Campinho, onde Exupéry virou o ‘Grande Príncipe’
Confira a coluna de Levi Vasconcelos

“Tú te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”
A frase aí, conhecidíssima, é de Antoine Saint-Exupéry, escritor francês autor do mais conhecido livro da literatura infantil, O Pequeno Príncipe. E ela é uma das que enfeitam as ruas de Lyon, na França, onde nasceu e até hoje é festejado.
É exatamente na pegada da frase que Campinho, um bucólico cantinho da Península de Maraú, quer eternizar a passagem de Exupéry por lá. Ele trabalhava na Aéropostale, o correio aéreo da França, desde 1930 e sempre pousava e repousava lá.
Aliás, também namorava. Teve um romance com Onília Ventura, filha de pescadores e o caso até hoje é muito bem lembrado pela família e eternizado no livro A namorada do Pequeno Príncipe, de Mário de Lima, paulista que adotou a península e hoje é dono da Pousada Brisa do Mar, em Taipu de Fora, que divide com Barra Grande a condição de maiores points da Península.
Em francês –Mário conta que editou o livro numa editora de Itabuna, a Mondrongo, e se tornou o mais vendido da casa, tanto que o diretor Gustavo Felicíssimo tomou uma decisão:
– Já estamos na 7ª edição e Gustavo agora quer lançar uma versão também em francês.
Mário fez a 1ª edição em 2015, não chegou a alcançar Onília viva, mas entrevistou a irmã dela, Aurora. Da família dela tem viva D. Almirene Ventura Silva, 88 anos, sobrinha e filha de criação.
– Ela não conversava c-om a gente sobre isso, naquela época falar de coisas envolvendo sexo era impossível. Mas sei que, da última vez que ele aqui esteve, quis levá-la e ela recusou. Preta, pobre e analfabeta, o que ia fazer lá? Mas ficou a vida toda esperando por ele. Morreu solteirona.
E acertou. Exupéry teve lá pela última vez em 1944. O avião dele sumiu no Mediterrâneo, supõe-se abatido pelos alemães, já que, em plena 2ª Guerra Mundial, ele continuava a voar.
É no conjunto que está a ponta da pegada para a Península de Maraú se conectar de vez com Lyon. O professor José Alexandre Santos Silva, diretor de escola em Campinho, conta que relatar a história para os alunos é dever de ofício.
– Estamos nos responsabilizando por cativar e memória dele entre nós.
Colaborou: Marcos Vinicius