Crime organizado se infiltra também na política
Se a polícia tiver um tempo para conversar com os nossos deputados com certeza não vai perder a viagem
Se a polícia tiver um tempo para conversar com os nossos deputados (federais e estaduais), com certeza não vai perder a viagem. Alguns deles, que acabam de percorrer a imensidão do território baiano (567.295 km², apenas 30 mil a menos que o da França), se dizem perplexos com o envolvimento cada vez maior do crime organizado na política.
A queixa vem de longe, é coisa velha, mas ao invés de refluir, avança. Segundo nossos interlocutores, antes eles financiavam candidatos já na estrada; agora também ‘fabricam’ candidatos. Um deles até ironizou:
— Do jeito que as coisas vão, logo logo teremos o embate nas urnas do Comando Vermelho contra o PCC.
Um outro ressaltou que a polícia já sabe disso, talvez não tenha ainda mensurado a dimensão. A ação dos criminosos já foi detectada pela própria polícia em vários estados, como São Paulo, Rio, Bahia e Ceará.
Sincericídio — Ele ressalva que o crime organizado tem muito mais interesse em eleger prefeitos e vereadores do que senadores e deputados por uma razão elementar: o foco não é o poder e sim, além de ampliar a chance de obter novos lucros, lavar o dinheiro ilícito com atividades lícitas.
Deputados dizem que ninguém se arrisca a meter o bedelho na história por um detalhe também perverso: falar significa assinar a sentença de morte, o sincericídio, como chamam.
O certo é que não só aqui, mas em todo o país, o crime organizado — e nisso se inclui a parte que anda armada até os dentes e atira sem relambórios — está cada vez mais aí. Pergunta a um deputado: e quando o infiltrado está no time dos aliados, como é que fica?
— É uma situação bastante complexa. E o pior é que a cada dia a coisa fica mais complexa. Por enquanto, até para preservar a própria vida, o melhor é calar o bico.
E aí, perguntaria você: o crime organizado está ganhando do poder público? A sensação é a de que sim.
*Colaborou Marcos Vinícius
Políticos baianos surfam na ponga das ondas de Gabriel Medina
As Olimpíadas de Paris terminam hoje e, no mix de celebridades que ela produziu ou consagrou, está o fotógrafo francês Jerome Brouillet, que entra para a história da fotografia, a arte de eternizar momentos, pela belíssima imagem do surfista Gabriel Medina parado no ar com sua prancha, foto que se espalhou por todo o planeta. E os políticos baianos entraram no embalo.
Kiki Bispo (UB), vereador e candidato à reeleição, disse que ele é o cara. Sandro Régis (UB), deputado estadual, escreveu: “surfando em um mar de coerência,” festejando o fato de ele ser o único deputado da oposição sempre no mesmo lado. E o deputado Eduardo Salles (PP), que lidera a briga contra a Via Bahia, diz estar surfando para pular “os buracos da Via Bahia.” Só falta a medalha.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Show em Cuba
Nascido em Santo Amaro da Purificação, criado e vivido em Feira de Santana, em 1994, 30 anos atrás, o jornalista Walter Xéu resolveu ir passear em Cuba. Foi amor à primeira vista. Foi e voltou, foi e voltou, e lá em 2001, num encontro de jornalistas com Fidel Castro, o papa da revolução cubana, entregou a ele um exemplar do Notícias da Bahia, jornal que fazia em Feira, e o próprio Fidel sugeriu que ele criasse um site internacional. Nasceu o Pátria Latina.
Os laços cresceram tanto que ele até fez uma filha cubana, a Maria Mercedes. Figura bastante conhecida e querida na Ilha, lá um dia entrou na Casa de Show, em Havana, o grupo Buena Vista, o Olodum de lá, o cantor explodiu em alegria:
— Brasileño, brasileño, bienvenido, bienvenido!
Começou a cantar um samba, chamou Walter para sambar no palco, ele começou e o cantor:
— Fantástico! Fantástico!
Walter pensou que estava arrasando, o artista alegremente completou:
— Fantástico mesmo! Eu nunca vi um brasileiro sambar tão mal!