Lidivaldo, um desembargador na linha de frente contra o racismo

Hoje é o Dia da Baiana do Acarajé, ainda no mês da Consciência Negra, e o axé para a luta contra os preconceitos perversos que a negritude enfrenta vem do desembargador Lidivaldo Brito, um dos que brigam contra o racismo. Ele diz que ainda há muito por fazer.

— Só em 1984, ou 39 anos atrás, o IPHAN tombou o Terreiro Casa Branca. Depois veio o Ilê Axé Opô Afonjá, o do Gantois. E só em 2002 Ivete Sacramento, a primeira negra a ocupar a reitoria da Uneb, implantou a política de cotas.

E Lidivaldo tem autoridade no assunto. Ele integra o TJ-Ba como egresso do Ministério Público, foi o 1º Promotor de Combate ao Racismo do Brasil e também autor do livro A proteção legal dos terreiros de candomblé: da repressão policial ao reconhecimento como patrimônio histórico-cultural, lançado em 2016.

Estatísticas —Segundo o IBGE, 23,9% da população baiana é de negros, 56,9% de pardos, 18% de brancos e 1,2% de indígenas. Mas nos presídios a realidade é outra. Mais de 80% negros, idem o número de vítimas de homicídio.

Noutra ponta, a olho nu, sem olhar como cada um se declara, entre 39 deputados federais só cinco são negros, entre os 63 estaduais só seis, no Tribunal de Contas do Estado (TCE), entre sete conselheiros, só um, a mesma coisa no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), e entre os 66 desembargadores, só um, Luiz Fernando, que está afastado.

Lidivaldo diz que há um longuíssimo caminho na construção de uma sociedade mais igualitária, mas o caminho é único. Portanto, pé na estrada.

Freixo e Bruno sambam no tom da Imperatriz Leopoldinense

Marcelo Freixo, ex-deputado federal do PSOL, partido de esquerda, e Bruno Reis, prefeito de Salvador do União Brasil, partido de centro, subiram juntos ao palco na abertura da 2ª edição da Expo Carnaval Brasil, ao som de um grupo da Imperatriz Leopoldinense, escola de samba do Rio.

Os dois falam a mesma língua, a dos bons ventos no turismo. O faturamento do Brasil no setor, segundo Freixo, este ano passa dos R$ 25 bilhões ,e Bruno diz que Salvador está no pique:

— Nos meses de julho, agosto, setembro e outubro a rede hoteleira teve 95% de ocupação e nos fins de semana 100%.

E a que se deve isso, além dos atrativos de Salvador?

— Às guerras (Ucrânia e Palestina). Quem está atrás de paz e alegria veio para cá.

A Expo Carnaval pretende contribuir para botar lenha na fogueira. E para quem gosta de folia, vale a pena ir lá.

Da ideologia para psicologia

Presente ontem na abertura da Expo Carnaval, o radialista Cristovão Rodrigues, que já foi coordenador do Carnaval de Salvador dois anos, se dizia encantado com o entusiasmo ‘do esquerdista Marcelo Freixo e do direitista Bruno Reis’.

— Você viu que quando os dois querem se unem e fazem? A questão não é de ideologia, amigo. É de psicologia.

É isso aí. Na psicologia do caso folia não tem ideologia.

Segundo Solla, São Roque tem luzes no fim do túnel

Integrante da Frente Parlamentar da Indústria Naval e um dos arautos maiores pela volta do Estaleiro de São Roque do Paraguaçu, em Maragogipe, o deputado federal Jorge Solla (PT) diz que vislumbra boas expectativas.

— Estive com o Maia (Rodrigo Maia, DEM-RJ), que é o presidente da Frente, e ele me disse que a Transpetro está em vias de construir 25 novos navios. Metade disso já nos basta. Se pegar cinco ou seis, resolve parcialmente. Estamos brigando pelos 100%.

Além disso, tem 54 plataformas para serem descomissionadas (desmontadas). A volta de São Roque é uma luta que envolve prefeitos e vereadores de toda a banda sul do Recôncavo.