Casa em que Ruy Barbosa nasceu aguarda para ser restaurada
Confira a coluna de Levi Vasconcelos
A pré-estreia do filme A voz de Ruy, exibido segunda passada no Cine Glauber Rocha para 400 pessoas do meio acadêmico, jurídico, imprensa e audiovisual, um documentário de 91 minutos, mostrou o que muita gente não se tocou: a obra do baiano está muito mais atual, e mais presente, na vida brasileira do que se possa imaginar.
A observação aí é do jornalista Ernesto Marques, presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), a entidade que cuida da Casa Museu de Ruy Barbosa, na rua que leva o nome dele, antiga Rua dos Capitães, no Centro Histórico de Salvador, no miolo da área que guarda memória da capital.
Ele cita isso para chamar a atenção para um fato: está faltando o devido respeito pelo baiano ilustre. Tal casa é a que ele nasceu e viveu até os 16 anos, mas está quase em ruínas, com projeto de restauração plena, dentro e fora, pronto, mas sufocada pela degradação do Centro Histórico de Salvador.
Problema na rua —A rua é escura, mal iluminada, lixo por todo lado e obviamente com problemas de segurança. E exatamente aí que está o xis da questão, segundo Ernesto:
— Nós até encontramos uma empresa disposta a desembolsar em torno de R$ 7 milhões para recuperar o prédio e instalar o museu. Em contrapartida, nós teríamos que manter a marca da empresa lá durante sete anos, mas do jeito que é a rua, não arrisco. Ninguém vai lá.
A Voz de Rui, trabalho patrocinado pelas secretarias da Fazenda e da Cultura do Estado, mais a Acelen, com apoio da ABI, entrou para rememorar, em 1º de março, os 101 anos da morte de Ruy, foi posto em cena também com esse propósito.
Desde 1935 administrando a Casa, a ABI, uma das instituições dedicadas a preservar a memória dele, por meio da Casa da Palavra Ruy Barbosa e acervos raros, viu o museu ser abandonado por uma faculdade particular que o assumiu em 2011 e foi retomá-lo na Justiça.
Compra da casa —O ‘pai’ da história é Ernesto Simões Filho, fundador de A TARDE, que, em 1920, comprou a casa em que Ruy nasceu de um particular e doou à prefeitura. Em 1935, o prefeito José Americano da Costa confessou a impossibilidade de fazer e doou à ABI. Em 1949, foi criado o museu, no centenário de Ruy e 400 anos de Salvador.
Diz Ernesto que a questão está imbricada na problemática do próprio Centro Histórico, que é muito grande, mas no raio de não mais que 500 metros abriga o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), o Museu da Misericórdia, o Palácio Rio Branco, que terá memorial dos governadores, e o Museu da Imprensa.
— Para ser justo, a prefeitura de Salvador tem até tido boa vontade. Mas o caso não depende só disso.