João Goulart, o filho, quer resgatar memória do pai e um novo Brasil

No seu périplo por Salvador, João Vicente Goulart, o filho do ex-presidente João Goulart, o Jango, deposto por um golpe militar em 1964, se lançou candidato à presidência da República pelo recém-fundado Partido Pátria Livre, com duas missões, resgatar a memória do pai, a principal, e tentar firmar um novo partido de esquerda no jogo político.
De experiência eletiva ele teve apenas um mandato, o de deputado estadual pelo Rio Grande do Sul, de 1982 a 1986, mas argumenta que foi várias vezes secretário, ocupou autarquias e sobretudo tornou o Instituto Presidente João Goulart uma entidade operosa:
– O governo do meu pai talvez seja caso único na história da República, pelas circunstâncias, não organizou a saída. Por isso estamos juntando documentos, já temos mais de sete mil. Mas produzimos o documentário Jango em três atos e o dossiê Jango.
Memorial — Ele ressalva, todavia, que a obra mais importante, ainda por fazer, é o Memorial da Liberdade, o último projeto de Oscar Niemeyer, em Brasília.
Isso dá para encarar uma disputa presidencial?
Diz ele que o Pátria Livre, partido a que pertence, é originário no MR-8, grupo que entrou na luta armada na época da ditadura:
– Nós vamos propor um modelo diferente. O golpe de 64 não foi contra Jango. Foi contra um projeto de nação.
Só resta esperar para ver.
Furdunço em Madre de Deus
Há muito esperado pelos adversários, finalmente o afastamento do prefeito de Madre de Deus, Jeferson Andrade, que foi eleito pelo DEM mas apoia Rui Costa, se consumou ontem.
A decisão foi do juiz Glauco Dainese. O prefeito, o vereador Anselmo de Begu (DEM), também afastado, mais três funcionários são acusados de montar um esquema de enriquecimento que levaria Jeferson à presidência da Câmara entre 2010 e 2012.
Um suplente que deu certo
Se o PP de João Leão emplacar um nome numa das duas suplências nas candidaturas ao Senado, como quer, o nome já está definido: Roberto Muniz.
Se assim for, o titular que se cuide. Muniz foi candidato a suplente de Walter Pinheiro em 2010 e vai fechar dezembro com dois anos e meio de mandato, já que Pinheiro se afastou para ser secretário de Educação do Estado. Ou seja, é um suplente que dá certo.
Efeito explosão gera pobreza
Com as explosões, por bandidos, das agências do Banco do Brasil e Bradesco em maio deste ano, Jeremoabo, região de Paulo Afonso, ficou mais pobre.
Explicando: os bancos deixaram de trabalhar com dinheiro, que não circula na cidade, e o comércio sente em cheio o reflexo, com a queda nas vendas.
Mais de 20 cidades baianas vivem situação similar. É a ação da bandidagem ganhando espaço da cidadania.
São Francisco do Conde, o santuário e a termelétrica
Digam lá o que quiserem dos nossos colonizadores, mas bom gosto eles tinham na escolha dos seus pontos de fixação, como São Francisco do Conde, um belo pedaço do Recôncavo ainda hoje, como no período colonial, rico de povo pobre.
A Câmara de Vereadores lá foi palco ontem de uma audiência pública para discutir a implantação de uma usina termelétrica no novo anel do entorno de acesso à cidade.
A Global, a interessada, promete investir R$ 6 bilhões e gerar dois mil empregos na construção e seis mil indiretos. O povo carente de emprego está adorando. Mas termelétrica não é altamente poluente? A de lá, disseram, é a gás, de impacto mínimo. O paraíso está inquieto.