Em Campo Formoso, o azar vem em dose dupla, seca com veneno
Diz a deputada Fátima Nunes (PT) que a seca, como a deste ano, tem duas faces, a hídrica (falta d’água) e a econômica, agora agravada pelo fato de que o presidente Michel Temer cortou verbas para o aluguel de carros-pipa, piorando o cenário:
– Santa Brígida, por exemplo, tinha dez, tem dois. Em Araci, onde há grande concentração de carros-pipa, se vê lá todos parados, e a seca batendo forte, prefeituras com salários, transporte escolar atrasados. Os grandes levam o gado para o sul. Os pequenos sofrem.
Tomate — Mas em Campo Formoso tem toda essa problemática e muito mais. Esta semana em Salvador, atrás de água – ou das condições para obtê-la (como dinheiro para contratar carros-pipa) – a prefeita de lá, Rosa Menezes (PSD), emerge em cena com um agravante de peso.
Os produtores de tomate, que antes trabalhavam em Irecê e região, migraram para lá porque o bombardeio de agrotóxicos desertificou as áreas de plantio, e agora o processo se repete em Campo Formoso, um dos grandes produtores de tomate da Bahia (além de cebola, melão e maracujá).
– A atividade tem muita importância socioeconômica, mas nós temos que intensificar um trabalho de conscientização, senão em futuro próximo não teremos apenas áreas secas, mas simplesmente desérticas.
Ela diz que tocar no assunto é melindroso:
– Mas temos que encarar.
Aderbal Caldas, firme no pedal
Três vezes vereador em Olindina a partir de 1997, vice-prefeito, prefeito e deputado estadual reeleito agora para o sexto mandato consecutivo, Aderbal Caldas, um dos presidenciáveis do PP para a presidência da Assembleia (o outro é Nelson Leal), aos 75 anos, diz que o segredo do sucesso na política é nunca parar:
– Política é como pedalar bicicleta, se parar, cai.
E a presidência? Ele ri. Mas está pedalando...
Lúcio: ‘O povo quis mudança’
Derrotado nas eleições deste ano, o deputado federal Lúcio Vieira Lima, irmão de Geddel, diz que não se considera vítima eleitoral por questões em particular, e sim de uma conjuntura:
– O povo quis mudar, tirar quem estava. O MDB caiu de 65 deputados para 34. E o PSL do Bolsonaro subiu de um para 51. A vontade de mudança foi geral.
Ele diz que vai continuar no comando do MDB:
– É o que tenho.
A Bahia e o 2º turno de 1994
Dissemos ontem que a Bahia nunca teve 2º turno na disputa ao governo. Erramos. Houve em 1994, quando Paulo Souto obteve 49,30% dos votos e João Durval Carneiro, o segundo, 25,29%.
Disputaram também Jutahy Júnior (14,13%), Nilo Coelho (8,27%) e Álvaro Martins (35%), este último tido como o causador do 2º turno, vencido por Souto de 58,64% a 41,36%. Álvaro morreu orgulhoso disso. Pelo erro, nossas desculpas.
Feira já discute 2020. E está chovendo candidato
A renúncia de Zé Ronaldo para disputar o governo com a subsequente derrota disparou em Feira de Santana um turbilhão de especulações sobre as eleições de 2020.
Ronaldo estará fora, porque elegeu-se em 2012 e reelegeu-se em 2016, mas ainda terá influência decisiva como nos últimos 24 anos?
O fato é que chovem candidatos, no campo dele, Colbert Martins (MDB), o vice que se tornou prefeito, vai tentar a reeleição; Irmão Lázaro (PSC) também admite a possibilidade; o bispo José de Arimatéia (PRB) também; e, correndo por fora, Targino Machado (DEM).
Na outra banda tem o deputado Zé Neto (PT), o eterno opositor, e Carlos Geilson, que era do time de Ronaldo, mas virou a casaca.
POLÍTICA
COM VATAPÁ
Zé Garapa
Essa quem conta é Otto Alencar, o senador.
Ele diz que no sertão baiano antigamente casar com mulher não virgem era suprema ofensa, preconceito que chegou até os nossos dias. Anos 80, José Menezes Fagundes, de Lajedinho, região de Itaberaba, viveu dias amargos por conta disso. “Já casou melado”, diziam, arranjaram o apelido de Zé Garapa e ele virava uma arara.
Morador da roça, andava com um facão de 20 polegadas na cintura e ai de quem falasse em Garapa. Pirou quando se elegeu vereador. Os adversários caíam matando, quase sai morte. Contam em Lajedinho que lá um dia ele chegou à cidade montando a cavalo. Vinha para a sessão da Câmara, alguém gritou: “Água!”. Outro emendou: “Açúcar!”. Zé pulou do cavalo e brandiu o facão: “Misturem, seus moleques! Se vocês são homens, misturem! Misturem para ver se eu não mando um para o inferno hoje!”.
Até hoje o caso é piada municipal.