Prefeitos aplaudem o Censo. Mais ainda Maetinga, que iria sumir

Prefeitos de um modo geral batem palmas para o Censo 2020, iniciado ontem pelo IBGE, em especial Aline Costa Aguiar (PL), lá do Sudeste baiano, que protagoniza uma situação hilária: se as estimativas do IBGE continuassem como iam, Maetinga simplesmente ia deixar de existir, embora existindo.

Segundo o IBGE, em 2000, ou 22 anos atrás, o município tinha população de 13.686 pessoas, em 2010 passou a ter 7.038 e agora a estimativa chega a 2.386. Como, se nas eleições 2020 mais de 5.500 pessoas votaram lá na escolha do novo prefeito?

Fala a prefeita Aline:

— Lá atrás, coisa de 20 anos atrás, acreditamos que a população caiu porque muita gente daqui foi para São Paulo. O IBGE trabalha com estimativas que para nós têm sido perversas. Recebemos dinheiro da saúde para atender 2.300 pessoas e atendemos mais de 9 mil.

novo tempo —A angústia dos prefeitos é compreensível. É a população, ou o tanto de gente, que define o quinhão no Fundo de Participação dos Municípios (FPM), a principal base de arrecadação de 90% dos municípios, numa escala que vai de 0.6, a menor, para municípios com menos de 10.188 habitantes, até 4.0, caso de Salvador.

Sílvio Ramalho (PP), prefeito de Caravelas, no extremo sul, diz que o município tem hoje, segundo o IBGE, pouco mais de 22 mil habitantes. O Censo para ele será santa providência, vai permitir mudar de 1.2 para 1.4, alguns milhões a mais. Consegue? De barbada. O município ganhou nos últimos anos quatro indústrias de ração para camarão.

Na escolha do vice, os opostos usaram estratégias opostas

Observadores da cena política baiana chamam a atenção para um detalhe: ACM Neto e Jerônimo usaram estratégias absolutamente distintas na definição dos seus vices.

Enquanto a cúpula do PT bateu o martelo de uma pancada só com Jerônimo na cabeça e Geraldinho (MDB), na vice, ACM Neto esperou ver a arrumação do governo para ver se de lá pingava alguma coisa (e pingou forte, João Leão e cia), aí ficaram pululando e em cena Marcelo Nilo (Republicanos), Zé Ronaldo (UB) e as mulheres Edylene Ferreira (Republicanos), vereadora em Serrinha, e Cristiane Correa (PSDB), vereadora em Salvador. A postergação em alguns casos pode virar fritura.

Essa situação está inquietando alguns aliados deNeto. Um deles, chegou a externar: ‘Como dizia a minha avó, quem muito espera para ver, acaba vendo demais’.

Catolândia, o menor cresceu

O menor município do Brasil em população é Serra da Saudade, em Minas. Tem 776 habitantes e 10.57 eleitores. O da Bahia, historicamente, sempre foi Catolândia, perto de Barreiras, hoje com 3.619 habitantes, mas nos últimos perdeu a posição para Maetinga.

E perdeu mesmo? Lá, o número de eleitores é 3.703, também maior que a população, mas também bem menor do que os 5.500 de Maetinga. O Censo vai repor as coisas.

Na Bahia, 28 municípios têm mais eleitor que população

Se comprados os números do IBGE e do TRE, constata-se que 25 municípios baianos têm mais eleitor do que morador. Ou melhor, o eleitorado é maior que a população. Um deles é Maracás, na região de Jequié.

Em 2010 tinha 24.613 habitantes, hoje tem 19.973, quando a lógica é inversa. Lá, a partir de 2013 a Largo Resources começou a explorar a mina de vanádio, o que deu uma boa turbinada na economia, com a geração de mais de 5 mil empregos diretos e indiretos. Ademais, tem 21.605 eleitores, mais que a população. Paulo dos Anjos, ex-prefeito, diz que essa do IBGE fazer tais estimativas às vezes produz erros grotescos.

— Dá tão errado que parece piada.