Turismo religioso ganha pique, puxado por Irmã Dulce
Confira coluna de Levi Vasconcelos deste domingo
Na literatura você alimenta a alma comendo com os olhos, nas artes plásticas os belos visuais guincham o astral para o alto e na música o som invade os ouvidos e daí gera o direito ao sacolejo do bumbum.
Cultura, como acima descrita, e turismo, são irmãs siamesas, como diz Maurício Bacelar, o secretário de Turismo da Bahia. E quando junta tudo isso, mais sol e praia e a gastronomia com o tempero do dendê, a preferência geral dispara.
Sexta última Maurício reuniu a imprensa no Cuca Bistrô, no Terreiro de Jesus, coração do Centro Histórico de Salvador, para festejar o bom momento que a Bahia vive no setor – só em junho, um crescimento de 19,2%, quase cinco vezes a média do país, de 3,9%.
SINCRETISMO— E afinal, o que há de novo na cena para justificar tal crescimento? Para além das ações visando ampliar a acessibilidade, especialmente aérea, nacional e internacional, Maurício aponta três vertentes que só crescem: o turismo religioso com Irmã Dulce à frente, o avistamento de baleias e aves e o chocolate.
— Claro que no turismo religioso já temos componentes seculares, como o sincretismo.
Aqui, as religiões de matriz africana se embolam com o catolicismo. E se historicamente já temos a Festa do Bom Jesus, na Lapa, a Festa da Boa Morte, em Cachoeira, a de Monte Santo e o Bonfim em Salvador, agora vem Irmã Dulce com uma força expressiva.
SOL E PRAIA — Compreensível. Conta Maurício que Irmã Dulce foi canonizada em 12 de outubro de 2019, na boca da pandemia. Só agora, no pós covid, ela esbanja o potencial. Castro Alves já fez um santuário cuja visitação só cresce, Boa Vista do Tupimidem, e o Largo de Roma, onde fica o santuário da Santa Dulce, em Salvador, com uma bela estátua da santa na praça, vê a cada dia mais gente.
— Irmã Dulce é uma santa do nosso tempo, e se encontrou aqui na Bahia com dois outros santos, Santa Madre Tereza de Calcutá e São João Paulo. Isso pesa muito a favor.
Os louvores à santa baiana ganharam um ingrediente novo, o 16 de agosto, como Dia de Irmã Dulce. Somado ao fato de que ela foi canonizada em 12 de outubro, o calendário da religiosidade baiana está prestes a inserir o período como mais um nicho cultural.
Ressalva: no sincretismo religioso tem tudo que o turista quer, a gastronomia, as artes plásticas e a música, com direito a sacolejar o bumbum.