Mão de obra escassa, o xis da questão no agro
Confira coluna de Levi Vasconcelos, deste domingo
Para além das maravilhas produzidas no campo, a Fenagro 2024 exibiu também uma faceta polêmica que vem de lá, a escassez de mão de obra. Do café ao leite, do chocolate ao mamão, a queixa é generalizada. E por que isso está acontecendo assim?
Aí o caso descamba para a polarização política. Alguns dizem que as políticas de Lula como Bolsa Família e afins detonaram a vontade de trabalhar. Alguns recusam até assinar a carteira para não perder benefícios. E em nome disso trabalham o dia que querem.
Outros afirmam que antes uma parte dos produtores cumpriam as regras trabalhistas, como carteiras assinadas. Mas outros, nos pontos mais longínquos, tinham uma linha mais escravagista, tipo tinha gente que trabalhava e quando abatia a feira consumida, ainda ficava devendo. Quem está certo? Os dois.
Qualificação – Wallison Tum, secretário de Agricultura do Estado, admite:
– Realmente estávamos vivendo uma época de novos paradigmas.
E qual seria a saída?
– Eu diria que entre as saídas a qualificação de mão de obra e agregar valores aos produtos criariam condições para que se possa pagar salários mais atrativos.
A Seagri já publicou uma revista com o Plano Estadual para Adaptação à Mudança de Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária com vistas ao Desenvolvimento Sustentável.
Claro que a ideia é boa, mas tímida, por um detalhe, o dinheiro curto, como diz o deputado Eduardo Salles (PP), ‘os governos deveriam triplicar a atenção sobre isso’.
Cetad e Sebrae –Produtores na Fenagro relembram o princípio: geladeira não produz alimentos, apenas conserva. Alguém mais embaixo tem que produzir.
E se o jogo é qualidade a partir da limpeza ambiental, a Seagri chamou o Sebrae para criar uma fórmula que viabilize técnica e economicamente, com independência para vender serviços, o Centro Tecnológico Agropecuário do Estado da Bahia (Cetad), a instituição que vai garantir a qualificação (inclusive química) dos nossos produtos.
A ideia é boa, mas por ironia, Paulo Daniel, o diretor do Cetad, admite: lá falta mão de obra, simples e especializada.