Na campanha da pandemia vai quase tudo como sempre. E daí?

Phillip Knightley, jornalista norte-americano premiadíssimo, foi correspondente de guerra no Vietnã e quando voltou fez o belíssimo livro A Primeira Vítima. Diz ele logo na abertura: toda vez que estoura uma guerra a primeira vítima é sempre a verdade.
E disputas eleitorais são guerras, um jogo de vale-tudo, este ano com o tempero da pandemia. Um giro pelo interior e a conclusão é óbvia: se for penalizar quem aglomera, entre os candidatos competitivos, os que pontuam melhor nas pesquisas, não sobra um.
Sem querer — A questão não é nem má-fé. É visível a preocupação de alguns candidatos de obedecer à regra de não botar mais de 100 pessoas nos ambientes, mas as aglomerações adjacentes são impossíveis de segurar.
Como um candidato em campanha vai enxotar gente que está ali para aplaudi-lo? É a contramão da lógica. E quem deveria fazer isso? Obviamente, se se quer fazer justiça, deveria haver uma fiscalização neutra. Muito pelo contrário, quem fiscaliza e denuncia é o adversário, e é aí que o jogo ganha um bom adubo para a judicialização da peleja.
Óbvio que a Covid ainda causa receios. Alguns lembram de Kadu Castro, 39 anos, candidato em Coaraci, que morreu vítima de Covid no comecinho da campanha. Mas dizem que é o jeito, como falou um sessentão, candidato forte nas cercanias de Salvador.
— Este ano buscar voto tem esse risco. Mas que jeito?
Vivendo com os terremotos
Os sismólogos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que monitoram a ocorrência de tremores de terra no Vale do Jiquiriçá dizem que de setembro para cá já houve mais de 170 registros, o último deles, de 1.3, segunda passada.
As ocorrências, ressaltam eles, desmantelam a tese de que o Brasil não tem terremoto. Em agosto foi registrado um de 6,5 no oceano Atlântico, a 1.102 quilômetros de Fortaleza.
TSE anula os votos de Targino
O TSE concluiu ontem a votação do processo que cassou o deputado Targino Machado (DEM). Ficou assim:
1 - A cassação do mandato foi aprovada por 7 a 0.
2 - Por 4 a 3, uma situação já mais controversa, os 67.164 votos dados a ele.
Essa decisão altera o quociente eleitoral. A oposição perde um deputado em favor da bancada governista. Ganha o também feirense Ângelo Almeida (PSB), que em 2018 teve 45.784 votos.
Caso de Tom ainda parado
O outro feirense também cassado pelo TSE, no caso, o Pastor Tom (PSL), este por ter perdido o prazo de filiação partidária, embora já tenha quase quatro meses da decisão, continua no mandato.
A Alba diz que falta a determinação da Justiça para que a decisão seja cumprida. O suplente, Juracy Magalhães (Avante), irritado, espera que o caso Targino ajude a embalar o afastamento de Tom.
Em tempo: Targino está inelegível por 8 anos, Tom não.
O duelo do governo com a ViaBahia tem dois lados
O ministro Tarcísio Freitas (infraestrutura) desembarcou anteontem na Bahia, onde veio ver obras de duplicação das BRs 116 e 101, saiu de novo atirando contra a ViaBahia, a concessionária das BRs 324 e 116.
Disse ele que é um contrato que arrecadou 90% dos recursos previstos no plano de negócio e eles deixaram de executar 441 quilômetros de duplicação, e mais de R$ 750 milhões em investimentos. Detalhe é que a pendenga é velha, vem desde o governo de Dilma. E a ViaBahia alega que o governo também não cumpriu uma série de itens.
O resultado é que acabar o contrato não é simples. O caso está numa Câmara Arbitral independente que vai dar a palavra final.
Em síntese, a chiada de Tarcísio é só capítulo.
REGISTROS
Homenagem
Se vivo fosse, Walter Dantas Hupsel, médico que fez história na Bahia, na hematologia, a especialidade dele (é fundador da associação nacional), completaria 100 anos dia 16 de dezembro. As entidades médicas (ABM, Cremeb, Sindimed e Associação Brasileira de Hematologia) soltaram moção conjunta reverenciando a data.
Fogo zero
Após sobrevoo ao longo da Chapada Diamantina no feriadão, o Corpo de Bombeiros deu a boa notícia: o fogo na área foi debelado. No complemento, São Pedro abriu as torneiras e a chuva encheu o rio Piaba (Mucugê e Andaraí).
Fogo total
Já mais ao sudeste da Bahia, em Cocos, lá no oeste, a notícia é oposta: o fogo está se alastrando por 100 quilômetros de extensão se misturando com as divisas entre a Bahia, Goiás e Minas Gerais.
Sêo Fulozino
Malhada, lá no extremo sudeste da Bahia, já na divisa com Minas, passou o dia ontem numa tristeza só: morreu o senhor Fulozino Mendes Araújo, o Sêo Fulozino, um orgulho sertanejo sempre exibido lá nos últimos tempos pela longevidade: 108 anos.