Cacete Pão Dividido, o candidato que quer repartir o pão
Cacete diz que em São Francisco do Conde todo mundo o conhece e sabe da sua luta

Figuras folclóricas sempre marcaram presença nas campanhas eleitorais, e agora, na era digital com o ingrediente do uso do nome social, o DivulgCand, a plataforma oficial do TSE para a divulgação de candidaturas, eles estão aí.
Entre os que querem ir a Brasília tem Na Dúvida é Nego Éder (CD), Teteia do Jegue (MDB) e Márcio Pirão (PSC), mas quem assume o top é Regivaldo Marques Figueiredo (Pode), que está inscrito como Cacete Pão Dividido.
Em campanha, ele desfila pelas ruas de São Francisco do Conde, sua terra, Candeias e adjacências com um enorme pão de isopor na mão e um botijão idem na cabeça. Cola? Talvez sim. Em 2018 foi candidato a deputado estadual e teve 2.949 votos, um sucesso.
Missão —E por que esse nome, amigo?
— Eu nasci com um problema nas pernas, não consigo dobrá-las. Só andei aos 10 anos. Me chamavam Perna de Pau, depois Cacete. Como eu quero um mandato para repartir o pão de verdade, botei o nome.
Barbeiro de ofício, 47 anos, casado, duas filhas, a mais velha, Roseane é quem cuida de aprontar todo o aparato. Aliás, a família é o seu comitê.
—Eu quero mostrar que não sou como esses políticos que aparecem às vésperas das eleições oferecendo bolacha quebrada. Sou pobre, mas o que eu quero mesmo é repartir o pão. É o meu sonho.
Cacete diz que em São Francisco do Conde todo mundo o conhece e sabe da sua luta. Da qual, nas idas e vindas da vida, já tem uma batalha vitoriosa.
— Hoje, apesar da deficiência, eu ando, corro, pulo e jogo capoeira.
Só falta o mandato. Candidatando-se a federal livrou-se de concorrentes estaduais como Bahia do Mingau (Pros), Biluzinho (Pros), Binho Galinha (Patriota), Elizeu Socorro do Lar (Republicanos), Gigante do Povo (PMN) e Ralado de Gel do Bode (PSol). Ele acha que vai.
Obrigação de votar, a questão
Léa Mendes Reis, do Imbuí, pergunta: por que o fim da obrigatoriedade de votar nunca entra na pauta política?
Simplíssimo de entender minha cara. No mundo político se considera de forma quase consensual (com razão) que se o Brasil acabar com a obrigatoriedade do voto automaticamente inaugura um novo modelo de corrupção, o que vai comprar o interesse em votar. Já viu?
‘Anão, dos males o menor’, história dos exóticos é velha
Desde o início deste século, com as urnas eletrônicas já consolidados, a Justiça Eleitoral permitiu aos candidatos o uso do nome de urna E a partir daí a história das eleições no Brasil inaugurou um tempo novo, passou a contar com uma legião de candidatos que democraticamente usam nomes tão exóticos quanto risíveis, alguns pelos quais são conhecidos, pelas atividades que exercem e por ai ou na ponga de algum conhecido..
Assim o é que Brasil afora já tivemos Mude de Posição, Vote Dibruçu, ou também Edilson que o povo gosta, ou Alceudispor, também Jubertina, já dei muito, agora estouj pedindo ou a cereja do bolo: Anão, dos males o menor.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Os 11 apóstolos
“A política é arte de conquistar e preservar o poder”. A frase aí é do mineiro Gustavo Capanema, o mais longevo ministro da Educação da história do Brasil (11 anos, de 1934 a 1945, na ditadura de Getúlio Vargas.
Conta Sebastião Nery que lá um dia o jornalista Benedito Coutinho entrou na sala da casa em que ele morava no Rio, apinhada de livros de alto abaixo. Mas particularmente ficou encantado com um quadro de Portinari com a santa ceia como tema, sendo que Jesus Cristo estava apenas com 11 apóstolos, e não os 12 de pinturas similares.
— Que beleza, hein ministro? Jesus com os seus apóstolos confiáveis, Judas, o traidor, fora. Sinceramente, eu nunca vi isso.
E Capanema:
— Pois é, Bené. O Portinari captou um momento único. Aproveitou o momento em que Judas deu uma saidinha e cravou o quadro. E foi nessa hora que Jesus virou-se para os demais e disse: enfim, sós.