Cairu, o sonho de fazer das ilhas o palco da excelência
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Aos 69 anos, no quinto mandato de prefeito de Cairu, Hildécio Meirelles (UB) admite: está ensaiando a retirada da disputa de mandatos eletivos, mas com ressalva: quer sair deixando exemplos que virem referência nacional.
E o foco dele é bem definido. Cairu é um dos dois únicos municípios-arquipélagos do Brasil. O outro é Ilhabela, em São Paulo. Cá, são 36 ilhas, entre as habitáveis e ilhotas, três grandes, a própria Cairu, a cidade, Tinharé, onde ficam Morro de São Paulo, Gamboa do Morro e Garapuá e Boipeba.
Juntando as belezas naturais com a rica herança arquitetônica do Brasil Colônia, virou um dos grandes destinos da Bahia, o quarto maior, com oito mil leitos recebendo 700 mil visitantes por ano, 27,43% de baianos, 19,11% de paulistas e 9,57% de mineiros, mais centenas de gringos, argentinos (17,34%), uruguaios (13,87%), chilenos (13,30%), franceses (11,91%), israelenses (7,74%) e portugueses (5,10%).
Trocando ideias –Hildécio quer de saída fazer um porto de carga e descarga para Tinharé, já que o Morro é a grande vedete do arquipélago, tem 70% dos leitos e é o point.
– No interior das ilhas, faremos vias exclusivas para cargas, adotamos tratores pequenos para isso, para a coleta de lixo e também a qualificação no atendimento.
Embora seja do UB, ele diz que o foco dele são as ilhas. Levou para Jerônimo um pacote de pedidos que inclui um aeroporto e novo receptivo no Morro com agências bancárias, serviços da Coelba, Embasa e afins.
– Queremos que o visitante se sinta em casa.
Hildécio está conversando com líderes de Maragogi, em Alagoas, que ainda engatinha, e com Gramado, no Rio Grande do Sul.
Hoje, Cairu muito vive dos royalties do gás que a Petrobras extrai de Manati, mas está acabando, a receita que era de R$ 3,8 milhões está em R$ 2,5 milhões.
– Estamos chamando o empresariado. Queremos ver o arquipélago com um grande condomínio.
POLÍTICA COM VATAPÁ
A zona
Com sua educação refinada e a voz mansa por natureza, o professor Roberto Santos sempre impôs aquela aura de responsabilidade entre os convivas, ciosos em evitar palavrões e expressões chulas na vista dele, por entenderem incompatível com o estilo do homem. Talvez por isso nos tempos em que ele era governador tanto o folclore festejava seus encontros com os simplórios do interior.
Lá um dia, tempo de seca, Roberto foi a Antas, efusivamente recepcionado pelo prefeito João Macário, semi-analfabeto e rude. Adiantou-se:
– Olá, prefeito, quanta saúde... Com o senhor já vi que está tudo bem. Como vai a zona rural?
Macário puxou o governador num canto, e cochichou:
– Olha, governador. A zona eu acabei porque enquanto eu for prefeito aqui não vai ter dessas imoralidades. Mas a rural (Rural Willys, antiga marca de carro utilitário) está aí, velhinha, mas tá toda boa.
Roberto riu (polidamente).