De pai para filho e parentes em geral, o ‘tic’ dinástico da política

Dizem que a monarquia, o modelo em que o poder era passado de pai para filho, ou a instituição da dinastia, ainda sobrevive no jogo político, aqui e alhures. Um levantamento do site Transparência Brasil mostrou que 249 deputados federais e 49 dos 81 senadores têm algum tipo de elo numa cadeia dinástica.
Assim o é , só para falar do nosso tempo, que vemos em cena ACM e ACM Neto, Lomantão e Lomantinho, Jutahyzão e Jutahyzinho, João Leão e Leãozinho (Cacá Leão), Otto Alencar e Ottinho.
Por aí, Nilo Peçanha, no baixo sul, entre Taperoá e Ituberá, tem um caso único, os atores dinásticos todos vivos e ativos. Antônio Galdino de Oliveira Filho, 67 anos, eleito prefeito pela primeira vez em 1988, governou o município três vezes, depois botou a mulher, Maria das Graças, a Gracinha, e agora é a filha, Jaqueline, quem dá as cartas.
A obra — Galdino, um agrônomo da Ceplac que herdou algumas fazendas, nos seus bons tempos levou a zambiapunga, uma manifestação cultural da época da escravidão, cujo instrumental é enxadas e búzios, para o Festival Internacional de Ritmos, no Marrocos, hoje se diz um homem realizado. E qual a grande obra?
– Tínhamos uma sociedade muito distanciada entre pobres e ricos. Acho que dei uma boa contribuição para acabar com isso, não na questão material, mas no trato.
Jaqueline, a prefeita, tem um filho de 9 anos. Dizem que ele está na fila.
Jacó e Alden, frente a frente
O deputado Jacó (PT), esquerdista assumido e carimbado, vai comandar a Comissão de Direitos Humanos na Assembleia.
Nela também está o Capitão Alden (PSL), bolsonarista e direitista também carimbado.
Nas incursões de antes da pandemia, Alden passou bem no teste ao dizer que acha um absurdo a agressão contra gays, trans e afins. Há quem aposte que na era Jacó o clima pode mudar.
Na ponga dos governadores
Reunidos sexta, os nove governadores do Nordeste dizem que a possível redução do ICMS dos combustíveis, cogitada por Bolsonaro, embora seja um imposto estadual, deve ser tratada no âmbito da reforma tributária, para a qual já apresentaram proposta. A nota é polida, mas nos bastidores não é nada disso. O time de Rui Costa diz que ele está querendo fazer gracinha para os caminhoneiros às custas (política e financeira) dos governadores.
Marinho fica na espreita
Sempre citado como provável ministro do governo Bolsonaro, o deputado Bispo Marinho (Republicanos) tem evitado falar com a imprensa. Diz que não há nada definido, é mais especulação.
Na Bahia, o Republicanos tem dois deputados federais, ele e João Roma; dois estaduais, Jurailton Santos e José de Arimatéia; e, em novembro, elegeu nove prefeitos, 18 vices e 177 vereadores. O time sempre foi aliado de Bolsonaro.
A segunda onda da Covid é novo atraso na ponte
O início das obras da ponte Salvador-Itaparica, que deveria ter acontecido em março do ano passado e atrasou por conta da pandemia, sofreu um novo atraso com a segunda onda.
Segundo João Leão, o chefe da Casa Civil do governo, o contrato com os chineses já está assinado, mas, sem a vacina contra a Covid, fica muito difícil tocar o projeto.
– Não dá para aglomerar três mil trabalhadores do lado de cá, na banda de Salvador, e mais outros três mil lá na ilha. Infelizmente só nos resta esperar isso passar.
Se tudo corresse conforme o previsto, no fim do governo de Rui Costa, em 2022, a obra já estaria mais da metade, mas a Covid estragou a festa. Pelo menos começar, ele vai.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Barreira
Essa quem conta é Sebastião Nery. Comecinho dos anos 70, Mário Andreazza, ministro dos Transportes do governo de Emílio Garrastazu Médici, marcou a inauguração do trecho da BR-101 entre Camacan e o Espírito Santo.
José Bonifácio Dantas, o Chapéu de Couro, sergipano, homem rústico que se tornou o primeiro prefeito de Itamaraju, emancipado do Prado, armou palanque e anunciou que entregaria as chaves da cidade ao ministro. Ligaram da cidade para Brasília sobre o evento, veio a notícia: Andreazza não ia parar lá, apenas passar de carro.
Arerê na cidade. A oposição começou a debochar, Chapéu de Couro bradou:
– Vai parar, sim! Comigo ele para!
Quando a comitiva se aproximou de Itamaraju, a pista estava embarreirada por um monte de pedra, o que forçava o desvio pela cidade. Foi. Não fez comício, mas parou e recebeu as chaves. E Chapéu de couro:
– Viu? Parou ou não parou?! E levou as chaves!