Lula, o primeiro peão a subir ao trono, vai entrar bem na história
Confira a coluna de Levi Vasconcelos deste domingo, 2

Num rápido papo com Pablo Mateo Maria, morador de Santiago de Compostela, a capital da Galícia, na Espanha, que estava passeando em Salvador, ele comentou que ele,comerciante, está com 50 anos e da juventude para cá quando se fala em política no Brasil por lá, Lula está sempre no meio. E pergunta:
–Por qué Lula ha perdurado tanto tiempo en la política brasileña? (Por que Lula dura tanto na política brasileira?).
Pergunta curiosa, até porque atina para o fato de que estamos convivendo com uma figura marcante do nosso tempo, pra gostar ou não.
EXCEÇÃO DA REGRA – Expliquei a ele que no Brasil a esquerda briga pelo poder há tempos, justificou a imposição da ditadura militar em 1964, perseguia os ostensivamente ideológicos, enquanto Lula germinava no movimento operário de São Bernardo do Campo, em São Paulo.
Em 1989 disputou a presidência pela primeira vez. Foi ao 2º turno contra Fernando Collor, perdeu, em 1994 perdeu para Fernando Henrique Cardoso, em 1998 a história se repetiu,mas em 2002 destronou os tucanos derrotando José Serra.
Em 2006 ele voltou a derrotar os tucanos com José Maria Alckmin, hoje vice dele, em 2010 elegeu Dilma, em 2014 reelegeu, em 2018 quis ser candidato, mas foi preso, apoia Fernando Haddad contra Bolsonaro e perdeu em 2022 voltou e ganhou contra o próprio.
A FACADA – Convém ressalvar que em 525 anos de história do Brasil Lula é o primeiro governante fora das elites a chegar lá. E também foi o único a ir para a cadeia acusado de corrupção quando governava.
A ex-ministra do STJ, Eliana Calmon, diz que quem descondenou Lula foi o bolsonarismo. Ou melhor, o próprio Bolsonaro, a ameaçar transformar o STF numa Corte Constitucional. Em miúdos, a direita derrubou Dilma e imperou, a facada impulsionou Bolsonaro e quando alguns dos seus arautos viram que a alternativa era pior, colocaram ele de volta à cena.
AJUDA DIREITISTA– O fato é que no Brasil ninguém nunca se elegeu presidente da República três vezes. E agora, aos 80 anos, ele já disse que vai tentar novo mandato nas eleições de 2026. Pablo quis saber porque na Bahia ele é tão forte. Porque teve uma boa base com Jaques Wagner à frente e como governante tem o que dizer. Até chegar ao poder tínhamos uma universidade federal, a UFBA, hoje temos mais cinco. Institutos Federais de Educação, hoje são 36. Ele conta também com a direita esgarçando-se entre si, sem ter um nome de consenso. Pablo ficou de queixo caído.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Em Sergipe
Galdino Leite, o bom amigo que nos deixou na noite de 25 de dezembro de 2018 após desejar feliz Natal para amigos e familiares, era sergipano que sempre voltava à terra natal e de lá trazia boas histórias e estórias.
Contava ele que Augusto Franco, ex-governador, deputado federal e senador, pai do também ex-governador Albano Franco, era o senhor absoluto das terras sergipanas a partir de 1950.
Botou a Usina São Gonçalo, em São Cristovão, no topo, depois fez melhor com Usina São José do Pinheiro, em Laranjeiras, criou e disseminou o Refresco Guararapes, a Premissa, primeira mineradora lá, e era dono de vastíssimas extensões de terras.
É uma lenda da história sergipana, até hoje reverenciada. Galdino contava que por lá contavam que lá um dia Augusto, no Rio de Janeiro, foi abordado por um empresário.
– O senhor é de Sergipe?
E ele, de bate pronto:
– Não, meu filho. Sergipe é que é meu.
*Colaborou Marcos Vinicius
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