E o Vitória vai entre o cai não cai, uma SAF e o jogo político
Confira a coluna de Levi Vasconcelos deste domingo, 23

Bahia e Vitória, a dupla top do futebol baiano, viveram os piores momentos da sua história na década passada, ambos caindo para a 3ª divisão, ambos esculachados dentro e fora de campo. No Bahia, o presidente Petrônio Barradas teve que apressar a eleição. E no Vitória, Paulo Carneiro, o presidente, caiu.
No andar da história Guilherme Belintani herdou um time com uma grande torcida, mas esculhambado fora de campo. E no Vitória Fábio Mota pegou um time na terceira divisão e também uma administração esculhambada.
Resulta que, em 2023 o Bahia virou Sociedade Anônima de Futebol, a SAF, com o Grupo City, inglês, um modelo que impõe um caráter mais empresarial aos clubes. Deu certo. O time subiu de produção e hoje, como no ano passado, fica disputando vaga na Libertadores, enquanto o Vitória, campeão da segundona em 2023, fica no cai ou não cai para a segundona.
Eleição – É aí que entra o embate pela presidência do Vitória dia 13 próximo, entre o presidente, Fábio Mota, que tenta a reeleição, e Marcone Amaral, ex-zagueiro do clube, ex-prefeito de Itajuípe, e atual deputado estadual do PSD. A questão: se a SAF deu certo com o Bahia, por que o Vitória não segue a pegada?
Diz Fábio Mota que está a caminho, já contratou o advogado André Sica, o homem que bolou a grande maioria das 117 SAFs existentes no Brasil, 6 delas na Série A, seis na Série B, com o detalhe que o Curitiba, uma da B, já subiu.
– Queremos sim, mas uma coisa séria. Eu aqui peguei o Vitória na Série C, uma dívida de R$ 400 milhões. Compliquei meu casamento, deixei de ter vida pessoal, mas o Vitória foi campeão da Série B e hoje deve R$ 250 milhões.

Politicagem – Marcone Amaral, o adversário dele, foi jogador do Vitória e passou 10 anos no Catar, onde ganhou o título de cidadania. Como lá é a terra dos safeiros do Paris Saint-Germain, o PSG, acena com a possibilidade de trazer o grupo para o Vitória.
– A implantação de uma SAF no Vitória depende da mudança no comando. Mas mesmo que eu perca, estarei à disposição.
Fábio Mota rebate.
– O que ele quer fazer é base política no Vitória. Quer fazer como Pirinho.
Pirinho é Raimundo Rocha Pires, ex-prefeito de São Félix, duas vezes deputado na década de 1970 e também duas vezes presidente do Vitória, o time que também teve Paulo Carneiro como deputado e presidente.
Em suma, o Bahia já teve Osório Vilas Boas, Paulo Maracajá e Marcelo Guimarães, políticos e presidentes. Isso para a nação tricolor é passado. O Vitória quer sair, mas ainda está.
Ele quer é trazer a política de volta para o Vitória. Um novo Pirinho
Com esse comando aí fica difícil o Vitória entrar na era da SAF
POLÍTICA COM VATAPÁ
Só pra ouvir
Essa quem conta é o radialista Cristovão Rodrigues, um dos atores do caso em apreço. 27 de novembro de 1977, Davi Haw, o todo poderoso diretor dos Diários Associados, que comandava a TV Itapoan e o jornal Diário de Notícias, levou como convidado de honra para a inauguração da rádio Itapoan FM ninguém menos que Euclides Quandt de Oliveira, ministro das Comunicações do governo de Ernesto Geisel, oficial da Marinha que, na área militar, a vida inteira sempre esteve ligado às comunicações, tendo sido inclusive diretor da Telebras.
Ficou no escritório o tempo inteiro, o ministro disse que queria ver a rádio. Davi Haw se amarrou, ele insistiu, acabou levando-o. Se limitava a dois toca-fitas e um gravador. Euclides olhou, olhou, perguntou:
– Só isso?
E Davi, sorridente, fingindo descontração:
– Ministro, quem sou eu para lhe ensinar. Mas o senhor sabe muito bem que rádio é só pra ouvir.
E Euclides:
– Ah... Já entendi.
E caiu na gargalhada.
Colaborou: Marcos Vinicius
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