A crise de talentos na Bahia

“Guerra de talentos”, “Apagão de Candidatos”...! As empresas baianas têm sido criativas para denominar e enfrentar o desafio de encontrar profissionais qualificados na atual crise de candidatos. A escassez de mão de obra reflete em diversos setores, comprometendo o potencial de crescimento e a competitividade do estado.

Há uma grande divergência entre a demanda das empresas por profissionais especializados e a oferta de trabalhadores com boas qualificações ou predisposição para o trabalho formal. Especialistas em R&S, constatam a dificuldade em todos os segmentos e níveis hierárquicos. A resistência das novas gerações para a CLT, a falta de políticas de gestão atrativas nas empresas, a Pejotização e a precarização do trabalho iniciada pelas big techs, aliada ao incentivo deliberado ao caminho do “Empreendedorismo” são alguns dos fatores que desencadeiam essa crise.

Na Bahia, a taxa de jovens que não estudam nem trabalham, a chamada geração “nem-nem” é de aproximadamente 22,2%, que representa 758.000 jovens, entre 15 a 19 anos, segundo o IBGE (2024), uma situação que atinge principalmente jovens negros. Observamos a popularização do termo afroempreendedorismo, mas também precisamos falar de afro empregabilidade, considerando a necessidade de carreiras seguras e sustentáveis para esses jovens, de acordo com suas competências e habilidades, mas principalmente alinhadas às necessidades do mercado. Além disso, há uma mentalidade precocemente estabelecida formando jovens convictos de que o regime celetista é ruim para suas vidas. A CLT virou sinônimo de fracasso. Um movimento perigoso para o mercado e para a economia, por isso, a orientação profissional torna-se fundamental ainda na fase escolar para preparar as novas gerações para o trabalho, conectando a escola às necessidades do setor produtivo.

A valorização do capital humano se tornou uma urgência nas organizações. As empresas finalmente compreendem que precisam reinventar políticas de RH para se tornarem mais atrativas e interessantes para o novo perfil profissional. O ambiente de trabalho, a flexibilidade e a oportunidade de crescimento profissional são fatores decisivos para atrair e manter talentos motivados nas empresas da Bahia, especialmente entre as novas gerações de profissionais.

Esse é o momento do RH! Organizações que incentivam a busca por conhecimento, desenvolvimento e crescimento profissional, tendem a atrair e manter seus talentos motivados por mais tempo. Desde o recrutamento, a cultura organizacional deve respeitar e valorizar o profissional e proporcionar ambiente seguro, saudável e produtivo, contribuindo decisivamente para os resultados organizacionais.

*Alcina Mendes é sócia da Limiarh Consultoria Ltda