Salvador merece um abraço nos seus 476 anos, mas podia ser melhor
Confira a coluna de Levi Vasconcelos

Numa roda de conversa sobre Salvador, dizia-se que a capital baiana, para além da beleza natural e da cultura com a forte presença afro, tem três grandes problemas: segurança, pobreza e meio ambiente.
Presente no papo, Clarindo Silva, o maestro da Cantina da Lua que tornou-se um arauto em defesa do Centro Histórico de Salvador, interveio:
– O Centro Histórico tem tudo isso. E talvez um pouco mais.
Diz ele que o aniversário de Salvador é para ser celebrado, mas seria bem melhor se a cidade tivesse mais carinho.
Ele lembra da tragédia de 3 de dezembro, na Igreja de São Francisco, quando Giulia Panchoni Righetto, turista paulista de 26 anos, morreu.
– Essa menina tornou-se um marco. Na véspera da morte dela, mais de 200 pessoas visitaram a igreja. Poderia ser uma grande tragédia.
Trato e abandono –Diz Clarindo que a prefeitura de Salvador até faz alguma coisa, mas principalmente na área do Comércio, como a Cidade da Música. Mas, no conjunto, a questão deveria ser de todos os Poderes, sempre.
Aos 83 anos, ele relata que, embora tenha esperança de um novo tempo, a sensação é a de que a situação se agrava.
– A Ladeira da Montanha está completamente abandonada. A Rua Ruy Barbosa tinha 15 lojas de antiquários, hoje tem duas ou três. O Cine Jandaia, na Baixa dos Sapateiros, palco de tantos grandes acontecimentos, está como a própria Baixa dos Sapateiros: esquecida. É triste, tanta casa sem gente e tanta gente sem casa.
Prefeitos gostaram de ver a Bahia fatiada em quatro partes
Wilson Cardoso, o novo presidente da UPB, fatiou a Bahia em quatro regiões, Norte, Sul, Leste e Oeste.
O Norte tem 72 municípios, o Sul 155, o Leste 121 e o Oeste 69. Diz Wilson que a divisão regional facilita a discussão de muitos problemas, já que grande parte é comum, conforme cada área.
E os prefeitos gostaram. Gustavo Carmo (PSD), de Alagoinhas, diz que a iniciativa é muito positiva.
– Ele descentralizou a administração, criou mais duas diretorias. Isso é bom.
Zé Ronaldo (UB), de Feira de Santana, também elogiou as incursões de Wilson:
– Conheço Wilson há mais de 40 anos. É um homem dedicado, que não tem medo do trabalho. Tenho certeza de que ele fará uma grande gestão.
Em síntese, também na UPB o clima é de otimismo. Da banda dele, Wilson promete fazer a diferença.
Pessoal do PDT quer o governo
Presente ontem na UPB, Heldinho Macedo, prefeito de Euclides da Cunha, diz que já externou a Jerônimo e a Rui Costa o desejo de ver o PDT, partido dele, integrar a base do governo:
– Sempre torci por isso e tenho falado também com o presidente estadual do partido, o deputado Félix Mendonça.
Keinha Jesus, de Araci, foi na mesma pegada.
– O PDT já está com os dois pés no governo.
Do Japão, Wagner e Lula entram em cena na UPB
Amigo de Wilson Cardoso de longas datas, o senador Jaques Wagner (PT) está no Japão acompanhando Lula e não compareceu à posse do prefeito de Andaraí ontem na presidência da UPB.
Lá estiveram Jerônimo, a presidente da Alba, Ivana Bastos (PSD), os senadores Otto Alencar e Angelo Coronel, deputados e os prefeitos, mas Wagner acabou roubando a cena. Do Japão, mandou uma gravação. E nela Lula mandou o recado:
– Wilson, agora que você é presidente, você pode contar com o governo federal, pode levar as demandas dos prefeitos porque na presidência você tem um amigo dos prefeitos.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Questão estratégica
Até 1972, quando ACM inaugurou o Centro Administrativo da Bahia (CAB), transferindo para lá a maior parte dos segmentos governamentais, tudo se passava entre a Praça Thomé de Souza, onde fica o Elevador Lacerda e o Palácio Rio Branco, e a Praça Castro Alves.
Newton Macedo Campos, duas vezes deputado estadual, depois vereador em Salvador, senhor absoluto das histórias dos tempos do Rio Branco, que lá um dia Octávio Mangabeira, governador, saiu de um evento na Praça Castro Alves e ia pela Rua Chile a pé até o Rio Branco, sede do governo, quando avistou o jornalista Nilson Pixoxó, do outro lado da rua, completamente ébrio.
Parou, atravessou a rua:
– Como vai, Nilson?
– Vou bem governador.
Voltou, levou uma bronca de um assessor.
– Mas governador, parar para ir falar com Pixoxó embriagado?!
– Meu filho, eu sei o que faço. Se eu não fosse, ele gritava de lá: ‘Qual é a sua, Mangaba!’.