Crivella, o caso mostra que nossa questão não é ideológica, é moral
Que final mais melancólico o de Marcelo Crivella na sua incursão política. Da pior forma, além de uma má gestão, saúde em frangalhos, servidores em atraso, preso acusado de ser ladrão.
Sendo ele prefeito do Rio de Janeiro, dir-se-ia até que ele apenas faz parte do mix de corrupção que predomina na Cidade Maravilhosa, que de maravilha só tem hoje a concentração do maior número de corruptos per capita do Brasil, quiçá do mundo.
E Crivela já sabia disso. E meteu a mão sem dó, segundo a PF. Em novembro até tentou a reeleição, com apoio de Bolsonaro. Que pena, para ele, um bispo da Igreja Universal, às vésperas do Natal, deixa esse triste legado.
Sem ideologia — O que fica de bom nisso é a lição. O caso ilustra bem um detalhe que espelha o conjunto da sociedade brasileira pela banda podre: a questão política, seja lá o universo que for, a religiosa ou outra qualquer, não influi nem contribui na questão principal, a moral.
Até Lula chegar ao poder, o senso comum ditava que os corruptos estavam na direita. Quando Lula chegou, viu-se que eles não estavam com a direita, estavam com o poder. E seduziu a esquerda.
Hoje temos corrupto de direita, de centro e de esquerda. Crivela escolheu ser mais um numa terra pródiga em bandidos. Prometer fazer tudo do bom e do melhor é da política, é a sublimação. Mas é aí que se instala o império da demagogia, algo como Satanás pregando quaresma.
Elomar no jogo político
Elomar Figueira Mello, ou simplesmente Elomar, cantor e poeta sertanejo de Vitória da Conquista, é sensação nas redes sociais. Semana passada, na Virada Cultural, de São Paulo, ele disse em vídeo que ‘o coronavírus é comunista’.
O público da Virada, especialmente o de esquerda, se disse extremamente decepcionado. Por ignorância, ressalte-se. Em Conquista, todos que conhecem Elomar de perto dizem que politicamente ele é ‘um direitaço’.
Marão, sem nada a festejar
Mário Alexandre (PSD), ou Marão, prefeito reeleito de Ilhéus, mal teve tempo de festejar a sua surpreendente vitória mês passado e recebeu a visita da PF, na Operação Anoxia, acusado de desvios de dinheiro do combate à Covid.
Lá se diz que a nove dias de pegar novo mandato ele entra em turbulências que prometem se estender pelos próximos quatro anos. Curioso: anoxia quer dizer a falta de oxigênio. No caso, para os pacientes da Covid.
Seleção para secretário
Genival Deolino (PSDB), empresário do comércio de ofício que resolveu peitar o prefeito Rogério Andrade (PSD) e ganhou de goleada, está mostrando que é cristão-novo na política e pretende ficar por aí.
Já disse que não será candidato à reeleição. E agora inventou uma nova moda: abriu processo seletivo para a escolha do secretário que vai tomar conta do trânsito.
Ele diz que quer alguém com um perfil técnico.
Rio Limpo pede socorro em favor do rio Joanes
Fernando Borba, fundador do Movimento Rios Vivos e presidente da Oscip Rio Limpo, que luta pela preservação do rio Joanes, o que desemboca na divisa entre Lauro de Freitas e Camaçari após sofrer agressões de toda sorte, principalmente de esgotos, fez uma carta aberta à OAB-BA em tom de súplica.
Pede socorro pelo Joanes. Diz que o rio, junto com os seus afluentes ao longo do percurso entre a nascente, em São Francisco do Conde, passando pela área industrial do Polo Petroquímico de Camaçari, agoniza.
Ok, Fernando. Mas é bom se ligar no novo Marco Legal do Saneamento, que permite aos municípios formar consórcios justamente para enfrentar situações como essa.
REGISTROS
Foco no Natal 1
O governo elaborou um bem bolado comercial mostrando uma família e amigos confraternizando no Natal, alguém tira a máscara só para fotos, os beijinhos rolam e acaba todo mundo contaminado. E o fecho: ‘Só não diga que não sabia. O corona mata’.
Foco no Natal 2
Aliás, Rui Costa disse ontem que determinou à polícia coibir toda e qualquer aglomeração no fim de ano. A questão é que Natal é uma festa caseira. E por aí a sensação é a de que está tudo normal. É como diz o professor Roberto Badaró: ‘O povo cansou da Covid, mas a Covid não cansou do povo’.
Kaká de novo
Carlos Alberto Liotério, o Kaká (Republicanos), prefeito reeleito de Wenceslau Guimarães, testou positivo para a Covid no comecinho da pandemia e agora de novo. Ele e família estão em isolamento. Pelo jeito, não poderá estar presente nem na própria posse.
Suplício nos bancos
O senador Major Olímpio (PSL-SP) apresentou projeto que qualifica o bloqueio físico ou uso de explosivos em bancos como terrorismo. A ideia pareceu boa. Em tais casos, só a população perde. E em algumas cidades tais casos viram suplício.