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Levi Vasconcelos

Por Levi Vasconcelos

ACERVO DA COLUNA
Publicado sábado, 18 de junho de 2022 às 6:05 h | Autor:

Ilha D’Ajuda, um salto do céu ao inferno no embalo do Paraíso Perdido

Praia dos Garcez, em Jaguaripe: em vez de ‘paraíso perdido’, agora é apenas tristeza

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Frequência de gente no povoado desabou. O paraíso está sofrendo
Frequência de gente no povoado desabou. O paraíso está sofrendo -

Pense num lugar bucólico, à beira-mar, no meio de um verde exuberante com uma pousada de luxo, que além de ser empregadora top também era mercado seguro para pescadores de peixe, polvo, camarão, lagosta e mariscos em geral. Um deles bem configurado com tais predicados é a Ilha D’Ajuda, em Jaguaripe, nas bordas da Praia dos Garcez, onde moram perto de três mil pessoas.

Foi por conta de tal configuração que quase 20 anos atrás Leandro Troesch, o Leo, figura muito presente no pedaço, abriu lá, junto com outros empresários, a pousada Paraíso Perdido, um ambiente chique, de luxo, com diárias de até

R$ 1.400, dando mais de 30 empregos e garantindo mercado para pescadores. Que pena. A história acabou virando notícia nacional, pelo lado ruim.

Leo, o cara —O inferno começou a emergir em fevereiro do ano passado, quando Leandro Troesch, o Leo, um dos sócios, foi preso com a mulher, Shirley Figueiredo, acusado de sequestro. E se consumou em fevereiro deste ano, quando ele apareceu morto, com um tiro, e Shirley sendo suspeita de envolvimento no crime. Eurico Querino de Assis, o Zu, 60 anos, pescador, resume o sentimento coletivo:

— Pode sair perguntando, você não vai achar uma única pessoa que não gostava de Leo. O que ele fez por lá não sabemos, mas ele nos deu dois sustos, o primeiro com a prisão, depois, o pior, com a morte.

Leo, o cara —A grande festa na Ajuda é a de Iemanjá, dia 2 de fevereiro. Fala Antonio Jorge Conceição, o Goió, que presidiu a organização duas vezes:

— Ele era muito presente. Sempre participava, dava apoio integral. Nossa ficha ainda não caiu. Parece que estamos vivendo um pesadelo.

Átila de Jesus, também pescador, vai na mesma pegada.

— Leo perdeu a vida e nós perdemos Leo. A única coisa que nos resta é lamentar.

Até parece maldição. O inglês John Milton lançou, em 1667, O Paraíso Perdido, obra que virou clássico da literatura mundial, narrando a guerra entre Deus e o diabo a partir de 350 a.C. O título adotado para a pousada lá da Ajuda foi na mesma linha, algo parecido como saltar do céu para o inferno.

Claro, a frequência de gente no povoado desabou. O paraíso está sofrendo.

POLÍTICA COM VATAPÁ

O pai do SPC

O Serviço de Proteção ao Crédito nasceu em 1955 por iniciativa de um grupo de empresários gaúchos. Era uma época em que o telefone ainda estava estreando, o rádio engatinhando, pouca gente tinha acesso a bancos e, por tabela,

a cheques e cartões de crédito, e a tecnologia mais avançada para armazenar dados era caneta e papel na mão.

Mas Almiro de Jesus, o Miro, 67 anos, que nasceu naquele ano, ainda hoje taxista da ativa em Valença, a terra dele, evoca para si a paternidade da ideia.

Ele saía de loja em loja em Valença anotando e listando os devedores para depois datilografar e distribuir com o comércio ‘um produto de altíssima qualidade, sempre atualizado’.

E eis que lá um dia em que ele estava distribuindo a lista da semana surpreendeu Hercias Leal de Almeida, o Ceci Balaio, comerciante forte:

— O que é isso, Miro? Você botou o seu próprio nome em primeiro?

— Justiça para ser justiça tem que começar em casa. Credibilidade acima de tudo.

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