Cairu, o desafio de ver tranquilidade virar um gostoso produto turístico
Coluna de Levi Vasconcelos deste domingo, 19

Cairu é um dos dois únicos municípios arquipélagos do Brasil (o outro é Ilhabela, em São Paulo). Lá, num mix de 26 ilhas três se destacam, a de Cairu, na sede, onde fica a prefeitura e a única que entra carro, a de Tinharé, que tem o Morro de São Paulo como vedete, e Boipeba.
É aí que começa a ponta do novelo. Na era do Brasil Colônia o donatário da Capitania de São Jorge dos Ilhéus, Luca Giraldi, fundou a vila de Cairu, que imperou nos velhos tempos com o majestoso Convento de São Benedito à frente.
Agora, nos novos tempos, o do lazer turístico, que ganhou força a partir da década de 1990, Tinharé e Boipeba que têm praias viraram os primos ricos. Cairu, que tem história, mas não tem praia, virou o primo pobre. E Hildécio Meirelles (UB), o prefeito, aos 69 anos, no quinto mandato, botou o pé na estrada para tirar a cidade disso.
Revitaliza Cairu –Ele começou lançando o projeto Revitaliza Cairu, que pretende dar vida a sobrados abandonados e casas idem na Rua Direita. Ele tem visitado pontos turísticos do Brasil e também vem recebendo a visita de prefeitos de zonas turísticas.
No início do mês, por exemplo, ele recebeu a visita do prefeito Cláudio Ferreti (MDB), de Angra dos Reis, no Rio.
– Estamos trocando ideias. Assim acertamos mais.
No projeto Revitaliza ele vai convidar proprietários de imóveis abandonados para conversar, com um recado: ou revitaliza ou a Prefeitura vai desapropriar pelo valor venal do imposto. O valor médio é de R$ 50 mil. E a partir daí estabelecer regras para a ocupação, com bares, restaurantes, hotéis e pousadas, ou mesmo residência.
Segundo tempo –Diz Hildécio que a pretensão é inserir a cidade de Cairu no contexto de Tinharé e Boipeba. No conjunto, o município tem pouco mais de 20 mil habitantes, arrecada R$ 180 milhões por ano.
– O que queremos é atrair um novo olhar para cá. Estamos viajando por aí para aprender e com algumas temos a ensinar, mas com outras aprendemos boas lições.
– Tem muitas cidades turísticas por aí que também não têm praias. Ora, não temos praias, mas temos cultura. Temos a Chegança, a Barquinha, Congos, Reisado e Festa dos Caretas, cultura herdada dos portugueses e nativa. Vamos otimizar isso.
O Revitaliza já está em andamento. Diz Hildécio que está em conversas com dois proprietários. No foco estão em torno de 40 imóveis, alguns deles, como o Sobrado de Diogo e o Sobrado de João Monteiro, de valor histórico.
É no pacote de turbinar o turismo nas ilhas que entra a banda política. Ele se elegeu pelo UB, mas apresentou um pacote de projeto e Jerônimo disse que vai atender.
– E aí, eu vou fazer o quê?
POLÍTICA COM VATAPÁ
O revólver
Essa quem contava era Astor Araújo, bom amigo que em maio de 2020 nos deixou, após ter sido prefeito de Itaquara três vezes e depois, em 2012, ainda elegeu a esposa dele, Iracema.
Dizia ele que vez ou outra o povo se apaixona por um candidato. O agraciado ganha uma espécie de blindagem energética que nada de ruim cola e todo pecado é do bem. Um deles foi Erivaldo Suzart, lá em Itaquara (região de Jequié), em 1976. Durante uma caminhada no povoado de Barragem, a multidão o seguia eufórica, gritando:
— Erivaldo! Erivaldo! Erivaldo! Erivaldo!
De repente, Erivaldo ergueu os dois braços:
— Parem! (silêncio total). Perdi o revólver!
E o povo, em coro:
— Perdi o revól-ver! Perdi o revól-ver! Perdi o revól-ver!
Minutos depois Erivaldo torna a erguer os braços, novo silêncio.
— Achei o revólver!
E o povo emendou:
— Achei o revól-ver! Achei o revól-ver! Achei o revól-ver! Achei o revól-ver!
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