como a Capital do Bode, falta oficializar. Terra das andanças de Lampião e palco da primeira batalha da Guerra de Canudos, lá tudo gira em torno do bode – a economia, a política, o folclore e a culinária.

Na política, o povo, para estrilar suas desventuras, cunhou lá no início do século passado a frase até hoje em vigor: terra de cabras fortes e políticos fracos.

Conta José Guimarães Filho, o Zé Branco, ex- prefeito da vizinha Andorinha, que lá um dia um forasteiro, chegando em Uauá, procurou um restaurante:

— O que tens aí para degustarmos, senhora?

— Tudo. Bode assado, bode moqueado, bode ensopado, bode malassado...

— A senhora não tem outra coisa não?

— Fora disso, só ovos.

— Se não for de bode, eu quero.

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