Alban na CNI encara o desafio de resgatar a construção pesada
Confira a coluna de Levi Vasconcelos deste domingo

Alban, da Biscoito Tupi para a CNI. A frase aí é dita em tom de brincadeira por líderes empresariais da indústria para se referir a Antonio Ricardo Alvarez Alban, ou simplesmente Ricardo Alban, o presidente da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), que dia 30, ou dentro de nove dias, na segunda da próxima semana, assume a presidência da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
É o topo da representação industrial no Brasil, entidade habituada a receber visitantes ilustres, como Bill Clinton e Barack Obama, ex-presidentes dos EUA e também do Príncipe Charles, hoje Rei da Inglaterra.
Alban é dono da Biscoitos Tupi, daí a brincadeira. Em janeiro de 2014 elegeu-se vice-presidente da Fieb quando Carlos Farias liderou a oposição a José de Freitas Mascarenhas, o criador do Senai-Cimatec. Em novembro Farias morreu, ele herdou o trono.
propostas —Teve o mérito de fazer uma gestão de excelência. Deu sequência ao trabalho de Mascarenhas no Senai-Cimatec, colocando a instituição no topo da vanguarda modernista nacional. E agora diz com toda a tranquilidade que chegou lá, na CNI, por isso.
— Não tenho dúvida de que é o reconhecimento ao nosso trabalho.
Fundada em 1938, a CNI já teve outro baiano, o segundo presidente, Augusto Viana Ribeiro (1954-1956), também médico e duas vezes deputado federal, no comando. Nestes novos tempos, ele cita metas que em verdade são desafios. Algumas:
1 — Retomar o protagonismo da indústria da construção pesada no Brasil, que a Lava Jato levou a pique.
— O mal ao Brasil foi grande. Hoje não temos engenheiros para suprir as demandas, está faltando mão de obra qualificada.
2 — Lutar para dar celeridade às tecnologias da inovação, modernizando a indústria nacional com máquinas e equipamentos de ponta, também conectados com a produção de energias limpas.
— A humanidade marcha por aí. É tão sensato quanto possível. Temos condições.
3 — Sensibilizar o sistema financeiro como um todo para financiar as inovações necessárias ao conjunto.
— Não é só o BNDES que deve nos financiar, mas todo o sistema. Tem faltado muito isso, o suporte financeiro.
História —Ele ressalva que tais propostas marcam as discussões entre empresários e o próprio governo:
— É aí que está a questão, transformar em fatos aquilo que se fala. Temos uma vantagem, a recriação do Ministério da Indústria e Comércio tendo como ministro Geraldo Alckmin, que é o vice-presidente da República.
A CNI só teve até hoje 14 presidentes. Alban será o 15º. Explica-se. Lá o presidente ganha um mandato de quatro anos, mas pode se reeleger quantas vezes quiser ou puder.
O mais longevo deles foi Euvaldo Lodi, o primeiro, mineiro, ficou lá de 1938 a 1954, ou 16 anos. O atual presidente, Robson Braga, que Alban vai suceder, também mineiro, está lá desde 2010, 13 anos, o segundo mais.
E quanto vai durar o mandato de Alban? A aposta é que tem tudo para ser longo.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Último desejo
No tempo em que beleza se media pelo potencial comercial, um bom porto ou jazidas de ouro e diamante, a área que hoje é Mata de São João, no litoral norte, vivia quase esquecida, mas quando natureza pura adornada por belas paisagens passou a contar, o jogo virou e hoje é um dos grandes points turísticos baianos. E enquanto viveu, Ladislau Reis de Souza, o Coronel Santinho, deu as cartas por lá. Mandou 35 anos. Foi prefeito três vezes, sempre fazendo o sucessor, ganhando todas de José Carlos Corrêa, o Zezeca.
Já no leito da morte, em 1985, manifestou um dos seus últimos desejos: queria ver Zezeca.
Convite aceito, os dois de cara, o Coronel falou:
— Zezeca, estou no leito da morte. E lhe chamei aqui porque eu não morreria tranquilo sem lhe dizer uma coisa: você será o próximo prefeito de Mata.
— Por que, Coronel? O senhor vai me apoiar?
— Eu jamais lhe apoiaria! Você vai ganhar porque eu vou morrer! Nunca ganhou porque eu não deixei!
Santinho morreu, Zezeca ganhou, derrotando Ladislau Filho.
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