Cacau, das bruxas ao Vale do Silício. É a 3ª era
Confira a coluna de Levi Vasconcelos
Do Silicon Valley poucos ouviram falar, mas do Vale do Silício, na Califórnia, EUA, o maior núcleo de inteligência destes tempos da sociedade em rede, Deus e o mundo sabe. Pois é de lá que emergiu em território uma revolução mundial, colocar plantas em rede.
Pois é daí que nas fazendas de cacau a ideia é chipar cada planta, saber ano a ano quantos frutos cada pé produz. Mais: também chipar árvores do entorno e garantir o tempo todo que elas estão vivas.
Mais que isso, o custo de implantação do produtor vai virar uma ninharia diante do que ele vai ganhar. Paralelamente, pesquisas apontam 100% do uso do fruto do cacau em mais de 100 produtos, de remédio e comida a cachaça. Hoje, só se usa os caroços, que são 12%, do fruto, e ainda acresce um custo de 30% para processar.
Os cérebros —A tecnologia do projeto Meu Pé de Cacau vem de um grupo que tem como cabeça tecnológica Diego Alvarez, baiano, analista de sistemas com especialização em gestão de projetos, inclusos os de base tecnológica, com expertise que passa pelo Vale do Silício, onde sempre foi requisitado.
Baiano de Juazeiro, mas criado em Salvador, Diego juntou-se com o produtor Marcelo Abrantes, de Uruçuca, que na fazenda dele, às margens do Rio Almada, idealizou a biorefinaria. Pegou a consultoria de Juvenal Maynart, ex-diretor geral da Ceplac, que criou o Parque Tecnológico em parceria com a Universidade Estadual de Santa Cruz.
É também na fazenda de Marcelo que estão sendo feitos os experimentos com a chipagem, com o detalhe: os equipamentos também têm um toque baiano, são desenvolvidos no Senai-Cimatec.
Diego fala que a tecnologia pode ser aplicada em qualquer tipo de lavoura. E se assim o é, por que começar justamente pelo cacau?
— É um fruto com 100% de aproveitamento e já temos a tecnologia nisso. Além disso, o cacau vive sua pior crise, mas tem vasto cabedal tecnológico também na proteção ambiental.
Diego ressalta que foi tudo planejado e pensado não de acordo só com a tendência mundial agora explicitamente exposta na COP em Dubai, mas com a garantia da preservação ambiental.
O cacau, que viveu a época dos coronéis, o terror da vassoura de bruxa, agora entra na 3ª era, a do silício.